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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

01.06.23

Definitivamente, não gosto de domingo. É o dia mais bobo da semana. Sempre. Quando trabalhava, o domingo era a certeza de que no dia seguinte tudo ia se repetir, do mesmo jeito, no mesmo ritmo. as mesmas chatices e manhas. Os mesmos dissabores e arrependimentos. A mesma canseira. Tudo igual. Pior era quando as aulas começavam às sete e meia da manhã. Teoricamente apenas. apenas nos primeiros anos, na segunda universidade em que trabalhei, os alunos chegavam no horário. Talvez por conta da “novidade”: professor novo “na casa”. Ai como essa expressão me incomodava! Lá no Sul era diferente. As aulas eram “corridas”. Todas no mesmo dia. Não tinha esse negócio de duas aulinhas hoje e duas na depois de amanhã. Horário corrido: mais inteligente, mas eficaz, mais rentável. Hoje isso não “cola”. A geração floco de neve não aguenta. O professorado, infelizmente, em boa parte dele, não tem condições de manter o ritmo necessário. Outros tempos. Isso se deve, por evidente, à minha chatice. A ela também s deve a observação de coisas corriqueiras às quais quase não se dá atenção. Por exemplo: por que a maioria das pessoas que anda pelas ruas não caminha no meio fio, mas na pista de rolamento do tráfego? Ou por outras: por que as pessoas preferem atravessar uma rua ou avenida pela pista, sem sinalização para tanto, bem embaixo de uma passarela para pedestres? Outra coisa que observei mais recentemente tem a ver com velórios. Assunto desagradável, triste, pesado, mas vá lá... É “moda” agora velório curto. Dependendo a empresa que administra o “campo”, há sempre um violinista tocando no jardim que entra para as salas de velório na hora de sair o féretro (popularmente conhecida como a hora de fechar o caixão). No entanto, o mais esdrúxulo é a quantidade de comida e bebida que fica disponível na “sala de descanso” da mesma sala de velório. Se o velório é curto, para quê a quantidade enorme de comida? E outra: as pessoas vão a velório pra comer e tomar café? Penso que não se trata de um ambiente para socialização, no sentido mais estrito do termo e da prática. Mas... De novo, a minha chatice. E há otras cositas. Gente que ocupa duas vagas de estacionamento no meio fio, quando poderia, muito bem, com pouco esforço, mas alguma inteligência, ocupar apenas uma. Gente que entra no supermercado pela passagem dos caixas de pagamento: será que elas não sabem que existe uma “entrada” propriamente dita? Por falar em supermercado, por que há tantos caixas se apenas dois ou três funcionam, mesmo nos horários de grande movimento. Há sempre uma quantidade considerável de “funcionários” – em seus mais variados estatutos na empresa – conversando, andando de lá para cá, fazendo nada... Pois é... faço jus ao epíteto que eu mesmo me dei: chato.

25.05.23

Faz quatro dias que estou pensando se deveria ou não publicar o texto (imenso) que segue. Não sou seu autor! O temor se justifica. Nos dias que correm, se eu disser que não gosto de "A" levo boa parte da população do planeta a entender  que gosto de "B". Assim, em termos absolutos e excludentes. Não é preciso dose elevada de bom senso para perceber a imbecilidade que posição assim radical representa. Não vou discutir a semântica dos termos nem sua reverberação discursivo-ideolóica por pura preguiça. Vou, simplesmente, compartilhar o texto (que me fez pensar. Só Isso! Fez pensar! Isso não quer dizer que eu concorde ou discorde dele!!!). Quem ler que pense o que quiser. Já fui "cancelado" por pessoas queridas por fazer isso. Já perdi amigos que pensei gostarem de mim. Isso é triste, irreversível (sobretudo para quem me cortou). Como eu não aprendo e adoro uma provocação, resolvi partilhar o texto. E repito: este ato não representa minha concordância ou discordância. Não "decidam" o meu destino por conta deste texto. Leiam-no e pensem. Basta isso: PENSAR!

[3/5 18:02] Celso Hecke: Caramba, nunca li um textão com tanto gosto.

O último que ler, apague a luz!

KAMIZOLA

O isolamento de Alexandre de Moraes.*

Análise de Junior Magalhães

Bel. em Direito Federal, de Alagoas, pós graduado em ciências criminais, historiador pela Universidade do Estado do Paraná, professor licenciado pela Universidade Federal do Paraná, pós graduado em teologia sistemática e história das religiões, Teólogo pelo Instituto Edu com mestrado em Teologia e Sociologia.

Durante o período eleitoral assistimos uma batalha entre STF X Bolsonaro. De um lado 9 ministros votando em conjunto contra dois ministros indicados por Bolsonaro. Destes 9 ministros percebíamos claramente que havia um certo desconforto para cinco deles. Lembrem-se de Tofolli que evitava dar entrevistas e quando Presidente do STF travou investigações contra Flavio Bolsonaro. Lembremos de Fux que quando Presidente do STF agiu de forma também a evitar confrontos com Bolsonaro e buscava apaziguar a tensão entre poderes. Rosa Weber que também sempre consultou a PGR antes de qualquer decisão. Outra ministra, Carmem Lúcia, estava visivelmente desconfortável no TSE e votava constrangida pela censura prévia sempre ponderando. E lembremos de Fachin que, após tornar Lula elegível, desapareceu dos holofotes e se escondeu totalmente do incêndio vermelho.

Mas havia quatro elementos que incendiaram o Brasil: Alexandre de Moraes do PSDB, Gilmar Mendes do PSDB, Roberto Barroso (Ministro da ala do PT mais radical) e Lewandowski (real escudeiro de Lula em todos os processos). Após as eleições, o pacto era apenas dar a vitória ao Lula no grande acordo nacional entre PT, antigo PSDB hoje PSB e antigo PMDB hoje MDB. Sarney, Renan, Barbalho e todas as oligarquias emedebistas se uniam. Ali estavam os ex-presidentes ou líderes do Senado de 1994 até 2018. Este Partido que, até 2018, possuía a maior bancada de deputados e Senadores e dominavam metade das prefeituras do Brasil e dos governos estaduais, inclusive o Rio de Janeiro. Também havia a presença do antigo Tucanato (hoje PSB). Alckim, Serra, FHC, Dória e Aécio Neves. Estes que, de 1994 até 2014, disputaram todos os segundos turnos das eleições a nível federal e que comandavam os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná durante décadas e que possuíam sempre uma bancada forte no congresso tanto no Senado como na Câmara. Além deles, estava o PT como Partido que, além de governar o Brasil, também governou Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia por muito tempo. Só estes três grupos dominavam os Estados do centro sul e os Estados da Bahia, Pernambuco (únicos com relevância no Nordeste). Estes Partidos possuíam as capitais das principais cidades. Mas toda esta união ainda não era suficiente para derrotar a direita. Foi necessário que os Petistas e Tucanos ainda pedissem ajuda a terceira via: Marina Silva, Rede Sustentabilidade (antiga Ministra do PT), duas vezes terceira colocada nas eleições presidenciais.

