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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

13.07.25

Idade

Foureaux

Resultado de imagem para idade

Apesar de não gostar do (suposto) auto do texto que segue, compartilho – depois de receber de uma queridíssima amiga portuguesa, a Ana Aurora. Os parênteses se justificam pois não tenho a pachorra e/ou paciência de gastar tempo verificando a veracidade da autoria. De mais a mais, em tempos de IA – já há quem diga que isso é impossibilidade pois a tal IA não existe como tal – não é mais possível afirmar NADA com SEGURANÇA... Entã, fica simplesmente o compartilhamento...

“EU TENHO VOCÊ (Reflexões do oncologista brasileiro Drauzio Varela)

A terceira idade da vida começa oficialmente aos 60 anos e espera-se que termine aos 80.

A quarta idade, ou velhice, começa aos 80 anos e termina aos 90.

A longevidade começa aos 90 anos e termina após a morte.

O principal problema de uma pessoa idosa é a solidão. Frequentemente, os cônjuges não envelhecem juntos, alguém sempre vai primeiro. Um viúvo ou viúva se torna um fardo para sua família. Por isso, é tão importante não perder o contato com amigos, se reunir e se comunicar com frequência, para não ser um fardo para os filhos e netos, que provavelmente nunca dirão isso.

Minha recomendação pessoal é não perder o controle da sua vida. Isso significa decidir quando e com quem sair, o que comer, como se vestir, a quem ligar, a que hora dormir, o que ler, com o que se divertir, o que comprar, onde morar etc. Porque se você não pode fazer todas essas coisas livremente e por conta própria, você se tornará uma pessoa insuportável que será um fardo para a vida dos outros.

William Shakespeare disse: ‘Sempre se sinta feliz!’ Você sabe por quê? Porque não espero nada de ninguém. A espera sempre é agonizante. Os problemas não são eternos, sempre têm uma solução. Acredita-se que somos culpados pelos nossos problemas. O único para o que não há cura é a morte.

Antes de reagir... inspire profundamente; Antes de falar... escute; Antes de criticar... olhe para si mesmo; Antes de escrever... pense com cuidado; Antes de atacar... renda-se; Antes de morrer... viva a vida mais linda que puder!!!

A melhor relação não é com a pessoa perfeita, mas com alguém que aprendeu e está aprendendo a viver de forma tão interessante e bonita quanto possível. Observe as deficiências das outras pessoas..., mas também admire e elogie suas virtudes.

Se você quer ser feliz, tem que fazer alguém feliz. Se você quer algo, primeiro deve dar algo de si mesmo. Você precisa se rodear de pessoas boas, amigáveis e interessantes e ser um deles.

Lembre-se: Nos momentos difíceis, mesmo com lágrimas nos olhos, levante-se e diga com um sorriso: ‘tudo está bem, porque somos frutos de um processo evolutivo’.

Pequeno teste: Se você não reenviar esta mensagem para ninguém, então você é uma pessoa infeliz e solitária que não tem amigos. Envie esta mensagem às pessoas que você valoriza e nunca esquecerá!”

27.06.25

Cultura (?)

Foureaux


Que diabos uma mulher carregando um filho no carinho de bebê, puxando outro maiorzinho pela mão, com três sacolas de supermercado penduradas no braço faz andando pela rua, ao lado dos carros, em vez de caminhar pela calçada? Quem, em sã consciência (não ouso dar o nome de pai ou mãe) carrega uma criança na garupa de sua motocicleta e faz ultrapassagens perigosas e ilegais ou ilegais e perigosas (você escolhe!)? Que distorção de personalidade nefasta, indecente e vil leva alguém a armar um golpe contra indefesos e se vangloriar disso? A estas situações (e fiz um esforço enorme para “selecioná-las”!) pode-se dar o nome de barbárie (?). Estava pensando em escrever uma postagem raivosa, catártica e desprovida de controle para externar minha indignação, quando recebei de uma amiga, uma mensagem com o texto que segue abaixo. Tire sua própria conclusão.

