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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

Abril 26, 2023

Foureaux

Desde que me entendo por gente sei que a Língua Portuguesa é uma língua viva. Logo, por via de consequência, tudo o que nela se cria é passível de explicação, de esclarecimento. Um dos instrumentos para isso é o estudo da composição das palavras. Nem todas as palavras da Língua Portuguesa são simples. Ou seja, algumas são formadas pela junção de dois (ou mais) elementos. Por exemplo: Filosofia é o nome de uma disciplina (ou ciência, a escolha ainda é livre!) que em sua formação junta dois elementos philo e sophia. Ambos são originários do Grego. Philo quer dizer “amizade, amor fraterno”, sophia quer dizer “sabedoria”. Filosofia, portanto, significa “amizade pela sabedoria”. Claro está que este é o sentido etimológico do termo, o que não impede que outras maneiras de identificar o significado dele sejam possíveis. Falo disso por penso em quatro palavrinhas esquisitas: Escopofobia (medo de ser olhado ou encarado por outras pessoas), Agorafobia (medo e/ou ansiedade de ficar em situações ou locais sem uma maneira de escapar facilmente; medo de grandes áreas abertas); Fagofobia (condição psiquiátrica caracterizada pelo medo de sufocar ou engasgar ao engolir alimentos ou comprimidos). É necessário notar que as três palavrinhas esquisitas têm seu sentido resultante da sua composição com dois elementos, a saber, pela ordem: escopo+fobia, agora+fobia, fagos+fobia. Não estou dando aula de Morfologia, em seu capítulo dedicado à formação de palavras. Por conta disso, dirijo o foco de minhas elucubrações sobre o segundo elemento composicional – fobia. Esta palavra é originária do termo grego phóbos que significa ação de horrorizar, amedrontar, dar medo + -ia, partícula que remete à ideia de organização, sistematização, ordenamento. Em outras palavras, fobia é o termo que indica medo exagerado de algo ou de alguma situação. Gera no indivíduo uma sensação de terror, pânico, ansiedade e perturbação. Ora, ora, ora... Fica mais que cristalinamente claro que todas as palavras que carregam em sua forma o elemento composicional “fobos”, como nos exemplos apresentador, vai ter em seu sentido a ideia de medo. Isso é mito importante para o que desejo, de fato, comentar. Dadas estas diretrizes de raciocínio, vamos considerar três palavrinhas, igualmente esquisitas (ainda que não pela mesma razão). Elas andam circulando serelepes e fagueiras nas “bocas de matildes” que pululam pela face do rincão nacional, para não dizer do planeta. São elas: gordofobia, homofobia e transfobia. Seguindo o raciocínio anterior (sempre lembrando que posso estar redondamente enganado e tendo a certeza de que vou desagradar a muita gente, mas isso não me importa... mesmo!), creio não estar equivocado ao afirmar que gordofobia é medo de gordos/as ou de gordura; homofobia é medo de homossexuais e transfobia é medo de pessoas trans (alguém em sã consciência e de posse de todas as faculdades mentais equilibradamente em funcionamento pode explicar o que é, de fato, isso?). Estou certo? Estou errado? Se é assim, uma pessoa não pode ser presa, criminalizada, escorraçada, isolada, punida por “ser” gordofóbico, homofóbico ou transfóbico. Por uma questão de etimologia, de processos de formação de palavras e de morfologia, essas pessoas identificam pessoas ou situações que têm medo. Não são pessoas que cometem crimes ou ofendem a quem quer que seja. Elas têm medo. Pode ser que os doutos conhecedores de tudo, sempre de plantão para suplantar elucubrações como as minhas, venham a desferir um golpe mortal sobre a minha pretensão obtusa (para eles!). Ou seja, Pessoas que têm medo de fordos/as ou de gordura, de homossexuais e de pessoas trans, podem, em função deste medo, cometer crimes de sectarismo, de ofensa à pessoa humana, ou crimes de outra natureza que o judiciário venha a determinar como tal (é assim que as coisas andam acontecendo aqui nos estados unidos de bruzundanga). Com raiva ou medo (para esses “doutos” dá no mesmo) o resto da humanidade tem que se calar sobre um fato linguístico, ainda que passível de diversa interpretação discursiva. Creio que é possível comparar esta situação com a incrível abstração de acreditar (e querer impor esta crença) na existência de mais de dois sexos, BIOLOGICAMENTE determinados: o masculino (XY) e o feminino (XX). Talvez eu devesse inverter a ordem destes dois nomes, para não ser acusado de misoginia. Mas vou deixar assim como está. Pressinto que as pedras vão começar a cair assim que a postagem “for ao ar”. mais não digo!

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