Toda a classe política da antiga República se unia em um ato de desespero. Já haviam perdido o congresso em que o PSB só elegeria 11 deputados, o MDB pouco mais de 20, o PT criava uma federação com PV, PC do B para eleger 80. No Senado a derrota era flagrante. Para piorar, a direita vencia em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. No Rio Grande do Sul, um progressista vencia, mas era neoliberal para desespero petista. A extrema esquerda do Psol deixava de criticar o PT para apoiar. O Sistema se desesperou e assistimos a velha mídia e estes senhores mostrarem sua verdadeira face. Censuraram da forma mais descarada, prenderam, demonetizaram, sequestraram patriotas e os torturaram com a total penitência da OAB e do MP que simbolizava uma luta pelos direitos humanos. Pensaram em vencer de qualquer forma, mas esqueceram do dia depois do amanhã. Lula assume o país com promessas vazias e precisa cumprir o que ele já sabia que não poderia cumprir. A Aliança entre estes Partidos acabou. Agora o “todos contra todos” reina. O desgoverno precisará lidar com uma guerra que a cada dia lança o mundo em uma recessão e vai ter que explicar para o Brasil que a pandemia já está sendo bem esclarecida fora do Brasil. Como retardar as informações que circulam na Europa e nos EUA e chegam ao Brasil? Lula venceu as eleições com 40% contra 39% de Bolsonaro (segundo as urnas), enquanto 21% sequer foi votar ou votou em branco e nulo. Lula ganhou somente no Nordeste, entre os de menor poder aquisitivo. Como manter o povo enganado? Ministros do Supremo já ensaiam a saída do barco. Ministro Dias Tofolli mandou arquivar todos os processos da CPI da Covid que chamava Bolsonaro de genocida. Carmen Lucia enviou, ao primeiro grau, 7 e depois mais três ações totalizando 10 que havia contra Bolsonaro e que por certo vão prescrever. Lewandowski arquivou todos os processos do 7 de setembro. Barroso resolveu arquivar processos de suposta interferência de Bolsonaro na Petrobrás. E como ficam Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes? Estão isolados, esperando o congresso, que vai abrir a CPMI, para apurar o vandalismo de 8 de janeiro e vai pautar o mandato de 8 anos para ministros do STF. Congresso que já fala em voto auditável como certo.

Por que Alexandre de Moraes está mandando soltar presos? Eram 4 mil detentos extraoficialmente; caiu para 1700, agora são 800. O que tá ocorrendo? No xadrez da política, agora, o Lula precisa de tempo que não tem... Já não tinha nem 40% e este número vai caindo mais e mais. Um governo derretendo.

Como acalmar a direita? Como deixar o povo mais tranquilo? Como conciliar tantos interesses? Lula sabe muito bem que sua maior chance de se manter no poder é enfrentar Bolsonaro. O TSE hoje, com Alexandre de Moraes, vai se tornar, daqui há um ano, o TSE de Cássio Nunes com Mendonça na Vice-presidência. Lula tem duas vagas no STF? Na verdade, ele não tem vaga nenhuma, porque os dois que vão se aposentar já eram dele. Vão trocar seis por meia dúzia. Mas ele precisa muito de um Supremo que ainda o ajude. O problema é que o Pacheco resolveu que não vai mais aceitar que o Supremo dite as regras do legislativo. O maior tiro no pé que Lula deu foi junto ao STF, para tentar barrar o orçamento secreto ou emendas do relator. Como Arthur Lira é inimigo de Renan Calheiros, e isto não tem conciliação, Lula sabe muito bem que seus inimigos estão no quintal de casa. Para ele e para muitos que entendem de política o povo vai cobrar a conta.

Alguma cabeça vai rolar. Lula não perdoou a Globo e nem tão pouco o STF (Gilmar e Xandão), tal como não perdoa Renan que presidiu o Senado na hora de cassar Dilma. Lula sabe muito bem que o sistema o jogou na cadeia por quase dois anos. E Lula sabe que os movimentos nas portas dos quartéis querem a cabeça de Xandão. Como político experiente, ele sabe que uma cabeça tem que rolar. Sem sangue não há remissão de pecados.

Quem vai sangrar? Lula ou Xandão?

Alexandre de Moraes já começa a sofrer retaliação das Big Tecs. Europa e EUA exigem que Lula se levante contra a Rússia, mas Lula mantém a política de neutralidade de Bolsonaro. Aliás, Lula mantém muito da política de Bolsonaro. As pautas progressistas passaram a ser uma forma de afirmar ser um governo diferente do que era Bolsonaro. Mas são pautas que o governo já não tem força no congresso para aprovar. O movimento dos 70 dias nas portas dos quartéis foi o maior do Brasil. A Esquerda sabe disso e sabe bem que quando sua militância se sentir traída, a coisa vai piorar. A única forma de não perder sua militância é desagradar ao mercado financeiro e aos interesses corporativos. De uma forma ou de outra, este governo é um carro que começou na reserva para uma corrida de quatro anos. Cada dia que passa, os ataques aos Bolsonaro não geram mais nada. O povo quer picanha... o povo quer a cervejinha... os bancos querem juros altos... os servidores querem aumento... as ONGs querem dinheiro público... as emissoras querem propagandas do governo para alimentar seus cofres... Falar mal do Bolsonaro, no início, pode até gerar uma reação de felicidade em alguns, mas e quando a conta apertar? Quando o desemprego chegar? Quando a inflação aumentar? Quanto tempo Lula aguenta tendo o sistema ao lado do vice? Como aguentar os aliados todo dia pedindo uma estatal e cargos? Como aguentar os petistas e aliados totalmente envolvidos com o que há de mais corrupto no Brasil? Como fazer as estatais darem lucro com tantos corruptos condenados gerenciando?

Este Governo do PT será como o de Getúlio Vargas. Será o fim de uma era. Um sistema que era um doente em estado terminal, que teve aquela melhora antes da morte. Quem nunca ouviu falar que alguém melhorou de uma situação de doença e dias depois faleceu? Este é o sistema agonizando, esperneando, e totalmente nu.

Sim, meus amigos, o sistema está nu. Eles não conseguem esconder que são corruptos, totalitários, que amam a censura, que nunca ligaram para direitos humanos. Mais do que nunca, o rei está nu. Suas verdadeiras intenções foram expostas e toda a luta por democracia e direitos humanos não passava de retórica. Como diria o Coringa ao Batman: “A moral deles...  A honra deles... é uma piada sem graça...”.

O último que ler apague as luzes. A corrida está chegando a seu final, os combustíveis estão acabando, a fonte secou, bancos falidos, ninguém quer carregar o caixão sozinho, o Brasil renascerá das cinzas, poderemos ter eleições ainda este ano. Aguardem! O limite chegou ao fim, façam suas apostas ... Agora sim, apague as luzes o último que ler...