Há anos, um estudante perguntou à renomada antropóloga Margaret Mead qual seria, em sua visão, o primeiro sinal de civilização em uma cultura antiga. Ele esperava uma resposta técnica – talvez ferramentas, cerâmica, lanças ou pedras de moer. Mas Mead surpreendeu: “O primeiro sinal de civilização é um fêmur quebrado… e depois curado.” No mundo selvagem, um osso fraturado é sentença de morte. Um animal ferido não consegue fugir, caçar, buscar água. Morre. Sozinho. Porque na natureza, ninguém para. Ninguém espera. Ninguém cuida. Mas um fêmur curado é uma evidência poderosa. Alguém viu a dor. Alguém parou. Carregou. Protegeu. Alimentou. E ficou ali – tempo suficiente para que o outro se curasse. Isso, para Margaret Mead, foi o início da civilização: o momento em que um ser humano decidiu que a vida do outro importava mais do que a própria pressa. Quando a compaixão superou o instinto. Quando cuidar se tornou um ato de sobrevivência coletiva. Num mundo que nos ensina a correr, competir e vencer sozinhos, essa história nos lembra o que realmente nos torna humanos: ser civilizado é cuidar. É parar. É estender a mão.
Porque a verdadeira grandeza começa onde termina o egoísmo.
(Fonte: @sobreliteratura_)

01.04.25

Comparações...

Foureaux

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No quarto e último capítulo do conto “Civilização”, o narrador criado por Eça de Queiroz diz o seguinte:

“O pobre Jacinto, esbarrondado pelo desastre, sem resistência contra aquele brusco desaparecimento de toda a civilização, caíra pesadamente sobre o poial de uma janela, e dali olhava os montes. E eu, a quem aqueles ares serranos e o cantar da pegureira sabiam bem, terminei por descer à cozinha, conduzido pelo cocheiro, através de escadas e becos, onde a escuridão vinha menos do crepúsculo do que de densas teias de aranha. (...)

Voltando acima, com estas consolantes notícias de ceia e cama, encontrei ainda o meu Jacinto no poial da janela, embebendo-se todo da doce paz crepuscular, que lenta e caladamente se estabelecia sobre vale e monte. No alto já tremeluzia uma estrela, a Vésper diamantina, que é tudo o que neste céu cristão resta do esplendor corporal de Vénus! Jacinto nunca considerara bem aquela estrela — nem assistira a este majestoso e doce adormecer das coisas. Esse enegrecimento de montes e arvoredos, casais claros fundindo-se na sombra, um toque dormente de sino que vinha pelas quebradas, o cochichar das águas entre as relvas baixas — eram para ele como iniciações. Eu estava em frente, no outro poial. E senti-o suspirar como um homem que enfim descansa. Assim nos encontrou nesta contemplação o Zé Brás com o doce aviso de que estava na mesa a ceiazinha. (...).”

Trata-se do início do processo de “mudança” pelo qual vai passar a personagem Jacinto. Fato é que em livro posterior, A cidade e as serras, o mesmo Eça vai retomar esta história sem conseguir findá-la. O que me interessa aqui, entretanto, é a “mudança” que se anuncia no trecho destacado. Lembrei-me dela ao ler outro texto escrito pela juíza substituta da 6ª Vara Criminal de Londrina-PR, Isabele Papafanurakis Ferreira Noronha (Até onde eu sei, ela não defendeu tese de doutoramento, logo, não é “Dra.”!), escreveu um texto que merece ser compartilhado:

“Que sua rejeição por ele não seja maior que sua rejeição pela corrupção. Que sua rejeição por ele não seja maior que sua rejeição de ver o país governado de dentro da prisão pelos comandos de um candidato condenado em duplo grau de jurisdição, assim como ocorre com os líderes das facções criminosas já tão conhecidas. Que a sua rejeição por ele não seja maior que os ensinamentos que você recebeu de seus pais sobre não subtrair aquilo que é dos outros. Que sua rejeição por ele não seja maior que os princípios de educação, moral e cívica que você aprendeu quando criança nos bancos das escolas, na época em que escola ensinava o que, realmente, era papel da escola. Que sua rejeição por ele não seja maior do que sua indignação com a inversão de valores existentes em nossa sociedade atual. Que sua rejeição por ele não seja maior do que seu medo de viver o que já está vivendo a população dos países “amigos deles”, tais como, Venezuela, Bolívia e Cuba. Que sua rejeição por ele não seja maior que sua indignação com cada escândalo de corrupção e desonestidade revelados na lava a jato. Que sua rejeição por ele não seja maior do que seu pânico de viver numa sociedade tão insegura, onde pais de família são mortos diariamente e audiências de custódias são criadas para soltar aqueles que deveriam pagar por seus crimes. Que sua rejeição por ele não o leve ao grave erro de demonizar a polícia e santificar bandido. Que sua rejeição por ele não seja maior que sua defesa pelo fortalecimento da família, como estrutura básica da sociedade. Que sua rejeição por ele não seja maior do que sua repulsa pelo mal que as drogas têm causado em nossas famílias. Que sua rejeição por ele não seja maior que sua esperança de ter um país melhor para viver. Que sua rejeição por ele não tire sua capacidade crítica de apurar tudo que é tendencioso na mídia. Enfim, que sua rejeição por ele não o deixe cego a ponto de não enxergar que, neste momento, o Brasil está numa UTI e seu voto deve ser ÚTIL para salvá-lo. Não brinque com isso, não se iluda com a maquiagem dos discursos bonitos.”

Alguma sinapse provocou meu desejo de partilhar estes dois textos. Outra consequência, talvez, da mesma sinapse foi a vontade de deixar, para quem quer que leia estes textos, o espaço livro para as próprias associações. Opto tibi bonam lectionem!

27.03.25

Triste cotidiano

Foureaux

A mulher tenta fazer crescer sua renda dando aulas de reforço em sua própria residência. Ela já trabalha em duas escolas e faz isso por conta da condição salarial que dispensa comentários... Acabou de receber mais um estudante. No correr da semana, o garoto não fez a lição proposta pela professora na escola em que estuda. A professora de reforço diz que ele tem que fazer a lição. O menino se nega. Ela insiste. O menino dá um tapa na cara da professora. Ela o coloca de castigo e telefona para os pais do garoto. A mãe vai à casa da professora e tira de lá seu filho, sem conversar com a professora. Na semana seguinte, o menino volta para o reforço. A professora pergunta o que a mãe disse a ele sobre o que acontecera. Ele disse que a mãe não disse nada. A professora liga de novo para os pais e recebe a visita deles acompanhados por uma tia do guri. A professora é agredida e o menino, segundo sua mãe, “resgatado”. Com alguma possível discrepância (estou reproduzindo a história sem consulta a fontes, nem rascunho, apenas de memória) foi isso o que aconteceu. E eu me pergunto: o que dizer disso? Partilhei no facebook um vídeo com essa notícia (tentei encontrá-lo para colocar aqui, mas já não existe... vai-se saber o porquê). Desafiei as pessoas da lista na qual partilhei o vídeo com a seguinte provocação: “quero ver quem vai dar razão aos pais”. Nenhuma, absolutamente nenhuma reação ou resposta. Isso me fez pensar que alguma coisa está errada. Não vou levar esta discussão adiante aqui. No entanto, isso também me fez pensar no fato de que estou ficando velho e menos permeável a certas idiossincrasias (para ser elegante e educado). Estou ficando velho e mais chato. Coincidência (elas existem mesmo?) ou não, deparei-me com um texto atribuído à atriz norte-americana Meryl Streep (também não fui atrás das famigeradas fontes. Pode ser que não haja possibilidade de aproximação entre os dois relatos que fiz. Pode ser. Tudo pode ser. Foro íntimo, penso que estão, de alguma maneira, em alguma medida, intrinsecamente relacionados. O livre arbítrio ainda existe e, ao que parece, não está taxado nem pode ser usado como peça de incriminação... Reproduzo o dito cujo e fico por aqui:

