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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

09.01.24

Palavras que deveriam "ficar"

Foureaux

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Diz o calendário que hoje se comemora o dia do fico. As minúsculas não expressam, aqui, menosprezo pela data ou desrespeito pela História. É simplesmente um ato de escrita descompromissada. Com toda certeza há documentos, em papel, guardados em algum lugar que comprovam a ocorrência deste fato: o dia do fico. Na verdade, este é o objetivo da História: relatar fatos. E o faz usando relatos que se consubstanciam através de palavras. assim numa ilação nem um pouco alucinada, pode-se concluir que fatos e palavras são concretos, ainda que manipuláveis pelo relato. Historiadores de verdade vão relatar – de maneiras várias, claro está, isso vai depender de seu objetivo e da “chave” de leitura que vau usar para abrir as portas do passado! – este fato sem nenhuma preocupação para além de, no máximo, analisá-lo. Já algum “historiador” supremacista, heterossexual, branco, androcêntrico e misógino há de encontrar cabelo em casca de ovo para desandar com tudo e dizer que o dia do fico não passou de um “gópi”. Pelo sim, pelo não, fico, como na História com os fatos. No meu caso, as palavras e são duas que podem dizer muito do que está por detrás de toda esta falação. Aí vão elas (o grifo é meu):

Democracia: substantivo feminino. Governo em que o poder é exercido pelo povo. Regime que se baseia na ideia de liberdade e de soberania popular através dos quais não há desigualdades ou privilégios entre classes: a democracia, em oposição à ditadura, permite que os cidadãos se expressem livremente.Sistema governamental e político em que os dirigentes são escolhidos através de eleições populares (...). Nação ou país cujos preceitos se baseiam no sistema democrático. Etimologia (origem da palavra democracia): a palavra democracia deriva do grego “demokratia,as”, pela junção de “demos”, que significa povo, e “kratía”, com sentido de poder, de força.

Povo: substantivo masculino. Conjunto das pessoas que vivem em sociedade, compartilham a mesma língua, possuem os mesmos hábitos, tradições, e estão sujeitas às mesmas leis. Conjunto dos cidadãos de um país em relação aos seus governantes: um presidente que governa para o povo. Conjunto de indivíduos que constituem uma nação. Conjunto de pessoas que, embora não habitem o mesmo lugar, possuem características em comum, falando de origem, religião etc. Conjunto de pessoas que compõem a classe mais pobre de uma sociedade; plebe. Pequena aldeia; lugarejo, aldeia, vila. Público, considerado em seu conjunto.Quantidade excessiva de gente; multidão. [Popular] Quem faz parte do que se considera família ou é considerado dessa forma: cheguei e trouxe meu povo! Substantivo masculino plural (povos): conjunto de países, falando em relação à maioria deles: os povos sul-americanos sofreram com as invasões europeias.Designação da raça humana, de todas as pessoas: esperamos que os povos se juntem para melhorar o planeta. Etimologia (origem da palavra povo). A palavra povo deriva do latim “populus,i”, com o mesmo sentido “povo”.

As fontes:

https://www.dicio.com.br/democracia/#:~:text=Significado%20de%20Democracia,os%20cidadãos%20se%20expressem%20livremente

https://www.dicio.com.br/povo/ 

09.11.23

Três palavras: um universo

Foureaux

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Denegrir
: verbo transitivo direto e pronominal. Significa tornar escuro, com aspecto obscuro, sem brilho; obscurecer: a sujeira denegria os móveis (em sentido figurado). Manchar a reputação de algo ou de alguém; difamar (esta acepção pode ser considerada ofensiva): os boatos denegriram a imagem da empresa; ele se denegriu com o escândalo de corrupção. Reduzir a transparência de; manchar-se: denegrir um tecido.Etimologia (origem da palavra denegrir). O verbo denegrir tem sua origem do latim “denigrare”, que significa manchar a reputação de alguém ou tirar o mérito de.

Buraco negro: é uma região do espaço-tempo em que o campo gravitacional é tão intenso que nada – nenhuma partícula ou Radiação eletromagnética como a luz – pode escapar.

Criado-mudo: substantivo masculino. Móvel pequeno colocado ao lado da cabeceira da cama; mesa de cabeceira. Etimologia (origem da palavra criado-mudo). A palavra criado mudo deriva da junção de criado, e mudo; por influência do inglês dumbwaiter.

É preciso voltar a ensinar a Língua Portuguesa logo depois da alfabetização. Neste ensino, é mais que urgente enfatizar que existe a possibilidade de dois sentidos para TODAS as palavras e construções sintáticas que a partir da sua articulação é possível pensar. Além disso, quando se lê, fala ou escreve, há que SEMPRE considerar o contexto para que obscenidades linguísticas não venham a perpetuar-se no âmbito da comunicação como, infelizmente, vem acontecendo.