[3/5 18:02] Celso Hecke: Gustavo Conde

“Eu não queria dizer isso. Pode ferir sensibilidades, desmanchar castelos de areia, coisa e tal. Mas, que se dane. O fato, nu e cru, é que Bolsonaro vai sendo canonizado, imortalizado e santificado no altar máximo da glorificação histórica. Nem Churchil, nem Roosevelt, nem Nelson Mandela chegaram perto dessa dimensão. E essa consagração é insuspeita: não há maior prêmio nem maior insígnia do que ser perseguido e caçado com este nível de violência pelo aparelhamento judicial e financeiro em uníssono, com o auxílio de toda a imprensa e dos serviços de ‘inteligência’ nacionais e estrangeiros. É o maior reconhecimento de uma vida que teve um sentido maior, léguas de distância do que a maioria de nós poderia sonhar. Nem todos os títulos honoris causa do mundo juntos equivalem a essa deferência: ser perseguido por gente do sistema, por representantes máximos do capital, da normatização social e da covardia intelectual, gente que pertence ao lado comunista da História, o lado negro da bestialidade socialista. Não há prêmio Nobel que possa simbolizar a atuação patriótica de Bolsonaro no mundo, nem todos os títulos que Bolsonaro de fato ganhou ou recusou (a lista é imensa, uma das maiores do mundo). Porque a honraria mesmo que se desenha é esta em curso: ser o alvo máximo do ódio de classe e o alvo máximo do pânico democrático que tem fobia a voto. Habitar 24 horas por dia a mente desértica dos inimigos da pátria e povoar quase a totalidade do noticiário político de um país durante 33 anos, dando significado a toda e qualquer movimentação social na direção de mais direitos e mais soberania, acreditem, não é pouco. Talvez, não haja prêmio maior no mundo porque Bolsonaro é, ele mesmo, o prêmio. É ele que todos querem, para o bem ou para o mal. É o líder-fetiche, a rocha que ninguém quebra, o troféu, a origem, a voz inaugural, que carrega as marcas da história no timbre e na gramática. Há de se agradecer essa grande homenagem histórica que o Brasil vem fazendo com extremo esmero a este cidadão do mundo. Ele poderia ter sido esquecido, como FHC. Mas, não. Caminha para a eternidade, para o Olimpo, não dos mártires, mas dos homens que lutam e fazem valer sua vida em toda a dimensão espiritual e humana.”

Gente, não basta curtir, é preciso compartilhar. Deem sua pequena contribuição a esse gigante, fazendo esse texto chegar a todos!

Se concordar, compartilhe, como estou fazendo!!!

De Portugal, Raphael Siqueira.

03.04.23

Mexendo numa pasta de arquivos do/no computador, deparei-me com este texto. Eu mesmo o escrevi. O título do livro a que me refiro aqui escapa-me. Já não sou capaz de localizar na memória o título e a autoria. Gostei de tê-lo escrito, caso contrário não o teria enviado para publicação. No enfado de começar mais um mês do ano sem qualquer perspectiva de dinamizar minha escrita, resolvi publicá-lo aqui no blogue...

PREFÁCIO

Este é um livro de poesia. A forma dos poemas constantes deste livro é única, em seus dois sentidos: todos os poemas se estruturam do mesmo jeito neste livro e esta forma não encontra similar, ou uma forma gêmea, portanto, esta é forma única. Então, nada melhor que começar com uma poesia, mais precisamente, parte de uma poesia. Ainda um pouco mais especificamente, a última estrofe de um poema:

E, inda tonto do que houvera,

à cabeça, em maresia,

ergue a mão, e encontra hera,

e vê que ele mesmo era

a Princesa que dormia.

Não. Não vou fazer a exegese dos versos de Fernando Pessoa. Esta não é minha missão. Ainda que fosse, penso que não seria suficientemente capacitado para fazê-lo aqui. No entanto, os versos do poeta português são lembrados para suscitar uma ideia: a de sugestão, por metonímia. Não podia ser de outra forma! Os últimos versos de “Eros e Psiquê” – este é o nome do poema – me fazem considerar a ideia de sugestão. O sujeito poético devaneia (“inda tonto do que houvera / à cabeça em maresia”) que buscava uma princesa e, ao final de sua busca, sob a sugestão do desejo que o move constata diferentemente “que ele mesmo era / a Princesa que dormia”! Um exemplo bastante ilustrativo do poder da sugestão. Digo isso pois, penso, no contexto deste livro, que uma ideia pode sugerir diversas e multifacetadas expressões.

Não é dado à capacidade humana, por mais desenvolvida que seja, afirmar absoluta e terminantemente o que quer que seja a partir de uma ideia. Ao contrário, tudo o que se diga vai sempre ser eclipsado por essa figura misteriosa, a da sugestão. Um cheiro não tem o mesmo efeito para todos os narizes. Um jardim diante de uma residência não vai receber a mesma admiração de todas as pessoas que passam diante da mesma residência. Arrisco-me a dizer que nem mesmo todos os moradores da casa diante da qual está o jardim têm a mesma opinião, reagem da mesma forma, enxergam o jardim da mesma maneira. Este é o poder absoluto e inescapável da sugestão. Creio que esta ideia pode muito bem servir de bastião para a leitura que se faz convite nestas primeiras linhas. Afinal isto aqui é um prefácio.

No dicionário, prefácio é um substantivo masculino que nomeia texto preliminar de apresentação, geralmente breve, escrito pelo autor ou por outrem, colocado no começo do livro, com explicações sobre seu conteúdo, objetivos ou sobre a pessoa do autor. De certa forma, é um resumo do conteúdo de um livro, exibindo exemplificações de capítulos e narrando o que está introduzido neles. Um prefácio, eventualmente, contém algumas impressões de terceiros sobre a obra. Nele, o autor busca instigar o interesse do leitor para o livro, trazendo um ar de curiosidade. Nem todas as palavras acima são minhas. Faço-as assim para deixar claro que não vou fazer literalmente o que o verbete sugere. Sou um chato. A única exceção está circunscrita a uma das “utilidades” do prefácio: “instigar o interesse do leitor para o livro”. Punto i basta!

Seguindo a inflectiva ideia de sugestão, considero que a ideia de “estações”, coincidentemente o título do livro, é rica em nuances semânticas e imagéticas, assaz sugestivas. Pode ser que muita gente já tenha pensado nas estações da Via Crucis. Esta é uma via inteligente e plausível na miríade de associações possíveis. As estações do ano seguem o mesmo itinerário, não resta dúvida. Estações ao longo de uma estrada, de uma via férrea, entre as ondas do mar. Tantas sugestões... Quero crer, assumindo o risco de uma redução, que a ideia de estações do ano predomina aqui. Então, recorro à Mitologia.

