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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

11.04.24

Fragmento

Foureaux

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Mexendo no meu computador – já velho, que não reconhece certos arquivos, que me impede de abrir outros tantos e que vai ficando cada vez mais lento – encontrei este fragmento. Já não sei se fui eu mesmo quem o escreveu. Já não sei se copiei de algum lugar. Para evitar dores de cabeça, vai entre aspas. Se, por acaso, não fui eu o autor, e se, por acaso, o autor o reconhecer... faça—me saber.

“Existe, creio que atavicamente, um traço distintivo no ser humano: a sede de ser o primeiro. Tenho dúvidas sobre ser “sede” o termo correto. Talvez desejo soasse melhor ou faria mais sentido ou daria mais consistência à ideia exposta. Tanto faz. Aqui, qualquer uma das formas vai dizer a que veio. Esta sede permeia quase todas as atitudes do ser humano. Há um grupo, num certo lugar que, num determinado – pelo próprio grupo – momento, resolveu inventar uma coisa. Não há necessidade de se dizer que coisa é essa. Fato é que a coisa foi inventada pelos elementos que compunham o grupo, num sentido mais estrito. Na verdade, o grupo era mais numeroso. A invenção, no entanto, era peculiaridade do pequeno conjunto. A coisa foi inventada e divulgada, tomou forma e corpo. Alçou voo e alcançou outros rincões mundo a fora. Sua genuinidade pode ser questionada, por óbvio. Faz tempo que o conceito de originalidade vem perdendo força, eficácia, eficiência, relevância... A invenção persiste. Assim, pensar no primeiro, no original, no início é exercício filosófico de monta. Ser da primeira turma que cursou um programa de disciplinas diferente por conta de uma reforma de ensino. Ser da primeira turma da graduação em Língua Portuguesa que, antes, só oferecia Licenciaturas duplas. Ir pela primeira vez a um determinado local e, no primeiro quilômetro deste local, sofrer uma acidente. Ser o primeiro classificado em primeiro lugar num concurso público. Ser o primeiro... este exercício pode encher de orgulho e empáfia um sujeito que não esteja atento ao que se passa à sua volta. Dizer “sou o primeiro” é motivo de reprovação ou vergonha? Depende. O contrário também depende. Tudo é relativo, sobretudo no discurso. O contexto pode modificar a simplicidade de uma assertiva, tornando-a profundamente ofensiva, e até criminal, quando é o caso. E há muitos casos... O que importa, no entanto, é saber que a sensação de ser o primeiro não é ruim. Nada ruim. Há que se procurar certa sabedoria intrínseca, implícita e intuitiva, para não se deixar engambelar pelo “canto de sereia” da vaidade que leva o sujeito à ruína. Nem sempre, mas leva. Nem sempre é simples.”

09.04.24

Palavra

Foureaux

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Depois de um intervalo alongado, volto com uma postagem, digamos, enigmática. Há que ler com olhos de ver e pensar, inclusive em voz alta, com ouvidos de ouvir. Para bom entender, um pingo é letra!

Ameaça, substantivo feminino que tem três acepções no Houaiss: fato, ação, gesto ou palavra que intimida ou atemoriza; indício de acontecimento desfavorável ou maléfico, sinal; ato que ficou ou ainda está no princípio; intenção. A etimologia da palavra mostra que o vocábulo se origina do latim vulgar minacia do adjetivo que significa ‘iminente’ (com aglutinação do artigo).

Então, repetindo: ameaça é um substantivo feminino que identifica palavra, ato, gesto pelos quais se exprime a vontade que se tem de fazer mal a alguém; intimidação; sinal, manifestação que leva a acreditar na possibilidade de ocorrer alguma coisa, ou sinal de que algo ruim ou prejudicial pode acontecer.

Entenda quem quiser e/ou puder... e se puder e/ou quiser...

09.01.24

Palavras que deveriam "ficar"

Foureaux

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Diz o calendário que hoje se comemora o dia do fico. As minúsculas não expressam, aqui, menosprezo pela data ou desrespeito pela História. É simplesmente um ato de escrita descompromissada. Com toda certeza há documentos, em papel, guardados em algum lugar que comprovam a ocorrência deste fato: o dia do fico. Na verdade, este é o objetivo da História: relatar fatos. E o faz usando relatos que se consubstanciam através de palavras. assim numa ilação nem um pouco alucinada, pode-se concluir que fatos e palavras são concretos, ainda que manipuláveis pelo relato. Historiadores de verdade vão relatar – de maneiras várias, claro está, isso vai depender de seu objetivo e da “chave” de leitura que vau usar para abrir as portas do passado! – este fato sem nenhuma preocupação para além de, no máximo, analisá-lo. Já algum “historiador” supremacista, heterossexual, branco, androcêntrico e misógino há de encontrar cabelo em casca de ovo para desandar com tudo e dizer que o dia do fico não passou de um “gópi”. Pelo sim, pelo não, fico, como na História com os fatos. No meu caso, as palavras e são duas que podem dizer muito do que está por detrás de toda esta falação. Aí vão elas (o grifo é meu):

Democracia: substantivo feminino. Governo em que o poder é exercido pelo povo. Regime que se baseia na ideia de liberdade e de soberania popular através dos quais não há desigualdades ou privilégios entre classes: a democracia, em oposição à ditadura, permite que os cidadãos se expressem livremente.Sistema governamental e político em que os dirigentes são escolhidos através de eleições populares (...). Nação ou país cujos preceitos se baseiam no sistema democrático. Etimologia (origem da palavra democracia): a palavra democracia deriva do grego “demokratia,as”, pela junção de “demos”, que significa povo, e “kratía”, com sentido de poder, de força.

