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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

21.03.25

Publicação

Foureaux
 
No dia 27 de março próximo passado (adoro essa expressão), defendi minha tese de doutoramento em Letras – Literatura Comparada, no Programa Pós-Graduação em Letras - Estudos Literários, da UFMG. Trinta anos se passaram. Três das professoras que compuseram o júri, que eu saiba, já faleceram: Eneida Maria de Souza, Vera Lúcia Andrade (des)orientadora e Maria Luíza Ramos. As três da mesma universidade que me outorgou o título. As duas outras arguidoras eram de outras universidades: Lúcia Helena Vilela (não tenho certeza de ser este mesmo seu nome), da UFF e Margarida de Aguiar Patriota, da UnB. Esta tinha sido minha orientadora de Mestrado, mas não pode presidir o júri da defesa, então (1988), por conta de um acidente doméstico que acometeu seu, então, marido. Fiz questão de sua presença no júri do doutoramento. Para minha alegria e gratificação, estas duas professoras fizeram uma arguição em regra, com debate primoroso, provocações e questionamento que tomaram duas das seis horas e meia de duração de todo o processo. Quanto às outras duas arguidoras, reservo-me o direito de não dizer nada. A história desse doutoramento é um tanto dolorosa, mas gratificante, na medida em que isso seja possível. Assim endo, hoje, coroa-se um ciclo que levou trinta ano: a publicação de um extenso ensaio escrito a partir do texto da tese. Não levei trinta ano para escrevê-lo, mas na conclusão destes mesmo trinta anos alegro-me com a publicação do livro. Parece que a editora (CRV) de Curitiba, disponibiliza o e-book para venda na Amazon. Não é mais o texto da tese, por óbvio. Trata-se de um extenso ensaio que se debruça sobre quatorze romances lidos para consolidação do corpus da tese: A menina mortaFronteira e Dois romances de Nico Horta, de Cornélio Penna; A crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardo; Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres A paixão segundo GH, de Clarice Lispector; As parceirasA asa esquerda do anjoReunião de famíliaO quarto fechado e Exílio, de Lya Luft. A ideia é estabelecer o parâmetro mínimo necessário para a consolidação de um conceito: o de romance intimista, no âmbito de um intervalo da série histórica da Literatura Brasileira, notadamente aquela produzida pelos quatro autores selecionados, que publicaram os respectivos romances entre a década de 30 e a década de 80 do século passado. Gosto muito deste trabalho. Gostei de revisitar a tese e transformá-la num ensaio. Este gênero de escrita, o ensaio, é fonte de prazeres que a escrita de uma tese impede e condena. No âmbito da síndrome de Macunaíma que não tem cura em mim, quis apenas destacar o fato que me dá uita alegria. Tomara que alguém se digne a ler o livro...
30.07.23

Um sábado

Foureaux

A exatos 28 dias, numa tarde de sábado como a de hoje, estava eu em Lisboa, para lançar meu livro Andando descalço em asfalto quente – miragens poéticas sob os auspícios do Real Circolo Francesco II di Borbonne, do qual sou membro. O livro encontra-se à venda na página da Editora Pedregulho (www.lojapedregulho.com.br, para quem, talvez, se interessar...). Uma tarde quente do verão alfacinha. Salão cheio. Gente amiga. Evento caloroso, simpático, agradável (apesar do calor), coroado com um jantar no restaurante Clara Jardim (que recomendo vivamente). Na ocasião, três amigos falaram: Luis Laforga Granjo, Ana Cristina Martins e Vitor Escudero. Dos três, apenas o primeiro escreveu um texto que, com sua autorização aqui compartilho. Fiquei honrado, comovido e grato.  Segue o texto. 

"Andando descalço em asfalto quente – miragens poéticas: uma análise... 