Deméter era a deusa do trigo e, de um modo geral, de toda a terra cultivada. Senhora dos cereais. Os romanos lhe deram o nome de Ceres. Parece ter sido uma sugestão bem sucedida! Da sua união com Zeus, teve uma filha, Perséfone, que cresceu, muito bela e feliz, na companhia das ninfas e de duas meias‑irmãs, as deusas Ártemis e Atena. Hades, o deus dos infernos, que era irmão de Zeus e, portanto, seu tio, apaixonou-se perdidamente por ela. Um dia, quando a jovem passeava despreocupada pelos prados verdejantes, ao colher uma flor, a terra abriu-se de repente e Hades surgiu para a raptar e levar consigo para o mundo inferior onde reinava. Deméter ouviu os gritos de aflição da filha e correu para a ajudar, mas nada pôde fazer. Nem sequer sabia onde ela estava nem quem a tinha levado. Desesperada, começou a percorrer o mundo em busca da filha, sem comer nem beber, sem se preocupar com o seu aspeto nem tratar de si, sem cuidar de nenhuma das suas tarefas. Acabou por conseguir que o Sol, que tudo vê, lhe revelasse quem fora o raptor da filha. Decidiu então não mais voltar ao Olimpo, a morada dos deuses, e renunciou às suas funções divinas até que a filha lhe fosse devolvida. A terra foi ficando estéril e os homens com fome, pois as culturas secaram e morreram. Tudo era devastação e abandono. Então Zeus, responsável pela ordem no mundo, preocupado com a calamidade causada por Deméter, ordenou a Hades que devolvesse Perséfone. A jovem, porém, por fome ou instigada por Hades, comera já um bago de romã no mundo das sombras e esse pequeno gesto ligara-a para sempre ao reino do marido. Teve então de se chegar a uma solução de compromisso e a um acordo: Perséfone passaria metade do ano com a mãe, no Olimpo, e a outra metade com o marido, no mundo dos infernos. Assim, quando Deméter tem a filha ao pé de si, está feliz e a natureza floresce: é o tempo da primavera e do verão. Mas quando Perséfone tem de regressar para junto de Hades, Deméter mergulha de novo na maior tristeza: começa então o outono, vem depois o inverno e a desolação na natureza. E é essa a causa do ciclo das quatro estações. Com essa digressão, creio eu, fica chancelada a sugestão que percorre boa parte das aldravias aqui reunidas!

Para bem aproveitar qualquer possibilidade, acredito, há que se ter certa dose de maioridade intelectual. E aqui vai outra “sugestão”. No dicionário, maioridade é identificado como substantivo feminino que nomeia a idade legal em que uma pessoa é reconhecida como plenamente capaz e responsável. No Brasil, isso se dá aos 21 anos. Ora, este livro é parte comemorativa dos 21 anos do Movimento Aldravista de Artes. Em outras palavras, o movimento alcançou sua maioridade. Neste patamar, já tem autonomia de afirmação de seus valores e prerrogativa de defesa de suas propostas e criações. As aldravias aqui reunidas são prova inconteste disso. Resta a celebração que, no caso, dá-se por meio das páginas aqui apresentadas, recheadas que estão de aldravias, o núcleo poético da proposta original. Também por essa trilha é possível ler o conjunto de poemas aqui concertado.

Por fim, quero crer que de maneira bastante coerente, a celebração envolve uma tonalidade menos vibrante, como a particularizar o movimento andante na música. É preciso lembrar que um “movimento” é iniciado, dinamizado e mantido por pessoas. Sua criação, no caso específico, as aldravias, são uma espécie de “prova” de sua própria existência como membros de um silogeu. O livro é este espaço, mais que apropriado. Surge então a oportunidade de considerar outra sugestão: a memória.

Como capacidade de adquirir, armazenar e recuperar (evocar) informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória biológica), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial), a tal de memória é instrumento de uma série de manifestações e volições. O conjunto de aldravias neste livro é prova material de uma dessas manifestações. Em certa medida, os poemas aqui reunidos expressam, mesmo que inconscientemente, a memória individual de cada um de seus criadores, coautores, participantes do mesmo silogeu, mesmo que simbolicamente representado pelo livro. Por via de consequência, o mesmo pode ser considerado prova de certa memória coletiva e, por que não, afetiva. Neste caso, trata-se de celebração do que se foi, do que deixou marcas. Mesmo que não explicitamente, a coleção de aldravias celebra, de maneira sensível, em forma de homenagem, a memória de Cláudio Márcio Barbosa e Nivaldo Resende, falecidos este ano. Ambos contribuíram para a cultura, a literatura, especialmente à promoção da Arte Aldravista. Não é preciso que esta homenagem esteja a brotar visível e materialmente nos versos univocabulares que compõem as aldravias aqui reunidas. A celebração está dada, no reconhecimento da participação de ambos no processo de maturação da arte aldravista. Não pode haver homenagem mais explícita e honrosa.

Retomando o início de minhas palavras, várias são as “estações” representadas neste livro homônimo. Devem ter notado que não destaquei nenhum dos poemas aqui reunidos. Fiz isso por prezar a sutileza da leitura. Se digo alguma coisa, corro o risco de ser acusado de induzir o leitor desse livro a erro. Por outro lado, pode ser que haveria quem me agradecesse pela indicação desse ou daquele poema, na consideração particularizada que porventura tivesse eu feito. Não. Definitivamente não! Eu termino como comecei: com versos de um poema. Desta feita, o poeta é José Régio:

A minha glória é esta:

criar desumanidade!

Não acompanhar ninguém.

Que eu vivo com o mesmo sem vontade

com que rasguei o ventre à minha mãe.

 

Não, não vou por aí! Só vou por onde

me levam meus próprios passos...

Os últimos versos de “Cântico negro” – um poema belíssimo, contundente – dizem exatamente como me sinto ao concluir este prefácio. Não acrescento mais ideia alguma. Faço apenas um convite: leiam o livro. E desejo apenas uma coisa: que tenham prazer em fazê-lo!

Ave, Verbum! Ave, Poetica!