05.08.23

Manipulação

Foureaux

Unknown.jpegA postagem de hoje é mero resultado do famigerado seleciona-copia-cola. Tão prático, tão falacioso. Tão útil para a minha preguiça. Tirei de uma postagem do Twitter, da página de um médico cujas publicações sempre me interessam por inteligentes, sagazes, sarcásticas (às vezes), sempre acertadas. Fica, portanto, assentado que é apenas isso. Não custa insistir no fato de que o simples compartilhamento não significa a absoluta e irrecorrível concordância com o conteúdo do que é partilhado. Claro está que entre o branco e o preto há muitos tons de cinza – para além das outras cores. Punto i basta!

“Manipulam a narrativa de privilégios e chamam de direitos.

Manipulam a narrativa de trabalhos forçados e chamam de contribuições & impostos.

Manipulam a narrativa de propriedade privada e chamam de função social.

Manipulam a narrativa de pensamento independente e chamam de subversão.

Manipulam a narrativa de centralização da censura e chamam de democracia.

Manipulam a narrativa de tratamento precoce e chamam de negacionismo.

Manipulam a narrativa de risco imunológico e chamam de vacina.

Manipulam a narrativa de transtornos psiquiátricos e chamam de mais políticas inclusivas.

Manipulam a narrativa de p3dofilia e chamam de preferência.

Manipulam a narrativa de assassinato de crianças e chamam de controle de natalidade.

Manipulam a narrativa de masculinidade e chamam de machismo.

Manipulam a narrativa de conhecimento e chamam de arrogância.

Manipulam a narrativa de burrice e chamam de humildade.

Manipulam a narrativa de força e chamam de risco.

Manipulam a narrativa de preguiça e chamam de felicidade.

Manipulam a narrativa de sucesso e chamam de opressão.

Manipulam a narrativa de barbárie e chamam de tolerância.

Pare de ser manipulado.

10:53 AM – 4 de ago de 2023.”

26.07.23

Palavras

Foureaux

Li, não sei onde, já não me lembro, o trecho que segue. A curiosidade me foi aguçada pela rapidíssima análise etimológica da palavra “família”. Gosto de palavras. Gosto mais ainda do que se pode descobrir nelas, com elas e através delas, para não dizer dentro “delas”. Se é que palavra tem lado de dentro e lado de fora. Vai saber... De um jeito ou de outro, como diz o ditado: é o que temos pra hoje... A própria palavra “família” compartilha uma raiz com o termo latino famulus, ou seja, o “escravizado doméstico, por intermédio da família, que originalmente se referia a todos aqueles sob a autoridade doméstica do pater familias, do chefe da casa (sempre um homem). Por sua vez, domus, a palavra latina para “casa”, nos deu só “doméstico” e “domesticado”, mas também dominium, o termo técnico que designava tanto a soberania do imperador como o poder de um cidadão sobre suas propriedades particulares. Por essa via chegamos às noções (literalmente “familiares”) do que significa ser “dominante”, ter “domínio” e “dominar”. Avancemos um pouco nessa linha de pensamento.