“Envelhecer não é para os fracos. Um dia você acorda e percebe que a juventude ficou para trás, mas com ela também se vão as inseguranças, a pressa, a necessidade de agradar. Você aprende a andar mais devagar, mas com mais certeza. Despedir-te sem medo, dar valor a quem fica. Envelhecer é soltar, é aceitar, é descobrir que a beleza nunca esteve na pele, mas na história que carregamos dentro de nós.”

05.12.24

Desesperança

Foureaux

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Em tempos de Natal, ou, mais acertadamente, de Advento, os dois textos que seguem tangenciam o tema. Numa tentativa de contextualizar a minha desesperança, o meu ceticismo, minha tristeza, minha vergonha e minha raiva, uso os dois para favorecer a possibilidade de tentar manter o espírito elevado, numa terra de ninguém e que se transformou isso a que chamam de país... Espero que consigam tirar proveito dos textos, porque de minhas ideias e da situação em que estamos, não há como...

Texto do Cardeal José Tolentino Mendonça 

“Sobre a amizade

O modo como uma grande amizade começa é misterioso. Podemos descrevê-lo como um movimento de empatia que se efetiva, um laço de afeição ou de estima que se estreita, mas não sabemos explicar como é que ele se desencadeia. Irrompe em silêncio a amizade. Na maior parte das vezes, quando reconhecemos alguém como amigo, isso quer dizer que já nos ligava um património de amizade, que nos dias anteriores, nos meses anteriores, como escreveu Maurice Blanchot, ‘éramos amigos e não sabíamos’.

Aquilo de que uma amizade vive também dá que pensar. É impressionante constatar como ela acende em nós gratas marcas tão profundas com uma desconcertante simplicidade de meios: um encontro dos olhares (mas que sentimos como uma saudação trocada entre as nossas almas), uma qualidade de escuta, o compartilhar mais breve ou demorado de uma mesa ou de uma conversa, um compromisso comum num projeto, uma qualquer ingénua alegria… A linguagem da amizade é discreta e ténue. E, ao mesmo tempo, é inesquecível e impressiva.”

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Rezas Antigas Portuguesas

Não tenho notícias sobre a autoria)
Quando pedires alguma coisa a Dezembro, pede que te traga presentes que não se vendem em lojas: um ‘gosto muito de ti’, um ‘obrigada por existires’, um ‘estou aqui para ti, sempre’.
Quando pedires alguma coisa a Dezembro, pede que te traga de presente abraços apertados, gargalhadas altas, colo de quem mais amas, mãos dadas o ano inteiro, ombros que te seguram, corações onde podes morar sem prazo de validade.
Quando pedires alguma coisa a Dezembro, pede que te traga de presente olhos que brilham por ti e para ti, palavras que te protegem e cuidam como sol em dias frios, os pequenos nadas que valem tudo na vida, o essencial que ocupa, sem pesar, o lado esquerdo do peito, e o fermento da alegria que faz a vida valer a pena.
Quando pedires alguma coisa a Dezembro, pede que te ensine a viver de peito aberto e a acreditar - sem mas - que há uma luz ao fundo do túnel para cada escuridão que tiveres de enfrentar.

12.11.24

Bobagem

Foureaux

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Mais um dia sem a menor vontade de escrever algo inventivo. De mais a ais, pra quê? Vai ficar por aí mesmo, tomando poeira, chá de indiferença, injeção de esquecimento. É assim mesmo. Sendo assim, na limpeza que ocasionalmente faço, encontrei a bobagem que segue. Ri um pouco, é verdade. Então partilho, já sabendo que muitos narizes hão de se torcer... Que pena, não posso fazer nada... Ria... se puder!

Frases do dia!

Os políticos brasileiros, são os mais católicos do mundo.... Não assinam nada sem levar um terço.