José Luiz Foureaux de Souza Júnior

Contagem, Outono de 2021

20.03.23

Como descrever o que há por detrás das palavras e suas entonações durante um diálogo? Há que notar que neste caso particular, o diálogo se trava entre um príncipe e um primeiro-ministro, do mesmo país. Há uma dúvida no ar. O príncipe quer saber do primeiro-ministro o que ele pensa sobre o resultado da recente pesquisa sobre a monarquia. O primeiro-ministro diz que se trata de uma mera pesquisa, apenas. O príncipe rebate, argumentando que é perigoso não levar a pesquisa a sério. O primeiro-ministro encerra a discussão dizendo que igualmente perigoso é deixar-se guiar pela mesma pesquisa. A situação está, aqui, resumida, para efeito de análise e comentário. Na aparente simples troca de palavras que, por sua vez, dá expressão a uma aparente simples troca de impressões acerca de um evento banal, a pesquisa de opinião, existe um universo inusitado, imensurável e abissalmente complexo de possibilidades. Os movimentos labiais, as movimentações de sobrancelhas e os gestos manuais são contributos mais que decorativos na cena. Muito mais. Não se trata apenas de dramatizar uma situação concreta. No fundo, o que acontece é a transposição para a realidade de algo que a percepção humana não dá conta num primeiro momento. basta ver, a título de comparação, o que acontece quando, no início do filme, Gloria Swanson se dirige a William Holden, na sequência de abertura de Sunset Boulevard. Ela observa o rapaz distraído e pergunta quem é ele. Se identificam e se apresentam. Ele comenta que ela parecia ser “maior”, em tom irônico, pois ele reconhece a grande estrela do cinema mudo. Ela replica dizendo que ela é grande, as fotografias é que ficaram menores. O chiste, muito sutil e sofisticado, exala toda a malícia da observação, o que toca o nervo central da figura da atriz, por que não, decadente. Esta sequência, ainda no início do filme, dá o tom de todo o relato imagético. Com esses dois exemplos, o que está no fundo de minhas elucubrações aqui é o fato de que algo muito importante tem sido desperdiçado se já não está totalmente perdido, na sociedade “progressista” da/na atualidade: o valor da palavra. E ambos os exemplos, o senso comum depauperado dos dias que correm evidencia a sequência de imagens e se esquece de prestar atenção nas palavras. Houve um tempo em que o que era dito por alguém tinha um valor quase material, concreto, ontológico mesmo. Não era necessário comprovar nada com documentos, assinaturas, sinetes em lacrem, coisas do tipo... A palavra bastava. A opinião de alguém servia de guia para o que quer que fosse. Como acontece em Sociedade dos poetas mortos e o método utilizados pelo novo professor de Literatura que provoca revolução profunda na didática do ensino da escola “careta” em que passa a lecionar. Tanto é assim que ele transforma a vida de três ou quatro estudantes no filme. As palavras do professor foram suficientes para orientar os estudantes nos caminhos e descaminhos de suas descobertas adolescentes, confrontando-os com uma realidade avessa a este mesmo caminhar. Nos três exemplos aqui elencados, a palavra é soberana, sobrepõe-se à sequência imagética e define um campo subliminar de atenção/ percepção que, hoje em dia, costuma ser desprezado. Numa sociedade que endeusa a imagem e a aparência com o intuito de criar uma ilusão fantasiosa e invejável, a palavra tem sido subjugada e relegada a um plano inferior, aquele das injúrias, dos lugares comuns, do analfabetismo funcional que assola o mundo. Basta acompanhar por pouquíssimos minutos uma série de postagens, nas famigeradas redes sociais, para constatar este fato. Sobretudo nas postagens que se dizem oriundas de “influenciadores”. Nestes casos, é corriqueiro o uso de consoantes coladas, sem vogais para substituir as palavras; o uso de verbos no infinitivo, sem o erre que caracteriza este caso; a quase absoluta inexistência de concordância nominal, em nome de uma outra “linguagem” tida e havida como mais “inclusiva”. Ledo engano. O desprezo pela palavra está matando valores mais que basilares por inanição sufocante. Uma lástima. Não sei se me fiz entender, mas sei que disse o que me deu vontade. Punto i basta!

 

14.03.23

Na semana passada fiz uma enquete no meu blogue. Apenas três pessoas responderam. Coloquei dois poemas, sem identificação de autoria e perguntei qual dos dois agradava mais a quem lesse e por quê. As justificativas, por óbvio, vou manter em sigilo. as identidades de quem comentou também, mas a resposta dos três, como foi unânime, não escondo: o segundo poema, chamado “B” na postagem, foi o que agradou mais. Era um poema da Bruna Lombardi. O outro, “A” na postagem, era de minha autoria. Depois de ler e reler os comentários e de trocar ideias com, pelo menos, dois dos que leram e responderam, fiquei pensando num monte de coisas. Entre estas coisas, ocorreu-me pensar que minha poesia não agrada. Deixei este pensamento de lado depressinha. Não se pode deduzir tal coisa com apenas três opiniões, ainda que unânimes, num universo de três informantes. Para quem é escravo de estatística, isso quer dizer alguma coisa. Para mim, diz que a opinião alheia é subjetiva, como a minha, e não pode ser tomada como “valor absoluto” de nada, em relação a nada. Isso não é desrespeito à opinião alheia, pelo contrário. É mesmo um respeito enorme pois cada um sabe de si, cada tem um conjunto de informações/experiências/exemplos/práticas/ideias que ajudam a amoldar o back ground a partir do qual emitem sua opinião. Por isso mesmo o respeito. Esta ideia também deixei de lado. Fiquei com a suposição de que, em primeiro lugar, a poesia que escrevo tem que agradar a mim. Se agrada a outras pessoas, no frigir dos ovos, vai fazer pouca diferença, na concretude da situação. Poderei continuar gostando do poema que escrevi em que pese a desaprovação alheia, quando e se for o caso. O que não ocorreu na enquete. Pena foi que apenas três pessoas responderam. A ideia de que minha poesia não vale muito voltou a me rodear o pensamento. Dou tratos à bola e sigo escrevendo. Quem sabe um dia...

 

Na interrupção de minhas anotações, deixei de comentar o bizarro, por óbvio, que foi a audiência de conciliação com o banco do Brasil. Na véspera, estava eu apreensivo, com medo de me exaltar e botar tudo a perder. Em vão. Quando consultei a advogada sobre isso ela riu e disse exatamente o que aconteceria. E aconteceu. Abriu-se a sessão, a mediadora (uma menina) leu o caput da ação. Perguntou à representante do banco se havia proposta de acordo. Negativo. Perguntou à advogada que me representa se tinha algo a dizer. Negativo. Leu então o parágrafo protocolar sobre o tópico. Foi interrompida pela representante do banco que pediu o acréscimo de solicitação de meu testemunho oral. Tudo acertado. Assinamos o papel e saímos. Tudo isso não durou quinze minutos. A representante do banco, se minha memória não me trai, é a mulher que. me ajudou a encerrar a conta de papai, mesmo antes de abrir o inventário. Em dois dias estava tudo resolvido. Entrou com pose de importante, com arrogância. Falou baixíssimo, o que me deixou intrigado pois não consegui escutar mais que o cicio de sua vez. Na saída pedi à advogada a confirmação da necessidade de meu testemunho oral diante do juiz. Ela disse que depende do meritíssimo pois o teor desse testemunho já está escrito no corpo do processo, acompanhado das “provas”. No fundo, no fundo, não tenho muita esperança. Penso que o banco vai protelar, protelar e protelar até eu desistir. Só desisto quando não houver mais saída, mas penso que jamais verei o dinheiro roubado de volta.