Esta obra apresenta-nos uma poesia pessoal, íntima, em jeito de quem nos conta uma história ou histórias. Histórias da sua vida. O destino, a sina de uma vida preenchida, vivida, saboreada em cada momento, onde o belo é apreciado com um profundo sentido estético. É revelada a importância da força interior, motivada pela vontade, reforçada pelo desejo. A visão instrospectiva denota um elevado sentido de crítica pessoal e uma enorme sensibilidade aos pequenos gestos, impregnados de grandes sentimentos. A busca de conhecimento, a ânsia de saber mais sobre o mundo, sobre os outros, surge simultaneamente como objectivo e como motivação. A inexorável passagem do tempo, que nos limita a existência e nos coloca numa determinada época, molda a nossa essência, a nossa natureza e faz-nos ansiar por um futuro melhor. É essa esperança, essa fé, que nos faz acreditar que os sonhos são possíveis, são realizáveis. Estes poemas são um libelo optimista ao génio da criação humana, que se traduz em arte. A vida é uma viagem que é Iluminada por tudo o que criamos e valorizamos. Revelam também a importância da utilização dos nossos dons para concretizar os nossos sonhos, sendo persistentes sem nunca desistir. Mas, identificando também aqueles momentos em que devemos deixar-nos levar, usufruindo das dádivas que a vida tem para nós. A sensualidade espreita timidamente em certos momentos. A sugestão de um toque, de uma carícia... Temos de nos conformar com o real, com aquilo que de facto acontece, mas o desejo, esse, continua lá, inconformado, insaciável, fazendo a ponte entre nós e futuro, empurrando-nos para a frente, sem a preocupação de chegar, pois o mais importante é andar, percorrer o caminho... No fundo, há a preocupação de caminhar pela vida, pelo tempo, de uma forma em que nos possamos cumprir, realizando as obras que a nossa natureza nos impele a concretizar. Pois se eu sou fogo, não poderei ser água, nem o inverso! Sempre naquele limbo entre o real e o metafisico. O que será a realidade senão a soma de todas as realidades pessoais... Aqui se percebe a importância do outro, de não estar sozinho... Aprendemos a ultrapassar os obstáculos com as armas que nós mesmo construímos, confiantes, valorizando cada nova vitória, e aprendendo com a frustração de todas as vezes que não fomos capazes de o fazer... Mas naquelas vezes que realmente conseguimos, o fruto aguarda ser colhido, o prémio merecido, que nos revigora e fortalece para as batalhas seguintes. Sem nunca olvidar que apesar das escolhas que têm de ser feitas, a Liberdade fala mais alto; por muito que custe, há que ser livre em primeiro lugar, e depois, sim, Lutar! Nem sempre é fácil fazer escolhas. O que é o Bem? O que é o Mal? Que cruel paradoxo é perceber quão ténue é a fronteira entre ambos... Como distinguir? Como saber quem somos? Lembrar sempre o nome, nunca esquecer. Mesmo na sua ausência, lembrar do prazer... A ânsia fica mais leve, dormente, e a sombra ·já não é disforme, tem um contorno. Fica a promessa do retomo que emoldura a saudade. Será ilusão? Que importa? A tristeza amainou e o silêncio já não magoa. A luz da esperança ilumina o desejo. Talvez amanhã... O amor estará sempre lá, ainda que adormecido, na chuva, no vento e no seu sorriso. É cíclico e continua à espera... A cadência ritmada da vida que flui e que nos obriga a seguir o seu ritmo permite, no entanto, que nos debrucemos sobre as coisas pequenas, os pormenores que tantas vezes são o mais importante. E o que fica na memória ao longo do tempo, os despojos da vida, é o que faz parte de nós, é o rasto da nossa existência que permanece e que conta quem fomos...".

03.07.23

Outro diário de viagem 2

Foureaux

Nada como um dia depois do outro. Isso serve para o bem e para o mal. Nada é definitivo ou unilateral. Os dias passam, podem até se repetir, mas nunca são, de fato, os mesmos. Por mais parecidos que sejam, diferem num ou noutro detalhe que sempre, e mais, pode escapar. Isso já depende de uma série de outros fatores

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. A lista é grande e pode ser enfadonha. Não vou descrevê-la agora, aqui, por enfadonha que é. De mais a mais, a minha preguiça me deixa pouca margem de negociação e tenho considerações mais valiosas (para mim) sobre os três últimos dias. Sábado, dia importante para mim; domingo, o dia mais bobo da semana e hoje que, por aqui, deste lado do grande lago, já está a caminhar para o fim... com calor. No sábado lancei mais um livro de poesia: Andando descalço em asfalto quente – miragens poéticas. A sessão se deu na sede da Academia Portuguesa de Ex Libris, de que sou membro, numa promoção do Real Circolo Francesco II de Borbone, de cuja delegação portuguesa também sou membro. Foi um sucesso, apesar do calor. A amizade que fez com que os presentes afluíssem à sessão fez-me comovido e muito grato. Os amigos estavam ali. Um sábado coroado com louros dourados num jantar No Clara Jardim, um restaurante que já conheço a tempos. Uma delícia, a tertúlia. O domingo, bobo que é, não foi nada de especial. Saí para comprar o que comer e voltei correndo pra casa: a canícula fustiga. O vento ajuda um pouco, sobretudo à sombra. Hoje, não foi diferente. Saí para providenciar passagens para Coimbra e Braga. Planos turísticos. Algumas fotos ilustram esta passagem de três dias. Cantos inusitados de uma cidade que me faz muito bem.

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