Os assaltos continuam e em cada pedaço de terra deste imenso Brasil, eles são praticados de forma diferente.

Tipos de assaltantes: mineiro – ô, prestenção. issé um assarto, uai. Levantus braço e fiketin quié mió prucê. Esse trem na minha mão tá chein de bala... Mió passá logo os trocado que eu num to bão hoje. vai andano, uai ! Tá esperanuquê, sô?; bahiano – Ô meu rei... (pausa) Isso é um assalto... (longa pausa) Levanta os braços, mas não se avexe não... (outra pausa) Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado. Vai passando a grana, bem devagarinho (pausa pra pausa) Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado. Não esquenta, m u irmãozinho, (pausa) Vou deixar teus documentos na encruzilhada; carioca – Aí, perdeu, mermão! Seguiiiinnte, bicho. Isso é um assalto sacô? Passa a grana e levanta os braço rapá... Não fica de caô que eu te passo o cerol... Vai andando e se olhar pra trás vira presunto...; paulistano – Ôrra, meu... Isso é um assalto, meu. Levanta os braços cara.. Passa a grana logo, meu. Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do Coríntia, meu... Pô, agora se manda, meu; gaúcho – Ô guri, ficas atento .. isso é um assalto. Levanta os braços e te aquieta, tchê ! Não tentes nada e cuidado que esse fação corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá ! E te manda, senão o quarenta e quatro fala; de Brasília – Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer que no final do mês, aumentaremos as seguintes tarifas: energia, água, esgoto, gás, passagem de ônibus, imposto de renda, licenciamento de veículos, seguro obrigatório, gasolina, álcool, IPTU, IPV A, IPL, ICMS, PIS, COFINS...

05.11.24

Declaração de amor

Foureaux

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Quando dei aulas sobre Literatura Brasileira, sobretudo nos últimos semestres (nos cinco anos finais de minha “carreira” – por questões meramente burocrático-administrativas – lecionei apenas Literatura Portuguesa e Literatura Comparada), assim como, quando lecionava outras matérias literárias, lia poemas (inclusive) em sala de aula. Isso era considerado perda de tempo e falta de didática por alguns doutos “pares” que faziam cara de chacota quando isso era mencionado. Sim, eu lia textos literários em sala de aula!!! Heresia! Anátema! Fosse nos domínios do tio Sam... shame on you!, era o que eu ouviria... Bom... Sempre procurei desmerecer as “bocas de matildes” e continuei lendo poemas, contos, trechos de romances, etc. em minha aulas. Numa delas, apresentei esse poema – lido primeiro, escutado depois – para afirmar, de cara, que seus dois primeiros versos são a mais acachapante declaração de amor de que tenho notícia. Adoro o termo “acachapante”: diz tudo, é sonoramente forte, expressivo, vigoroso. Fiquei com o poema. procurem pela gravação de Adriana Calcanhoto (desconheço se há outra... Caso haja, não vai superar a da cantora gaúcha). Uživati! É bom proveito em croata...

Inverno

No dia em que fui mais feliz
Eu vi um avião
Se espelhar no seu olhar até sumir
De lá pra cá não sei
Caminho ao longo do canal
Faço longas cartas pra ninguém
E o inverno no Leblon é quase glacial
Há algo que jamais se esclareceu:
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo
O leão que sempre cavalguei?
Lá mesmo esqueci
Que o destino
Sempre me quis só
No deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar
Não sei o que em mim
Só quer me lembrar
Que um dia o céu
Reuniu-se a terra um instante por nós dois
Pouco antes do Ocidente se assombrar

(CÍCERO, Antônio. “Inverno”, inGuardar. Rio de Janeiro: Record, 1996.

 

25.09.24

Homenagem

Foureaux

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O texto que segue, li-o na página de uma amiga que há tempo não encontro, pessoalmente: Rosalilia Torres Delabary. Gostei, tendo ficado, intimamente, gtocado O tempo passa e as lições ficam... Não mexi no texto. Só selecionei, copiei e colei...