 

Faz dias e dias que não escrevo nada. Nem prosa, nem verso. Tenho lido bastante. Li dois livros que foram motivo de curiosidade no passado: Viagem ao redor de meu quarto (Xavier de Maistre) e No coração das trevas (Joseph Conrad). Que decepção! Creio que o passar do tempo fez arrefecer a curiosidade ou então ela ficou insatisfeita com a leitura, devido às fantasias inconscientes que minha psique elaborou e não me revelou. Não vi graça nenhuma em nenhum dos dois livros. Li tanto sobre eles. Escutei tantos elogios. Até vi um filme baseado num deles (Apocalipse Now – Francis Ford Coppola). Estou pra dizer, que, mesmo não fazendo meu “gênero” predileto de filme, este me agradou muito mais que o livro. Que coisa sem graça. O mesmo eu digo do texto do escritor francês. Pensei que se tratava de algo criativo, instigante e curioso. Nada. Um amontoado de anotações inusitadas e, porá ser sincero, com muito pouco sentido. Não gostei. Pronto. Isso não determina o destino das duas obras, Também não define sua posição num ranking de agrado ou sucesso. Quem sou eu para tanto... Só não vou ficar papagueando salamaleques pra ser politicamente correto. Não gostei. Punto i basta!

27.01.23

O Brasil é um país interessantíssimo. Sua História política é algo que se repete a cada quatro anos – tempo de mandato da presidência da república. Com alguma sorte, depois do famigerado FHC, a reeleição pode manter na cadeira, o mesmo presidente. Teoricamente isso dar-lhe-ia a oportunidade “glorioso” de fazer cumprir o seu “plano de governo”, quando, é óbvio, há um! No andar tradicional da procissão, a mesma ladainha se repete a cada quatro anos. Tudo o que o governo que é substituído fez não presta. Todos os defeitos e problemas nacionais assumidos pelo novo eleito é pura e absolutamente responsabilidade do governo anterior. Com raríssimas e honrosíssimas exceções, cada quatro anos faz-se tabula rasa de tido. É como se o país, a nação, o Estado, fosse ter um início original, um novo “gênesis”... Este ano mão foi diferente. Há, porém, uma particularidade. O que assumiu volta depois de seis anos de espera, de matutagem, de enredo, de “preparação. No meio do caminho, houve um ensaio, patético e canastrão, de aprisionamento. Preso, numa dependência que não era do sistema carcerário, com múltiplas regalias, com direito a entrevista e manifestação oral, visitas a tempo e a hora. Mais de um ano. Agora, o condenado preside o país. Sob os aplausos de boa parte da famigerada “mídia”, das miríades e miríades de fanáticos que, com voracidade, já retomam pontos estratégicos da administração, com o beneplácito do simbolismo de um homem corrompido e corruptor, que se faz de vítima e de pai dos pobres, simultaneamente. Um homem em quem não se pode confiar, pois mente e confessa que mente. Inexplicavelmente, este homem está, de novo, sentado, na cadeira mais importante do país. Há que se fazer uma ressalva quanto a este último detalhe. Pode ser que a importância não seja assim definitivamente do assento presidencial. Há outro, togado – de preto e vermelho – que ocupa o esdrúxulo cargo de presidente de um supremo tribunal eleitoral. Esse aborto da administração pública só existe aqui, nos estados unidos de bruzundanga, até prova em contrário. Não vou “checar as fontes”, como é costume cobrar de mim. Preguiça, muita preguiça. O que me incomoda é que, repito, inexplicavelmente, há uma população numerosa que não consegue deixar de incensar este homem, vendo nele a encarnação da alegria, da felicidade, do amor. Ele não pode andar pelas ruas das grandes cidades sem correr o risco de receber interpelações, digamos, pouco lisonjeiras. Nega-se a ocupar a residência oficial da presidência da república, sob o pretexto de que ela foi deixada em frangalhos pelo “genocida” que a ocupou com sua família nos quatro anos anteriores ao retorno – sim, é assim mesmo que o presidente anterior é tratado, e foi tratado durante os quatro anos que ocupou o mesmo cargo de quem agora o ocupa. Um descalabro. Outra coisa que me espanta é que, em que pese a pessoa do antecessor, sua história, suas credenciais, seu comportamento, etc., o que espanta é que mesmo debaixo de saraivadas e saraivadas de chumbo grosso, vinte e quatro horas por dia, durante quatro anos, a equipe montada pelo antecessor, conseguiu, a duras penas, fazer com que certa estabilidade econômica fosse alcançada. E foi preciso que a imprensa internacional dissesse isso, pois a doméstica só continuava sua saga de destruição, negação e condenação de tudo e mais alguma coisa que a equipe fazia. Todo o seu trabalho sempre foi taxado de ruim, atrasado, nefasto e errado. Uma coisa! Nos dias que correm, há duas novidades que se anunciam e se sustentam na “voz do povo”. A primeira delas diz respeito ao antecessor que está sendo massacrado por fatos que ocorreram após sua saída de cena (um tanto covarde, convenhamos) por conta de atos de vandalismo – que a imprensa e seus asseclas insistem em denominar de terrorismo, no cometimento de um equívoco monumental – ocorridos logo na primeira semana do novo mandato. Há que se registrar o fato de que, a cada dia, aparecem (dizem...!) evidências de que os que entraram e tinham responsabilidade de evitar (porque foram devidamente alertados do que estava para acontecer) o ocorrido, não o fizeram. Sabe Deus por quê! A outra novidade é que os índios no norte do país estão doentes, malnutridos e morrendo por conta dos efeitos da má gestão do que se chama “política de reservas de territórios indígenas”. Digo novidade, com ironia, claro, por conta de que, desde que me entendo por gente (e já há um tempinho que isso se deu!) escuto notícias e detrações e lamentos e detrações sobre esta situação. Isso não é coisa de ontem, nem de anteontem, nem de reflexo de erros cometidos nos quatro anos que antecederam a (re)posse. Vem de longe. Por isso mesmo é que comecei dizendo que, ao que parece, a História política brasileira se repete a cada quatro anos, lamentavelmente. Há um mecanismo automático que acomete a todos os que ascendem ao “poder”, como se isso, de fato, existe, ontologicamente falando. Sei que muita gente, se pusesse os olhos em cima disso que acabei de escrever, ia jogar pedras em mim, me xingar, me ofender, me cancelar... etc., etc., etc. Se ao menos eu tivesse certeza de que leram mesmo até o fim. E leram com olhos de ler e não com olhos de enxergar apenas o que interessa do jeito que interessa. O que não se coadunar com essas premissas não presta, está errado, é crime, é negacionismo... etc., etc., etc. E la nave va!

23.01.23

Li o texto que segue depois de receber a ligação para chegar em: https://www.brasilnamidia.com.br/2023/01/indigenas-em-estado-de-desnutricao-em.html.

Um amigo querido enviou-me a ligação. Sinceramente, não sei o que pensar. Dá a impressão de que, de fato, aquilo que se conhecia como credibilidade, associado à honestidade é coisa que não existe mais. desde o dia 8 próximo passado, não consigo acreditar em quase mais nada. Mesmo “vendo”...

