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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

06.09.23


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“Ouça um bom conselho / que lhe dou de graça...” (Chico Buarque)

Você tem que fazer cara de desdém, quase nojo. Bem blasé! Olha assim como quem não quer nada ou como quem que está se lixando pro mundo. melhor ainda se der uma pitada de empáfia, arrogância, mas só uma pitada. Fica demais, um luxo. Na hora das fotos você tem algumas opções. Uma é fazer biquinho e olhar de sedução. Outra, abrir uma gargalhada bem sonora, pra mostrar o recente implante de resina branca – aquela que transformou sua dentadura num teclado de piano de quinta categoria. Ou então, mais, fácil, bote a língua de fora, isso dá um ar erótico, quase pornográfico. isso rende. Muita gente vai te seguir. Muita “gente” mesmo. Quanto à roupa, bem, aí complica um pouco. São muitos teóricos da moda, muitos “especialistas” em “estética da vestimenta”. Para além disso, você tem que um consultor, para poder dizer em que dia da semana você pode usar tal marca, a que horas, para que tipo de situação e como deve falar, agir, pensar e reagir. É muito complicado. essa parte eu deixo para os “doutores”  em moda, essa “ciência” tão necessária, indispensável mesmo, para quem ser feliz. Não há dúvida. Isso vale para sapatos e acessórios. sempre se lembrando de que marca é tudo. Não interessa quão esquisito – pra não dizer ridículo, senão patético – você fique depois de “montado”. isso é detalhe. Vale o que “as pessoas”  vão pensar, a inveja que você instigar (você acredita mesmo nisso???). ainda assim, arrisco um palpite: leve sempre consigo um livro que seja badalado, publicado pelas Cia. das Letras, lógico, de autoria de alguém absoluta e irrecorrivelmente desconhecido, mas que está “na mídia” e vai ser convidado para aquela “festa”, aquele naquele balneário colonial metido chique, isso, Paraty. O convite para essa “festa” (quem participa acredita que ler é uma festa, coitados...). Esse livro, independente de qualquer coisa e de tudo o mais é um item indispensável para a composição de sua persona descolada, chique, elegante intelectualizada e “antenada”. Todos os particípios de que você não deve esquecer. Ah... você não sabe o que é particípio. Isso eu explico depois. Vamos em frente. Bom isso quanto à aparência – fundamental e determinante. Quanto ao comportamento, é só se lembrar das dicas sobre as fotos. Qualquer coisa, seu assessor de pose pode ajudar. Isso, você tem que ter mesmo um assessor de pose. Quanto ao que dizer, não deixe de usar bem o “aí” fora do lugar 0- faz um sucesso danado na mídia; as gírias dos descolados da pauliceia (leia-se “Faria Lima” ou “Jardins”): faz “paRRRte”. Outra opção é imitar o povo do Leblon, melhor ainda da Barra. No verão é um must. No resto do ano, tem seu charme. Cuidado para não exagerar na neutralidade pronominal, substantiva e adjetiva do jargão progressista. Sim, você vai ter que se cuidar. use com moderação. Cite sempre os mesmos bordões, defenda sempre as mesmas pautas e elogie sempre os artistas perseguidos pelo fascismo do governo anterior. Você vai ser indicado ao oscar da popularidade com uma atitude dessa. Elogie a universidade “pública, gratuita e de qualidade” e meta o pau em gente intolerante, transfóbica, homofóbica, egofóbica, etcfóbica também. Penso que é isso. Se tiver alguma coisa: consulte aquela modista com nome italiano ou então a que é conhecida pelo diminutivo. Pode ser que ajude. Boa sorte!

05.08.23

Unknown.jpegA postagem de hoje é mero resultado do famigerado seleciona-copia-cola. Tão prático, tão falacioso. Tão útil para a minha preguiça. Tirei de uma postagem do Twitter, da página de um médico cujas publicações sempre me interessam por inteligentes, sagazes, sarcásticas (às vezes), sempre acertadas. Fica, portanto, assentado que é apenas isso. Não custa insistir no fato de que o simples compartilhamento não significa a absoluta e irrecorrível concordância com o conteúdo do que é partilhado. Claro está que entre o branco e o preto há muitos tons de cinza – para além das outras cores. Punto i basta!