UM JOVEM ENCONTRA UM MAIS VELHO E LHE PERGUNTA: 

- Lembras-te de mim? E o velho diz que não. 

Então o jovem diz-lhe que foi seu aluno. E o professor pergunta-lhe: 

- Ah, é? E que trabalho faz agora? 

O jovem responde: - Bem, sou professor. 

- Oh, que lindo como eu? diz-lhe o velho. 

- Bem, sim. Na verdade, tornei-me professora porque o senhor me inspirou a tomar essa decisão. 

O velho, curioso, pede ao jovem que lhe diga porquê. E o jovem conta-lhe esta história: 

- Um dia, um amigo meu, também estudante, chegou à escola com um relógio lindo e novo e eu roubei-o. Pouco depois, o meu amigo apercebeu-se do roubo e reclamou imediatamente com o nosso professor, que era o senhor. Então o senhor fechou a porta e mandou toda a gente levantar-se porque ia revistar os nossos bolsos um por um. Mas, primeiro, disse para nós fecharmos os olhos. Assim fizemos e o senhor procurou bolso a bolso e, quando chegou junto de mim encontrou o relógio no meu bolso e pegou-o. Ainda assim, o senhor Continuou a revistar os bolsos de todos e, ao terminar, disse: - Abram os olhos. Encontrei o relógio!

O senhor nunca me disse nada e nunca mencionou o meu nome no episódio. Nunca disse quem foi que roubou o relógio. Naquele dia, o senhor salvou-me a dignidade para sempre. Foi o dia mais vergonhoso da minha vida. Nunca me disse nada e, embora nunca me tenha repreendido ou chamado para me dar uma lição de moral, percebi claramente a mensagem. E graças ao senhor compreendi que é isso que um verdadeiro educador deve fazer. 

- Lembra-se desse episódio, professor? 

E o professor respondeu: 

- Lembro-me da situação, do relógio roubado, de ter revistado os bolsos de toda a gente na sala, mas não me lembrei de ti, porque enquanto eu vos revistava os bolsos também estava com os olhos fechados. 

Esta é a essência da decência. 

"Se para corrigir precisa de humilhar, então não sabes ensinar."

(Internet)

Para os amantes de literatura, já podem acessar ao nosso grupo de literatura no telegram: https://t.me/sobreliteraturaa

 

22.09.24

Conexão

Foureaux

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Conheci Maria Amália Baraona por acaso. Entrei no gabinete e lá estava ela, acompanhada de um estudante daquela universidade (estava Em Zagreb, capital da Croácia) ensaiando umas músicas. Cumprimentei os dois e saí: tinha de fazer uma alocução no evento que tinha lugar na Faculdade de Letras, a propósito da visita de uma professora do Piauí. Essa moça brasileira/croata/portuguesa convidou-me dias depois para jantar. Foram horas agradáveis de muita conversa, risada e cerveja. Antes de voltar ao Brasil, assisti a duas apresentações dela. Ela é cantora de bossa nova... e das boas! Li uma postagem em seu blogue hoje cedo (amaliabaraona.com). Ela escreve em inglês. Gostei. Tomei a liberdade de traduzir o que ela escreveu. Coloco aqui para deleite de quem se der ao trabalho de ler esta longa postagem. A propósito disso, junto um trecho de A vida é sonho, de Calderón de la Barca. Senti conexão profunda entre os dois textos. Creio não estar perdendo o juízo...

“Este autorretrato, tirado em Portugal há algumas semanas, realmente reflete meu estado mental recente: múltiplas camadas entrelaçadas resultando em infinitas reflexões recursivas que, no final, levam a uma dor de cabeça persistente, mas nenhuma conclusão (para registro, certifiquei-me de verificar a grafia e “reflexão” com um “x” é uma forma arcaica de “reflexão”). Após refletir, optei por escrever um post que não tem significado para ninguém além de mim, enquanto navego pelo meu estado mental perplexo. Talvez haja alguém que possa se conectar com este tópico e ache-o relacionável. Nunca se sabe...