“Indígenas em estado de desnutrição em Roraima são venezuelanos e fruto do comunismo de Maduro

PorBRASIL NA MÍDIA-janeiro 22, 2023

Por Oswaldo Eustaquio 

Imagens de indígenas do povo Yanomami em território brasileiro, análogas ao holodomor ucraniano- maior crise humanitária de fome da história- chocaram o mundo nesta semana. A vergonha de apresentar aborígenes em situação periclitante foi ignorado pelo governo do PT comandado por lula e revelado como um troféu para acusar o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro de genocídio.

O núcleo de jornalismo investigativo do Portal Poder DF, comandado pelo jornalista Oswaldo Eustáquio, que assina este artigo, no entanto, descobriu, que diferente da narrativa contada pela esquerda, tal crise humanitária, nada tem haver com a gestão Bolsonaro, mas trata-se de mais um ciclo de terror promovido pelo comunismo, de aliados dos mesmos que acusam Jair Bolsonaro. Na verdade, essa crise famélica injustificável foi promovida pela ditadura bolivariana de Nicolás Maduro, um dos principais aliados do atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

Os indígenas apresentados pelo governo de esquerda como são na verdade, vítimas do seu próprio sistema e sequer são brasileiros, são indígenas venezuelanos que pediram socorro aos parentes do lado próspero do continente, o Brasil. Ou, seja, é falsa a narrativa de que indígenas brasileiros sofreram um genocídio famélico. É correto afirmar, que assim como a maior parte do povo venezuelano, após a ditadura chavista, hoje comandada por Maduro, a maior parte da população passa fome e tem até 25% do seu peso reduzido devido a este grave fato, que se acentua quando se trata dos povos indígenas daquele país. Ao todo, hoje o Brasil tem 305 povos indígenas, vivendo em milhares de aldeias no Brasil, com costumes e línguas distintas. E algumas dessas tribos, principalmente na região amazônica e fronteiriça contam com indígenas da mesma etnia em países diferentes. Este é apenas um dos exemplos, de indígenas que sofrem nos países bolivarianos e são atendidos pela saúde pública brasileira. Sonia Guajajara, ministra dos povos Indígenas do governo Lula, era diretora da APIB, organização que recebe milhões de dólares de países como a Noruega, em nome de indígenas no Brasil, sem repassar o recurso para as bases.

A velha máxima marxista-leninista, de acusar daquilo que eles mesmos fazem, mais uma vez se torna uma ferramenta potencializada por uma imprensa preguiçosa e corrompida que cada vez mais distancia-se da verdade, que será restabelecida neste artigo.

A fronteira entre Brasil e Roraima tem sido um campo de guerra, em que a Operação Acolhida, programa de governo de Jair Bolsonaro, sem dúvida se tornou a maior ação de Direitos Humanos da história recente. Em que uma força-tarefa do Estado brasileiro recebe diariamente pessoas em condições subumanas, que são encaminhadas para projetos como o Brasil do Bem, comandado pelo empresário Carlos Wizard Martins, um dos mais bem sucedidos do mundo, que deixou suas empresas por quase dois anos para dedicar-se a questão humanitária e transformar a história dessas pessoas.

Entre os milhares de venezuelanos que fogem da ditadura bolivariana estão estes indígenas yanomamis, que necessitam de todo acolhimento e cuidado, mas que na verdade, fazem parte de mais um genocídio promovido pelos governos comunistas que apostam todas as suas fichas na América Latina.

Prova refutável, de que o governo Jair Bolsonaro tratou com respeito a questão dos povos indígenas no Brasil é o sucesso na lavoura do Povo Pareci, do Mato Grosso, que hoje conta com milhares de alqueires de terra com plantio de soja, milho e pipoca, onde saíram de uma vida de miserabilidade para de riqueza. Outro exemplo é o povo Suruí, da região norte do Brasil que chegaram a ganhar prêmio internacional pelo plantio e exportação de um dos melhores cafés do mundo.

Outro fato, que chamou a atenção da Reportagem foi a ausência do olhar das mais de 300 mil ongs estrangeiras, que atuam na Amazônia como verdadeiras milícias, blindando os indígenas do próprio Estado com o objetivo de manter suas terras intactas para serem exploradas por seus parceiros ocultos que vem lesando a nossa nação há anos.

Para concluir este artigo e demonstrar as mentiras e contradições de um desgoverno corrupto comandado por Lula e que feriu de morte os povos indígenas brasileiros, apresento uma prova cabal do decreto de fome promovido pelo PT, que foi revertido na gestão Bolsonaro.

O decreto 7056/2010, assinado no apagar das luzes do governo Lula, no dia 26 de novembro de 2010, fechou a maioria das administrações regionais Funai no Brasil, deixando as aldeias sem praticamente nenhuma semente para plantio e sem uma porta para que os indígenas pudessem bater. Este decreto-bomba, aliado a corrupção de ongs comandadas pelo PT, para gerir o recurso da Sesai/Funasa na Saúde indígena, sem dúvida, foram os ingredientes para uma receita de corrupção com benefício para os apadrinhados da esquerda brasileira e a dificuldade dos povos indígenas do Brasil, que nesta gestão do presidente Bolsonaro, carregam o aprendizado de não quererem mais ser sustentados pelo Estado, mas produzir e gerar riquezas em suas próprias terras, sem serem tolhidos por um governo que usa as minorias e depois subjuga.”

Fonte: Poder DF

 

QI

20.01.23

Ontem ou anteontem,uma amiga enviou-me mensagem pelo Whatsapp com o texto que segue. Gostei tanto que resolvi partilhar. É bom quando a gente se depara com um texto inteligente, bem escrito e que leva a gente a pensar de maneira sensata e respaldada no bom senso. Espero que quem o ler goste.  Para não dizerem que sou plagiador, cito a fonte que busquei na “rede”: https://www.facebook.com/david.glat

“Via Carlos Ebert

O QI médio da população mundial, que sempre aumentou desde o pós-guerra até ao final dos anos 90, diminuiu nos últimos vinte anos. É a inversão do efeito Flynn.

Parece que o nível de inteligência, medido pelos testes, diminui nos países mais desenvolvidos. Pode haver muitas causas para este fenómeno. Um deles pode ser o empobrecimento da linguagem.

Na verdade, vários estudos mostram a diminuição do conhecimento lexical e o empobrecimento da linguagem: não é apenas a redução do vocabulário utilizado, mas também as subtilezas linguísticas que permitem elaborar e formular pensamentos complexos.

O desaparecimento gradual dos tempos (subjuntivo, imperfeito, formas compostas do futuro, particípio passado) dá origem a um pensamento quase sempre no presente, limitado ao momento: incapaz de projeções no tempo.