“Manipulam a narrativa de privilégios e chamam de direitos.

Manipulam a narrativa de trabalhos forçados e chamam de contribuições & impostos.

Manipulam a narrativa de propriedade privada e chamam de função social.

Manipulam a narrativa de pensamento independente e chamam de subversão.

Manipulam a narrativa de centralização da censura e chamam de democracia.

Manipulam a narrativa de tratamento precoce e chamam de negacionismo.

Manipulam a narrativa de risco imunológico e chamam de vacina.

Manipulam a narrativa de transtornos psiquiátricos e chamam de mais políticas inclusivas.

Manipulam a narrativa de p3dofilia e chamam de preferência.

Manipulam a narrativa de assassinato de crianças e chamam de controle de natalidade.

Manipulam a narrativa de masculinidade e chamam de machismo.

Manipulam a narrativa de conhecimento e chamam de arrogância.

Manipulam a narrativa de burrice e chamam de humildade.

Manipulam a narrativa de força e chamam de risco.

Manipulam a narrativa de preguiça e chamam de felicidade.

Manipulam a narrativa de sucesso e chamam de opressão.

Manipulam a narrativa de barbárie e chamam de tolerância.

Pare de ser manipulado.

10:53 AM – 4 de ago de 2023.”

10.05.23

Então é assim: a criatura pinga produto químico nos olhos para ficar cega. Não contente com o resultado faz intervenção cirúrgica e consegue o que deseja? Que médico é esse que se rebaixa tanto? Numa entrevista, a criatura diz estar contente com o resultado. Afirma que desde os 21 nos “sente” que deveria ser cega. Como não era, fez por onde ficar. Que absurdo é esse? Onde vi o vídeo com um trecho de entrevista, há, nos comentários, relatos de outros casos parecidos. Entre eles, o de um sujeito que requisita cadeira de rodas do governo – se não me engano, na Noruega – ganha a dita cuja e sai andando nela, mesmo não tenho nenhum impedimento locomotor. Isto por conta do “fato” de que se “sente” um cadeirante. Isso está mesmo acontecendo? Continua, na USP a série de procedimentos clínicos para “redesignação sexual” – a expressão soa muito bem... deve render muitos Likes nas famigeradas redes sociais... – de crianças e adolescentes? Que brincadeira sem graça é esta? O rapaz, de repente, “percebe” que é mulher e se diz mulher e impõe essa sua vontade. Daí sai nadando com as meninas e ganha todas as provas, bate todos os recordes – por favor falem em bom Português “recórde” – e chega ao topo da lista, a mesma lista em que, em sua condição natural, biológica, de homem, ocupada o lugar de número 471. Um indivíduo desse merece ser levado a sério, merece atenção. Custo a acreditar que há quem o aplauda e apoie. Até anedotas já criaram. O motivo, ao contrário, não tem nada de engraçado. Parece que em Santa Catarina ou Paraná, agora não me lembro, criaram a possibilidade de um homem se aposentar mais cedo. Para tanto, bastaria que ele se declarasse “mulher trans”. O dia em que alguém me explicar, sem deixar dúvida alguma, absolutamente nenhuma, sobre o que vem a ser isso, eu paro de reclamar desses abortos intelectuais. Por que só pode ser isso. É difícil admitir que as pessoas levem mesmo a sério uma quantidade inumerável de barbaridades estúpidas e sem fundamento como estas. Sei que sou um chato. Continuarei sendo. Quem não gostar que vá reclamar com o bispo...

 

QI

20.01.23

Ontem ou anteontem,uma amiga enviou-me mensagem pelo Whatsapp com o texto que segue. Gostei tanto que resolvi partilhar. É bom quando a gente se depara com um texto inteligente, bem escrito e que leva a gente a pensar de maneira sensata e respaldada no bom senso. Espero que quem o ler goste.  Para não dizerem que sou plagiador, cito a fonte que busquei na “rede”: https://www.facebook.com/david.glat

“Via Carlos Ebert

O QI médio da população mundial, que sempre aumentou desde o pós-guerra até ao final dos anos 90, diminuiu nos últimos vinte anos. É a inversão do efeito Flynn.