Estou dentro ou fora?

É importante onde estou para refletir sobre o que quero? Ou são meus desejos que, em última análise, ditam minha localização em um determinado momento? Dois dias atrás, comecei a escrever este post, mas parece que minha mente não está em sincronia com meus pensamentos. Minhas ideias estão dispersas, com palavras e frases se misturando, formando uma bolha circular que me aprisiona completamente. Inesperadamente, ontem à noite, criei uma música. A melodia surgiu primeiro, com a letra logo atrás. Será que algum dia a compartilharei? Talvez... O tempo dirá. Por enquanto, terminarei minha taça de vinho e tentarei desligar meus pensamentos circulares.”

 

É certo; então reprimamos

esta fera condição,

fúria, esta ambição,

pois pode ser que sonhemos;

e o faremos, pois estamos

em mundo tão singular

o viver só é sonhar

a vida ao fim nos imponha

que o homem que vive, sonha

o que é, até despertar.

 

Sonha o rei que é rei e segue

com esse engano mandando

resolvendo e governando.

E os aplausos que recebe

vazios, no vento escreve;

e em cinzas a sua sorte

a morte talha de um corte.

E há quem queira reinar

vendo que há de despertar

no negro sonho da morte?

 

Sonha o rico sua riqueza

que trabalhos lhe oferece,

sonha o pobre que padece

sua miséria e pobreza;

sonha o que o triunfo preza

sonha o que luta e pretende,

sonha o que agrava e ofende

e no mundo, em conclusão,

todos sonham o que são,

no entanto ninguém entende.

 

Eu sonho que estou aqui,

de correntes carregado

e sonhei que em outro estado

mais lisonjeiro me vi.

Que é a vida? Um frenesi.

Que é a vida? Uma ilusão,

uma sombra, uma ficção;

o maior bem é tristonho,

porque toda a vida é sonho

e os sonhos, sonhos são.”

esoelho.jfif

 

17.01.24

Susto

Foureaux


Aconteceu assim. Como sempre faço, de vez em quando, doo os livros que li depois de guardados em caixas de papelão. Da última vez foram nove caixas. A Laura, para quem dois as caixas, ficou esfuziante. Feliz da vida, como pinto no lixo! Desta vez, não foi diferente. O que se passa é, por engano, alguns livros, ganhos de seus autores 0 devidamente autografados – ficaram numa das caixas que doei. A pessoa que recebeu – já não posso dizer se estavam numa das nove caixas que ficaram com Laura ou se na última leva – deve ter se desfeito dos livros e um deles foi para num sebo chamado poiesis. Não sei onde fica. Há um homônimo em Belo Horizonte, mas creio que não deve ser este, pois a moça é do Rio de Janeiro. Outra moça. Não a Laura. A moça mandou mensagem hoje pelo Instagram agradecendo (contrafeita, como pude constatar ao final da mensagem) o fato de ter encontrado o livro dela no citado sebo, com seu autógrafo. Ou seja, um dos livros que, por engano, ficaram numa das caixas da última doação. A moça não deu espaço para mais nada. Logo depois do agradecimento, afirmou que ia me cancelar porque na lista de “amigos” dela, no Instagram, só há “amigos”. Logo em seguida, em tom raivoso – depreendido pelas palavras dela –, perguntou se eu não tinha uma lata de lixo em casa. Repetiu que ia me “cancelar” e prometia fazer o mesmo com meus livros que a ela enviei, igualmente autografados. Vingança boba e barata. Ela não me deu chance de explicar meu equívoco que seria, obviamente, seguido de um sentido de desculpas. Mas não. Atacou de frente. Acabou com tudo antes de querer pensar em abrir a porta de uma possibilidade de explicação de minha parte. Estou cancelado! A cada dia que passa, fico mais estarrecido com a superficialidade de tudo e todos... Uma pena... 

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