A simplificação dos tutoriais, o desaparecimento das letras maiúsculas e da pontuação são exemplos de ‘golpes mortais’ na precisão e variedade de expressão.

Apenas um exemplo: eliminar a palavra ‘signorina/senhorita/mademoiselle’ (agora obsoleta) não significa apenas abrir mão da estética de uma palavra, mas também promover involuntariamente a ideia de que entre uma menina e uma mulher não existem fases intermediárias.

Menos palavras e menos verbos conjugados significam menos capacidade de expressar emoções e menos capacidade de processar um pensamento. Estudos têm mostrado que parte da violência nas esferas pública e privada decorre diretamente da incapacidade de descrever as emoções em palavras.

Sem palavras para construir um argumento, o pensamento complexo torna-se impossível.

Quanto mais pobre a linguagem, mais o pensamento desaparece.

A história está cheia de exemplos e muitos livros (George Orwell - 1984; Ray Bradbury - Fahrenheit 451) contam como todos os regimes totalitários sempre atrapalharam o pensamento, reduzindo o número e o significado das palavras.

Se não houver pensamentos, não há pensamentos críticos. E não há pensamento sem palavras. Como construir um pensamento hipotético-dedutivo sem o condicional? Como pensar o futuro sem uma conjugação com o futuro? Como é possível captar uma temporalidade, uma sucessão de elementos no tempo, passado ou futuro, e a sua duração relativa, sem uma linguagem que distinga entre o que poderia ter sido, o que foi, o que é, o que poderia ser, e o que será depois do que pode ter acontecido, realmente aconteceu?

Caros pais e professores: Façamos com que os nossos filhos, os nossos alunos falem, leiam e escrevam. Ensinemos e pratiquemos o idioma nas suas mais diversas formas. Mesmo que pareça complicado. Principalmente se for complicado. Porque nesse esforço existe liberdade.

Aqueles que afirmam a necessidade de simplificar a grafia, descartar a linguagem dos seus ‘defeitos’, abolir géneros, tempos, nuances, tudo que cria complexidade, são os verdadeiros arquitetos do empobrecimento da mente humana. 

Não há liberdade sem necessidade. Não há beleza sem o pensamento da beleza.

(Christophe Clavé)”. 

01.11.22

Dizem que o autor do texto que segue é do Nicolau Maquiavel. Segundo ouvi dizer por aí, ele mesmo não era maquiavélico (sic)! De uma forma ou de outra, devo dizer que não fui “às fontes”. Não gastei meu tempo procurando saber se é fato mesmo que a autoria é mesmo do Maquiavel. Não tenho o costume de fazer isso, sobretudo quando faço postagens em meu blogue – que é “meu”! Dizem que isso é errado. Não faço por pura preguiça. E não tenho vergonha disso. Como ele, o blogue, tem pouquíssimos leitores, o risco de receber a visita do “federal black uber” é mínimo! Vai ver é por isso mesmo que acabei taxado de fascista, intolerante, preconceituoso. Nada contra. cada um pensa o que quiser do outro. Não posso fazer nada. Chega de blá-blá-blá. Segue o texto.

“Um povo que aceita passivamente a corrupção e os corruptos, não merece a liberdade. Merece a escravidão. Um país cujas leis são lenientes e beneficiam bandidos, não tem vocação para a liberdade. Seu povo é escravo por natureza. Um povo cujas instituições, públicas e privadas, estão em boa parte corrompidas, não tem futuro. Uma pátria, onde receber dinheiro mal havido a qualquer título é algo normal, não é uma pátria, pois nesse lugar não há patriotismo, apenas interesses e aparências. Um país onde os poucos que se esforçam para fazer prevalecer os valores morais, como honestidade, ética, honra, são sufocados e massacrados, já caiu no abismo há muito tempo. Só tenho compaixão daqueles bravos, que se revoltam com esse estado de coisas. Àqueles que consideram normal essa calamidade, não tenho nenhum sentimento. Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!”

31.08.22

 Lá do outro lado, um oceano e um mar depois, vive-se num país interessante. Por volta das dez e meia da noite, todos os dias, menos aos domingos ouve-se na rua a chegada de um caminhão. Em seguida, um barulho rouco, fundo, seguido de um guinchado e depois, de novo, o mesmo barulho rouco, fundo. Todos os dias, mais ou menos à mesma hora, com exceção dos domingos. É a colheita do lixo, orgânico em sua maioria. Isso porque papel plástico e vidro têm recipientes em quase todas as esquinas dos bairros, próprios e específicos para recolher estes materiais.

Também do ouro lado, menos um mar, vive-se em outo país também interessante. Ao perceber a necessidade de recapeamento das pistas de uma avenida movimentada em um bairro eminentemente residencial, afastado do centro da cidade, o administrador público precede à obra. Primeiro uma das duas pistas de um lado, em toda a sua extensão. Quando as máquinas começam a se aproximar do fim deste trecho, atrás delas vêm outras máquinas a fazer o mesmo preparo na segunda pista do mesmo lado. Assim que a segunda pista está por ser concluída, outras máquinas entram em ação a pintar a sinalização de piso. Quando esta pintura se aproxima do final do trecho, começa tudo de novo. Agora, do outro lado da avenida, mas na mesma ordem, com o mesmo ritmo, seguindo as mesmas diretrizes. Em pouco tempo o serviço está completo. Eu chamaria a isto de racionalidade na execução de um serviço público. Ou não.

Ao andar pelas ruas de Roma (notadamente, as que serpenteiam as partes mais antigas da cidade, aquelas em que se misturam miríades e miríades de "turistas"), nota-se que os postes de luz, como por aqui, quase não existem. de tantos em tantos metros, vê para galerias que remontam ao Império. Por elas correm as fiações de energia elétrica, telefone e internete. E com sucesso.

Essas considerações me ocorrem quando escuto os pedreiros que trabalham na casa ao lado (Não é a residência do tédio... Quem leu minha postagem de ontem vai entender!). Depois das paredes levantadas e rebocadas, os pedreiros começam a quebrar as mesmas paredes nos trechos em que serão instaladas as tubulações de água e energia elétrica. Não é uma burrice? Será que engenheiros e arquitetos (Atenção para os chatos de plantão! OS plurais aqui englobam homens e mulheres viu!!!) que se gabam tanto de estarem “conectados” ainda não se deram conta de que já pode ser possível determinar onde essas tubulações irão passar e, nos projetos de execução, tais localizações já estrão indicadas, fazendo com que os pedreiros não precisem desfazer o que fizeram, por não terem feitos, antes, com a previsão possível? Ficou difícil de entender? É só parar de pensar em modernidades e pensar um pouquinho!

Isso e outras coisas me fazem pensar que, apesar de todo o “desenvolvimento”, o ser humano anda pra trás, sobretudo quando se trata de se oferecer para gerenciar a prestação de serviços públicos, para criar leis, para a manter a segurança pública, para escolarizar a população que deseja estudar, para isso... para aquilo...

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