Parece que o nível de inteligência, medido pelos testes, diminui nos países mais desenvolvidos. Pode haver muitas causas para este fenómeno. Um deles pode ser o empobrecimento da linguagem.

Na verdade, vários estudos mostram a diminuição do conhecimento lexical e o empobrecimento da linguagem: não é apenas a redução do vocabulário utilizado, mas também as subtilezas linguísticas que permitem elaborar e formular pensamentos complexos.

O desaparecimento gradual dos tempos (subjuntivo, imperfeito, formas compostas do futuro, particípio passado) dá origem a um pensamento quase sempre no presente, limitado ao momento: incapaz de projeções no tempo.

A simplificação dos tutoriais, o desaparecimento das letras maiúsculas e da pontuação são exemplos de ‘golpes mortais’ na precisão e variedade de expressão.

Apenas um exemplo: eliminar a palavra ‘signorina/senhorita/mademoiselle’ (agora obsoleta) não significa apenas abrir mão da estética de uma palavra, mas também promover involuntariamente a ideia de que entre uma menina e uma mulher não existem fases intermediárias.

Menos palavras e menos verbos conjugados significam menos capacidade de expressar emoções e menos capacidade de processar um pensamento. Estudos têm mostrado que parte da violência nas esferas pública e privada decorre diretamente da incapacidade de descrever as emoções em palavras.

Sem palavras para construir um argumento, o pensamento complexo torna-se impossível.

Quanto mais pobre a linguagem, mais o pensamento desaparece.

A história está cheia de exemplos e muitos livros (George Orwell - 1984; Ray Bradbury - Fahrenheit 451) contam como todos os regimes totalitários sempre atrapalharam o pensamento, reduzindo o número e o significado das palavras.

Se não houver pensamentos, não há pensamentos críticos. E não há pensamento sem palavras. Como construir um pensamento hipotético-dedutivo sem o condicional? Como pensar o futuro sem uma conjugação com o futuro? Como é possível captar uma temporalidade, uma sucessão de elementos no tempo, passado ou futuro, e a sua duração relativa, sem uma linguagem que distinga entre o que poderia ter sido, o que foi, o que é, o que poderia ser, e o que será depois do que pode ter acontecido, realmente aconteceu?

Caros pais e professores: Façamos com que os nossos filhos, os nossos alunos falem, leiam e escrevam. Ensinemos e pratiquemos o idioma nas suas mais diversas formas. Mesmo que pareça complicado. Principalmente se for complicado. Porque nesse esforço existe liberdade.

Aqueles que afirmam a necessidade de simplificar a grafia, descartar a linguagem dos seus ‘defeitos’, abolir géneros, tempos, nuances, tudo que cria complexidade, são os verdadeiros arquitetos do empobrecimento da mente humana. 

Não há liberdade sem necessidade. Não há beleza sem o pensamento da beleza.

(Christophe Clavé)”. 