26.04.23

Palavras

Foureaux

Desde que me entendo por gente sei que a Língua Portuguesa é uma língua viva. Logo, por via de consequência, tudo o que nela se cria é passível de explicação, de esclarecimento. Um dos instrumentos para isso é o estudo da composição das palavras. Nem todas as palavras da Língua Portuguesa são simples. Ou seja, algumas são formadas pela junção de dois (ou mais) elementos. Por exemplo: Filosofia é o nome de uma disciplina (ou ciência, a escolha ainda é livre!) que em sua formação junta dois elementos philo e sophia. Ambos são originários do Grego. Philo quer dizer “amizade, amor fraterno”, sophia quer dizer “sabedoria”. Filosofia, portanto, significa “amizade pela sabedoria”. Claro está que este é o sentido etimológico do termo, o que não impede que outras maneiras de identificar o significado dele sejam possíveis. Falo disso por penso em quatro palavrinhas esquisitas: Escopofobia (medo de ser olhado ou encarado por outras pessoas), Agorafobia (medo e/ou ansiedade de ficar em situações ou locais sem uma maneira de escapar facilmente; medo de grandes áreas abertas); Fagofobia (condição psiquiátrica caracterizada pelo medo de sufocar ou engasgar ao engolir alimentos ou comprimidos). É necessário notar que as três palavrinhas esquisitas têm seu sentido resultante da sua composição com dois elementos, a saber, pela ordem: escopo+fobia, agora+fobia, fagos+fobia. Não estou dando aula de Morfologia, em seu capítulo dedicado à formação de palavras. Por conta disso, dirijo o foco de minhas elucubrações sobre o segundo elemento composicional – fobia. Esta palavra é originária do termo grego phóbos que significa ação de horrorizar, amedrontar, dar medo + -ia, partícula que remete à ideia de organização, sistematização, ordenamento. Em outras palavras, fobia é o termo que indica medo exagerado de algo ou de alguma situação. Gera no indivíduo uma sensação de terror, pânico, ansiedade e perturbação. Ora, ora, ora... Fica mais que cristalinamente claro que todas as palavras que carregam em sua forma o elemento composicional “fobos”, como nos exemplos apresentador, vai ter em seu sentido a ideia de medo. Isso é mito importante para o que desejo, de fato, comentar. Dadas estas diretrizes de raciocínio, vamos considerar três palavrinhas, igualmente esquisitas (ainda que não pela mesma razão). Elas andam circulando serelepes e fagueiras nas “bocas de matildes” que pululam pela face do rincão nacional, para não dizer do planeta. São elas: gordofobia, homofobia e transfobia. Seguindo o raciocínio anterior (sempre lembrando que posso estar redondamente enganado e tendo a certeza de que vou desagradar a muita gente, mas isso não me importa... mesmo!), creio não estar equivocado ao afirmar que gordofobia é medo de gordos/as ou de gordura; homofobia é medo de homossexuais e transfobia é medo de pessoas trans (alguém em sã consciência e de posse de todas as faculdades mentais equilibradamente em funcionamento pode explicar o que é, de fato, isso?). Estou certo? Estou errado? Se é assim, uma pessoa não pode ser presa, criminalizada, escorraçada, isolada, punida por “ser” gordofóbico, homofóbico ou transfóbico. Por uma questão de etimologia, de processos de formação de palavras e de morfologia, essas pessoas identificam pessoas ou situações que têm medo. Não são pessoas que cometem crimes ou ofendem a quem quer que seja. Elas têm medo. Pode ser que os doutos conhecedores de tudo, sempre de plantão para suplantar elucubrações como as minhas, venham a desferir um golpe mortal sobre a minha pretensão obtusa (para eles!). Ou seja, Pessoas que têm medo de fordos/as ou de gordura, de homossexuais e de pessoas trans, podem, em função deste medo, cometer crimes de sectarismo, de ofensa à pessoa humana, ou crimes de outra natureza que o judiciário venha a determinar como tal (é assim que as coisas andam acontecendo aqui nos estados unidos de bruzundanga). Com raiva ou medo (para esses “doutos” dá no mesmo) o resto da humanidade tem que se calar sobre um fato linguístico, ainda que passível de diversa interpretação discursiva. Creio que é possível comparar esta situação com a incrível abstração de acreditar (e querer impor esta crença) na existência de mais de dois sexos, BIOLOGICAMENTE determinados: o masculino (XY) e o feminino (XX). Talvez eu devesse inverter a ordem destes dois nomes, para não ser acusado de misoginia. Mas vou deixar assim como está. Pressinto que as pedras vão começar a cair assim que a postagem “for ao ar”. mais não digo!

13.12.21

Palavras outras

Foureaux

Chato.jpegSignificar, como verbo transitivo direto significa querer dizer; apresentar-se como expressão de; exprimir, traduzir. Por força de derivação por prefixação, resinificar é um verbo transitivo que caracteriza a ação de atribuir um novo significado a algo ou alguém. A ressignificação é um elemento importante no processo criativo, em que a habilidade de atribuir novas importâncias a um evento comum se torna útil e propicia prazer às pessoas. Claro está que esta “definição” não foi retirada do Houaiss. Copiei da “rede”. Entretanto, serve para o meu propósito aqui. É preciso, para isso, prestar atenção na ideia principal do verbo. Em seguida, atente-se para o fato de que o prefixo aposto ao verbo, faz dele a expressão de um ato repetitivo, de reforço de seu próprio significado. Ou seja, o prefixo aglutina ao sentido original do verbo o aspecto positivo de seu significado. Em outras palavras, o verbo prefixado, em sua forma derivada, faz com que o senso de positividade carregado pela forma original se faz reafirmada, confirmada, repetida. Por isso mesmo reforçada. Essa volta toda é só para enfeitar um pouco a minha estranheza ao escutar numa estação de rádio a mocinha – decerto, muito orgulhosa de seu diploma em jornalismo, obtido com muito esforço, muita cachaça e a ajuda preciosa de uma bolsa do prouni, reuni ou qualquer uma dessas muletas que ululam por aí, em nome de uma suposta “democratização” do ensino superior. Meu ponto de fuga não é esse. O que me interessa é comentar o esquisito uso feito por essa mocinha, na tal estação de rádio, quando fala, com todos os “esses” e “erres”, sobre a importância e a qualidade da “ressignificação dos traumas”. Não prestei atenção ao que a mocinha tinha falado antes. Creio que não interessava mesmo. Esta expressão, só esta expressão em si, já denota a “qualidade” da formação da mocinha. Resignificar trama. Em sã consciência, qualquer pessoa seria capaz, no uso de suas faculdades mentais, investir esforços para resignificar um trauma. Que eu saiba, trauma, a gente cura, se livra dele, o ultrapassa. Trauma, por força de sua própria natureza, é algo incômodo, ruim, que faz sofrer, que não causa alegria a ninguém. Posso estar enganado, é claro. Ainda assim, continuo estupefato com a sonora e presunçosa afirmação da mocinha. Há miríades de pessoas que fazem o mesmo uso e se sentem absolutamente felizes e brilhantes como celebridades em sua ofuscante ignorância. Repito, posso estar enganado. Ainda assim,mantenho a minha chatice.

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