Povo: substantivo masculino. Conjunto das pessoas que vivem em sociedade, compartilham a mesma língua, possuem os mesmos hábitos, tradições, e estão sujeitas às mesmas leis. Conjunto dos cidadãos de um país em relação aos seus governantes: um presidente que governa para o povo. Conjunto de indivíduos que constituem uma nação. Conjunto de pessoas que, embora não habitem o mesmo lugar, possuem características em comum, falando de origem, religião etc. Conjunto de pessoas que compõem a classe mais pobre de uma sociedade; plebe. Pequena aldeia; lugarejo, aldeia, vila. Público, considerado em seu conjunto.Quantidade excessiva de gente; multidão. [Popular] Quem faz parte do que se considera família ou é considerado dessa forma: cheguei e trouxe meu povo! Substantivo masculino plural (povos): conjunto de países, falando em relação à maioria deles: os povos sul-americanos sofreram com as invasões europeias.Designação da raça humana, de todas as pessoas: esperamos que os povos se juntem para melhorar o planeta. Etimologia (origem da palavra povo). A palavra povo deriva do latim “populus,i”, com o mesmo sentido “povo”.

As fontes:

https://www.dicio.com.br/democracia/#:~:text=Significado%20de%20Democracia,os%20cidadãos%20se%20expressem%20livremente

https://www.dicio.com.br/povo/ 

26.07.23

Palavras

Foureaux

Li, não sei onde, já não me lembro, o trecho que segue. A curiosidade me foi aguçada pela rapidíssima análise etimológica da palavra “família”. Gosto de palavras. Gosto mais ainda do que se pode descobrir nelas, com elas e através delas, para não dizer dentro “delas”. Se é que palavra tem lado de dentro e lado de fora. Vai saber... De um jeito ou de outro, como diz o ditado: é o que temos pra hoje... A própria palavra “família” compartilha uma raiz com o termo latino famulus, ou seja, o “escravizado doméstico, por intermédio da família, que originalmente se referia a todos aqueles sob a autoridade doméstica do pater familias, do chefe da casa (sempre um homem). Por sua vez, domus, a palavra latina para “casa”, nos deu só “doméstico” e “domesticado”, mas também dominium, o termo técnico que designava tanto a soberania do imperador como o poder de um cidadão sobre suas propriedades particulares. Por essa via chegamos às noções (literalmente “familiares”) do que significa ser “dominante”, ter “domínio” e “dominar”. Avancemos um pouco nessa linha de pensamento.

22.06.23

Letras

Foureaux

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A postagem de hoje é curta, ainda que tenha muito tempo que não compartilho nada... Vi no Instagram, na página do Jerônimo do sertão (que sumiu...!). Gostei. Desconheço a autoria.

Compartilho...

Um sábio uma vez disse:

mal tem três letras, bem, também.

ódio tem quatro letras, amor, também;

chorar tem seis letras, sorrir, também;

mentira tem sete letras, verdade, também;

negatividade tem doze letras, positividade, também;

A vida tem dois lados: escolha o melhor.

 

13.12.21

Palavras outras

Foureaux

Chato.jpegSignificar, como verbo transitivo direto significa querer dizer; apresentar-se como expressão de; exprimir, traduzir. Por força de derivação por prefixação, resinificar é um verbo transitivo que caracteriza a ação de atribuir um novo significado a algo ou alguém. A ressignificação é um elemento importante no processo criativo, em que a habilidade de atribuir novas importâncias a um evento comum se torna útil e propicia prazer às pessoas. Claro está que esta “definição” não foi retirada do Houaiss. Copiei da “rede”. Entretanto, serve para o meu propósito aqui. É preciso, para isso, prestar atenção na ideia principal do verbo. Em seguida, atente-se para o fato de que o prefixo aposto ao verbo, faz dele a expressão de um ato repetitivo, de reforço de seu próprio significado. Ou seja, o prefixo aglutina ao sentido original do verbo o aspecto positivo de seu significado. Em outras palavras, o verbo prefixado, em sua forma derivada, faz com que o senso de positividade carregado pela forma original se faz reafirmada, confirmada, repetida. Por isso mesmo reforçada. Essa volta toda é só para enfeitar um pouco a minha estranheza ao escutar numa estação de rádio a mocinha – decerto, muito orgulhosa de seu diploma em jornalismo, obtido com muito esforço, muita cachaça e a ajuda preciosa de uma bolsa do prouni, reuni ou qualquer uma dessas muletas que ululam por aí, em nome de uma suposta “democratização” do ensino superior. Meu ponto de fuga não é esse. O que me interessa é comentar o esquisito uso feito por essa mocinha, na tal estação de rádio, quando fala, com todos os “esses” e “erres”, sobre a importância e a qualidade da “ressignificação dos traumas”. Não prestei atenção ao que a mocinha tinha falado antes. Creio que não interessava mesmo. Esta expressão, só esta expressão em si, já denota a “qualidade” da formação da mocinha. Resignificar trama. Em sã consciência, qualquer pessoa seria capaz, no uso de suas faculdades mentais, investir esforços para resignificar um trauma. Que eu saiba, trauma, a gente cura, se livra dele, o ultrapassa. Trauma, por força de sua própria natureza, é algo incômodo, ruim, que faz sofrer, que não causa alegria a ninguém. Posso estar enganado, é claro. Ainda assim, continuo estupefato com a sonora e presunçosa afirmação da mocinha. Há miríades de pessoas que fazem o mesmo uso e se sentem absolutamente felizes e brilhantes como celebridades em sua ofuscante ignorância. Repito, posso estar enganado. Ainda assim,mantenho a minha chatice.

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