30.12.22

Há um certo mistério quando alguém escreve um livro e dá a ele o nome de biografia. Parece que cada palavra sobre o biografado se recobre de certa magia, transforma a vida deste num emaranhado de rocambolescas aventuras, todas ela inalcançáveis para o sujeito comum. Isto é apenas aparente. No causo de alguém escrever a própria biografia, esta “magia” se faz sentir com mais impacto. Felizmente, para a salvação de leitores contumazes, isto só acontece quando o autor da referida obra já é, digamos, consagrado. Isto é um alívio, pois entre a fantasia e a mentira, a fronteira é muito tênue, quase esgarçada. Confesso que não sei por que escrevi isto. No entanto, tenho a certeza de que a ideia me veio depois de terminar a leitura de dois livros de um mesmo autor português. Esta leitura segue a de outro escritor brasileiro, a mim muito caro que, de relance, parece-me aproximar-se ficcionalmente do lusitano. Explico-me. Os livros mais recentemente lidos são Apoteose dos mártires e Embora eu seja um velho errante, do Mario Claudio, português. O brasileiro é Graciliano Ramos e a obra, o primeiro volume de Memórias do Cárcere (em releitura). No caso do escritor português, devo dizer que seu último livro, Apoteose dos mártires não me causou tanta impressão quanto a série de outros que dele tenho lido. Confesso que a descoberta deste escritor é relativamente recente e não fiz uma leitura “cronológica” de sua obra para ensejar avaliação mais consistente. De qualquer maneira, o impacto da leitura deste romance foi menos intenso. Outros livros de Mario Claudio me fizeram ficar mesmo arrepiado com coceira no cérebro, admirado com o talento e a sutileza da escrita do autor. Claro está que não estou negando estes aspectos ao livro a que me referi. Muito longe disso. A escrita de Mario Claudio continua a exercer em mim o mesmo fascínio, mas não posso fugir da responsabilidade de dizer que, vamos lá, gostei menos deste último livro por ele escrito. Como diz um amigo querido – ex-aluno e colega, quase titular, agora – o escritor prima por uma de suas marcas: faz referências a uma personagem em alguns momentos de sua narrativa. E, de repente, dedica a esta personagem um capítulo inteiro. Tal capítulo se faz, por via de consequência, imprescindível para a “compreensão” do enredo. Quanto a este aspecto tenho uma observação a fazer. Creio que já a fiz alhures, em outro momento. Trata-se da constatação de que em boa parte de seus romances. Mario Claudio não se preocupa em desenvolver um “enredo” no sentido tradicional do termo. Explico-me. Percebo nos romances do autor que não há, de fato, uma sequência de episódios que se possa chamar de enredo a ensejar uma espécie de “saga”. De fato, como já disse antes, nos romances de Mario Claudio não “acontece” nada. Sua narrativa se compões de reentrâncias que se locupletam e uma ficcionalização a partir das lacunas que se deixam pelo caminho, sobretudo naqueles romances que tratam de “biografias” de pessoas destacadas da cultura portuguesa: GuilherminaAmadeoThiago Veiga, por exemplo. Nestes, o que a biografia não conta – por opção ficcional do autor do relato romanesco – vem apresentado numa sequência complementar de ilações, interferências e até invenções que acabam por dar forma a um relato coeso e impactante. Olhando para o outro lado do Atlântico, no caso de Graciliano Ramos, como referido de início, não se percebe o mesmo “fenômeno” – de fato, não há de “fenomenal” aqui. Diferentemente, o escritor alagoano não deixa escapar um fiapo que seja da dura realidade que vai apresentando num relato entrecortado de observações argutas sobre o comportamento humano o que acaba por desvelar um discurso ético acerca das idiossincrasias do humano que se debate entre intuições, constatações, imaginações e referências. O tom autobiográfico é mascarado por um discurso que beira o fantasioso quando, de fato, não escapa um milímetro sequer da mais acurada observação de um “objeto” que é mais que concreto porque corriqueiro: a vida humana em uma de suas facetas mais chocantes e dolorosas. Entre os dois escritores, em alguma medida, pode-se identificar um traço comum: sua sede por compreender o fenômeno da humanidade em suas mais diversificadas manifestações; seja pelo entendimento das ações e reações em enfrentamento direto e constante com a realidade, no caso de Graciliano Ramos; seja na busca de preencher lacunas “biográficas” que a realidade, ela mesma, não é capaz de preencher em sua fatualidade consequente. Num e noutro caso, fica a certeza de que se trata de dois exemplos acabados e suficientes – em si mesmos – de literatura densa e consequente, preocupada com a matéria com que trabalha em busca de uma expressão que ultrapassa estereótipos de modelos explicativos que não se sustentam. Evoé Literatura!

