31.01.22
“Uma das coisas que ele sabia era que um dia, sem aviso prévio – mais provavelmente –, ele iria morrer. E durante a tal noite, ele ficou sem saber se o que estava sentindo era o tal de processo de morrer. Uma sensação estranha, incômoda, desagradável. As horas não passavam, o calor, o som das batidas do coração no ouvido. Num dos ouvidos, na verdade. A mesma sensação que vinha se repetindo. Na mesma proporção de suas dúvidas. Os sonhos confusos. Todos os mortos e vivos a comemorar um aniversário. O incômodo contínuo. A angustiada ansiedade por conta do equívoco no roteiro da viagem. O planejamento lento, detalhado, minucioso. A ideia de que foi pouco. Simultaneamente, a certeza de que a mão tinha gostado. Um desejo realizado, ainda que mal planejado. Tudo muito comum, reles. Os livros que não foram escritos a bordejar a mente inquieta no meio da noite. A chama da vela a incomodar a pálpebra sensível, um pequeno passo até a insônia. O tum-tum do coração que não parava. O efeito do analgésico. Haveria mesmo a possiblidade de se perceber o momento exato?” Autor desconhecido
Uns gostam de se vestir simplesmente. Comer coisas comuns, sem sofisticação. Falar de maneira direta, sem subterfúgios sofismáticos na tentativa viperina de ludibriar, enredar, confundir. A palavra direta, grosseira até – depende do ponto de vista. Outros são o contrário. Ainda há aqueles que preferem a mentira deslavada, repetida à exaustão. O desejo de prevalência da consolidação da verdade pela repetição infinita e iterativa da mentira. E para completar, preferem cachaça. Sem a simplicidade dos gestos comuns. No meio disso, uma turba insana, desorganizada, funcionalmente analfabeta a vociferar, criticar, julgar, acusar e apontar o dedo. Enquanto isso, nada muda...