01.11.22

Dizem que o autor do texto que segue é do Nicolau Maquiavel. Segundo ouvi dizer por aí, ele mesmo não era maquiavélico (sic)! De uma forma ou de outra, devo dizer que não fui “às fontes”. Não gastei meu tempo procurando saber se é fato mesmo que a autoria é mesmo do Maquiavel. Não tenho o costume de fazer isso, sobretudo quando faço postagens em meu blogue – que é “meu”! Dizem que isso é errado. Não faço por pura preguiça. E não tenho vergonha disso. Como ele, o blogue, tem pouquíssimos leitores, o risco de receber a visita do “federal black uber” é mínimo! Vai ver é por isso mesmo que acabei taxado de fascista, intolerante, preconceituoso. Nada contra. cada um pensa o que quiser do outro. Não posso fazer nada. Chega de blá-blá-blá. Segue o texto.

“Um povo que aceita passivamente a corrupção e os corruptos, não merece a liberdade. Merece a escravidão. Um país cujas leis são lenientes e beneficiam bandidos, não tem vocação para a liberdade. Seu povo é escravo por natureza. Um povo cujas instituições, públicas e privadas, estão em boa parte corrompidas, não tem futuro. Uma pátria, onde receber dinheiro mal havido a qualquer título é algo normal, não é uma pátria, pois nesse lugar não há patriotismo, apenas interesses e aparências. Um país onde os poucos que se esforçam para fazer prevalecer os valores morais, como honestidade, ética, honra, são sufocados e massacrados, já caiu no abismo há muito tempo. Só tenho compaixão daqueles bravos, que se revoltam com esse estado de coisas. Àqueles que consideram normal essa calamidade, não tenho nenhum sentimento. Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!”

25.10.22

Traduzi o poema abaixo de uma língua estrangeira. Adaptei seu conteúdo, com menos explicitude, para não correr riscos. É preciso enxergar, para além de ver...

 

“É proibido          mostrar imagens.

                               pendurar a bandeira do Brasil em qualquer fachada.

                               utilizar fatos históricos em documentários.

                               falar que ele defende a legalização do aborto.

                               afirmar que ele é a favor da liberação das drogas.

                              asseverar que ele pactua coma validade das invasões de terras.

                              confirmar que ele quer a volta de censura.

                              divulgar a sua amizade com ditadores latino-americanos.

                              dizer que há ligação sua com as farc’s.

                              propalar que ele foi condenado.

                              insinuar que ele é ladrão.

                             deduzir que ele se favoreceu de manobras ‘superiores’.

                             rir do fato de que ele tem amigos ‘superiores’ que o protegem.

                             relacioná-lo à morte daquele outro.

                             ligá-lo àquele ‘cabo eleitoral’ detido.

                             associar sua pessoa ao pê com dois cês.

                            comentar sobre o ‘lobo solitário’ internado.

                            fazer menção ao atentado de seu colega.

                            admirar-se de sua desenvoltura no ‘complexo’.

                            rir do fato de um hacker fez o que quis e nada aconteceu com ele.

                            admirar-se com o fato de que o “sigilo” a tudo encobre.

                           ‘lamentar’ a perda (provocada) de todos os dados da invasão.

                           sugerir a interferência de um dos supremos na famigerada auditoria.

                           comentar sobre a vulnerabilidade de certas máquinas.

                           duvidar da segurança dessas mesmas máquinas.

                           denunciar as concretas fraudes eleitorais.

                           indagar sobre a parcialidades dos dois ‘tês’, um com ‘f’ outro com ‘e’, ambos

                           com ‘s’ pelo meio...

                          afirmar que existe (de novo) censura no país.

                          gritar que existe perseguição a certos grupos.

                         suspeitar do flagrante e sucessivo desrespeito à lei maior.

                         noticiar a ilegalidade certos inquéritos...

                         constatar e se assustar com a exceção que volta, com força.

 

É proibido, ‘mas eu canto’, apropriando-me de outro poeta...

Talvez, um dia,

quem sabe,

todo o resto volte a ser possível.”

13.08.22

Recebi de uma amiga que não indicou a autoria. Tomei a liberdade de fazer algumas correções e modificações, em prol da clareza. Claro está que nem tudo mundo vai gostar... Não posso fazer nada!

Há 52 anos, Dilma Rousseff, em 1968, com Pimentel (ex governador de Minas Gerais), e outro terrorista, invadiram a invernada do Barro Branco, chegando ao posto avançado da Escola de Bombeiros, atacando o sentinela soldado da Polícia Militar de São Paulo, Antônio Carlos Jefery, matando-o, sem chance de defesa e roubando sua arma. Impunes, lograram uma vida política. Ela chegando à Presidência da República, ele governador de Minas Gerais e o outro Ministro ... Jefery, aos vinte e três anos, morreu. Os assassinos recebem pensão milionária do Estado. Alguém da família do soldado recebe pensão de praça da PMSP.

Início da madrugada de 20 de setembro, uma da manhã, sexta-feira, o “Soldado Aluno” Antônio Carlos desloca-se para a guarita, em substituição de outro colega, que estava de serviço, o também “Soldado Aluno” Dalmiro Della Rosa, com mesma idade de Antônio Carlos, 20 anos. Estava armado com uma metralhadora marca INA, calibre 45, com carregador municiado com 30 cartuchos. O local era distante uns cem metros da Escola, que ficava em uma elevação. De repente, um VW Fusca bordô, em alta velocidade, sem placas, aproxima-se do novato, que tentou pará-lo. Sem pestanejar, fuzilam-no com quatro tiros de revólver. A metralhadora INA e seu carregador foram por eles subtraídos, evadindo-se em alta velocidade. Os assassinos pertenciam ao grupo intitulado “Vanguarda Popular Revolucionária - VPR” que, pelas armas, tentavam instaurar no Brasil um estado comunista. Era o segundo policial abatido naquele mês. O primeiro, no dia sete de Setembro, em situação similar, fora o soldado José Custódio de Souza, 27 anos, solteiro, há seis anos na Força Pública, metralhado durante aquela madrugada, quando no serviço de sentinela no prédio do DEOPS - Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo, no Largo General Osório, no centro da Capital.

Menos de três meses antes, outra vítima, Mário Kozel Filho, soldado do Exército Brasileiro, que prestava o tempo de serviço militar obrigatório. Kozel, na madrugada de 26 de junho de 1967, estava de sentinela no Quartel General do II Exército, no bairro do Ibirapuera, na Capital Paulista. Por volta das 04h30, uma camioneta, carregada com 50 quilos de dinamite investiu contra o Quartel do Exército, chocando-se no muro. O motorista, que antes saltara, conseguiu fugir.

Com o impacto, o soldado Kozel fora averiguar a situação, justamente no momento da explosão: morreu com o corpo dilacerado, o jovem militar. Outros três soldados, também conscritos, ficaram muito feridos na ação da mesma VPR.

No dia seguinte, 21 de setembro de 1968, seu corpo foi saudado com 3 salvas de sete tiros cada, por 10 soldados do Corpo de Bombeiros local, ao som da Marcha Fúnebre, sob os acordes da Banda da Instituição.

O corpo do soldado Antônio Carlos Jeffrey foi colocado no carro nº 105 do Corpo de Bombeiros, com o caixão encoberto pela Bandeira do Brasil, em sua última viagem terrena, com destino ao Cemitério da Filosofia, no bairro de Sabó, também em Santos. À frente do cortejo, batedores da Guarda Civil. As ruas repletas de populares, que se despediam do herói. o silêncio eram suas homenagens. Uma multidão seguia o carro dos Bombeiros. Ao fundo, o som das sirenes das viaturas que acompanhavam o extinto. Chegada ao Cemitério. No entorno do local de sepultamento aproximadamente 1.500 pessoas.

Como se observa, os anos 60 e 70 estão repletos de nomes das forças de segurança que foram assassinados por terroristas e guerrilheiros, sendo que o principal nome na corporação é o do Capitão Alberto Mendes Junior.

No Exército foram mortos, além do Soldado Mário Kozel Filho, muitos militares. Desconhecidos da nação porque não estão nos livros de História! Aquela história contada pelos professores doutrinados pelos bandidos desses anos macabros para o povo brasileiro!!!

12.07.22

O intervalo desta vez foi mais longo. Não sei dizer se proposital ou apenas circunstancial. Arriscaria o palpite de que foi um pouco de cada. Uma mistura. Quem me conhece há está acostumado. Isto posto, segue mais uma série de mal traçadas linhas obre um autor que aprendi a gostar, que conheci pessoalmente e que me agrada muito.

Três são as fases da vida. Três, os momentos do dia. Três, os pedidos que Aladim fez ao gênio da lâmpada maravilhosa. No conto infantil, as maravilhas realizadas pelo “gênio’ encantam e divertem, mas não eixam de, nas entrelinhas, instigar raciocínios outros que podem ser interpretados como nem tão infantis assim. De um jeito ou e outro a ideia de se encontrar um gênio e poder fazer três pedidos continua alimentando a imaginação e as fantasias humanas. Assim é com Octávio, um funcionário público daqueles bem típicos. O nome apresentado leva o “c” porque é criação portuguesa. O autor quis, desse modo, reafirmar sua autonomia com a utilização de letras e outras guirlandas vocabulares que lhe garantem o fluxo e o refluxo de ideias. “Acordos”, “reformas” e quejandos não são capazes de conter o ímpeto criador de quem escreve, como é bem o caso aqui. Octávio C. é o nome “completo” da personagem de um livro encantador, não como o conto de Aladim, mas de uma maneira muto sua, já minha conhecida, assim como de muito mais gente mundo afora. Octávio C. é funcionário público, como disse. Trabalha na Conservatória. É como um cartório de notas e ofícios do lado de cá do grande lago. Octávio C. se relaciona bem com seus colegas de trabalho. Um deles trata das mortes, a outra dos divórcios, um outro dos nascimentos. Ali, na Conservatória, cada um tem seu papel bem desenhado e definido. Faz parte da boa conduta funcional, neste ambiente, cumprimento de suas funções, o reconhecimento das relações entre os diversos registros e, acima de tudo, o respeito à hierarquia funcional. O serviço público parece não mudar muito de um continente para o outro. Otávio C. está apaixonado por uma de suas colegas de trabalho, mas não consegue verbalizar seu sentimento nem tomar uma atitude que o leve a consumar o afeto que alimenta a sua paixão. Depois de se lembrar de uma história contada pelo avô, por conta de situações e circunstâncias que não convém desvelar aqui – o assim chamado spoiler estragaria o prazer de possíveis leitores do romance (porque se trata de um romance) – Octávio C. manuseia, ainda uma vez, uma lamparina dourada que seu avô – que só conversava com ele em inglês, quando conviveram na infância do próprio Octávio. A ilusão dos três pedidos se desfaz, mas em sonhos, o gênio da lâmpada aparece e interage com Octávio C. Obviamente, ele faz seus três pedidos: um mundo sem armas, um mundo sem dinheiro, um mundo sem medo. O gênio, como no conto, da irreversibilidade dos pedidos, no que tange a seus efeitos. Octávio bate o pé. O gênio tenta induzir Octávio C. a pedir alguma coisa que definisse o “estado da arte” de seu sentimento em relação à companheira de trabalho. Nada. Os três pedidos continuam sendo os mesmos e o gênio os concede. As consequências, apresentadas numa narrativa divertida e pitoresca, são as mais inusitadas. Para surpresa de todos, inclusive do próprio Octávio. De novo, abro mão de mais alguns spoilers... O que vale a pena é acompanhar a trilha que Octávio C. apresenta ao leitor, pelas mãos de um narrador que observa e, insidiosamente, se intromete colorindo sua narrativa com humor igualmente colorido e, ainda uma vez pitoresco, as diversas formas que a personagem central vai encontrando de discutir (consigo mesmo e com o gênio a lâmpada) sobre os já referidos efeitos e as inesperadas consequências de seus três pedidos. No fundo, de maneira sutil, mas contundente, o desejo – sob a égide de Freud e Lacan – pontifica o desenrolar desta narrativa que volta a um universo já visitado e soberbamente explorado pelo mesmo autor.  O romance se chama Os três desejos de Octávio C. Seu autor é o já por mim comentado Pedro Eiras, que é professor na Universidade do Porto. Esteve recentemente em São Paulo, participando da Bienal do Livro que, neste ano, homenageou a “terrinha”, lá do outro lado do grande lado: Portugal. Numa entrevista (https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/8913.pdf), Pedro Eiras diz: “Olha, para te dizer a verdade, nunca pensei nessas duas palavras – utopia, distopia – ao escrever Os Três Desejos de Octávio..., enfim, os teus Desejos. Digamos que não precisei desses nomes, na altura; mas não quer dizer que não sejam uma boa descrição do que acontece nessas páginas. O vocabulário teórico pode vir mais tarde – quando me transformo em leitor, de mim mesmo, entenda-se. A teoria é ao retardador.”. O trecho pode parecer confuso. Continuará assim se você que me ler não tiver a curiosidade de ir até a fonte, citada entre parênteses) não sem antes, ou depois, ir até o livro mesmo e lê-lo, com prazer, como eu o fiz. Fica o convite.

05.05.22

Cheguei ao fim da terceira leitura de Guerra e paz, de Tolstói. Que livro chato. E quem me lê não vai sequer vislumbrar a mais pálida ideia do prazer que sinto quando digo isso: que livro chato. Como não tenho que pedir benção a ninguém (aposentei-me como titular de Literatura Portuguesa e Comparada, portanto, no topo da carreira), não tenho nenhum pudor em dizer e repetir: que livro chato! O mesmo eu já tinha dito, alhures, sobre outro romance: À la recherche du temps perdu. Outra chatice. Imensa. Abissal, ainda assim, chatice. Com isso, não quero dizer que Tolstói e Proust sejam maus escritores ou que seus livros não prestam. Por óbvio que não! Aí sim, eu seria estúpido e desinformado. No entanto, reconhecer o lugar ocupado de um escritor numa série literária, não me obriga a gostar dele. Além disso, não me obriga também a subscrever o que dele se diz por aí, há anos... Longe disso. Quando dava aulas, sobretudo quando falei de Os lusíadas e Grande sertão: veredas, costumava dizer a mesma coisa. Costumava observar que o poema de Camões chegava a ser enfadonho por conta de sua constância. Tal sensação, no entanto, era dissipada pelo prazer de perceber a beleza das imagens, a elegância do desenrolar dos episódios e o maravilhamento da construção ficcional; desenvolvida pelo poeta. Obra de gênio. No entanto chata de ler, repito, por conta da estrutura. Há que ressaltar que variabilidade de estrutura nunca foi critério de valoração para obra de ficção – seja em prosa, seja em verso. Tolstói é um escritor mais que importante, mais que necessário. Gosto de Anna Karênina que li, também pela terceira vez. Termino a terceira leitura de Guerra e Paz para tentar, pela última vez – devo confessar – não me deixar vencer pela chatice do livro. Sucumbi à chorumela do francês. Mas o russo não. Em que pese a minha chatice de se ver na leitura do citado romance a acabar, devo reconhecer que certas passagens me fascinam: todos os embates entre Anna e o marido, a cena da corrida de cavalos, a cena inicial da morte na estação de trem – que, em certa medida, é revivida pela protagonista em seu suicídio. Os diálogos e a descrições são absolutamente impecáveis. Não há como negá-lo. No entanto, o resto, sobretudo as intermináveis, enfadonhas detalhadíssimas e, para mim, completamente insossas descrições de pormenores da guerra envolvendo Rússia e França chegam a perder completamente o sentido para mim, na leitura que faço do romance. No entanto, é admirável o conjunto dos ótimos capítulos do epílogo do romance. Para quem gosta se interessa pelas relações entre Literatura e História, para aqueles que se comprazem com os estudos acerca do romance histórico, estes capítulos finais são praticamente um tratado. Não sei dizer qual teria sido a intenção de Tolstói ao fazer o que fez. Penso, de qualquer maneira, que isso, de fato, não interessa! Basta reconhecer o que reconheci, ler o romance e pronto. Agora, não venham me obrigar a gostar dele. Não gosto!

 

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