Fevereiro 04, 2022
Foureaux
Recebi o texto que segue de um/a amigo/a, já não me lembro quem. Tenho certeza de que ele/a não fica ofendido/a pelo meu esquecimento. No entanto, devo dizer que algumas reações me causaram espécie. Uma, em particular, de outra amiga, que diz que estava gostando do texto até que percebeu que se tratava de um texto político. Comecei a rir. A pergunta seria: qual texto não é político? Claro está que “político”, aqui, tem a ver com o conceito de procedimentos, atitudes, relações e correlações no âmbito da cidade, como queriam os gregos – se eu não comento equívoco de interpretação. Não se trata de partidarismo ideológico. No entanto, devo também asseverar que, ao final deste mesmo texto, há uma referência, digamos, discursiva a este recorte conceitual do mesmo termo: “política”. Vá lá..., ninguém é de ferro. Outra reação também foi um tanto engraçada, apesar de repetitiva. O sujeito disse que até a menção à política – no sentido mais restrito, aqui – o texto era uma aula de Português. A partir do referido “ponto” tornou-se mais uma opinião. Isto seria um elogio ou uma desqualificação? Vou morrer sem saber, porque não vou gastar meu tempo especulando sobre o assunto. Segue o tal texto de que, reafirmo, gostei imenso, por concordar com cada sílaba de cada palavra que compõe cada uma de suas orações. Alerto, ainda, que o analfabetismo funcional está matando a capacidade de muita gente – mas bota gente nisso! – para perceber a ironia e a graça num texto que é, apenas, uma provocação inteligente e não uma arma ideológica. Ai que preguiça... Boa leitura! Ah... Em tempo: desconheço a autoria!
Professora de Português dando aula
“Vamos conversar.
Não sou homofóbica, transfóbica, gordofóbica.
Eu sou professora de português.
Eu estava explicando um conceito de português e fui chamada de desrespeitosa por isso.
Eu estava explicando por que não faz diferença nenhuma mudar a vogal temática de substantivos e adjetivos pra ser ‘neutre’.
Em Português, a vogal temática, na maioria das vezes, não define gênero. Gênero é definido pelo artigo que acompanha a palavra.
Vou mostrar pra vocês.
O motorista: termina em ‘A’ e não é feminino.
O poeta: termina em ‘A’ e não é feminino.
A ação, a depressão, a impressão, a ficção. Todas as palavras que terminam em ‘ão’ são femininas, embora terminem com ‘O’.
Boa parte dos adjetivos da Língua Portuguesa podem ser tanto masculinos quanto femininos, independentemente da letra final: feliz, triste, alerta, inteligente, emocionante, livre, doente, especial, agradável, etc.
Terminar uma palavra com ‘E’ não faz com que ela seja neutra.
A alface: termina em ‘E’ e é feminino.
O elefante: termina em ‘E’ e é masculino.
Como o gênero em Português é determinado muito mais pelos artigos do que pelas vogais temáticas, se vocês querem uma língua neutra, precisam criar um artigo neutro, não encher um texto de X, @ e E.
E mesmo que fosse o caso, o Português não aceita gênero neutro. Vocês teriam que mudar um idioma inteiro pra combater o ‘preconceito’.
Meu conselho é: em vez de insistir tanto na questão do gênero, entendam, de uma vez por todas, que gênero não existe, é uma coisa socialmente construída.
O que existe é sexo.
Entendam, em segundo lugar, que ‘gênero linguístico’, ‘gênero literário’, ‘gênero musical’, são coisas totalmente diferentes de ‘gênero’.
Não faz absolutamente diferença nenhuma mudar gêneros de palavras.
Isso não torna o mundo mais acolhedor.
E entendam, em terceiro lugar, que vocês podiam tirar o dedo da tela e parar de falar bobagem e se engajar em algo que realmente fizesse a diferença para melhorar o mundo, ao invés de ficarem arrumando discussões sem sentido.
Tenham atitude! (Palavra que termina em ‘E’ e é feminina!).
E parem de ficar militando no sofá! (Palavra que termina em ‘A’ e é masculina).
Quando me questionam porque sou de direita, esta é a explicação:
Quando um tipo de direita não gosta de armas, não as compra; quando um tipo de esquerda não gosta de armas, quer proibi-las.
Quando um tipo de direita é vegetariano, não come carne; quando um tipo de esquerda é vegetariano, quer fazer campanha contra os produtos à base de proteínas animais.
Quando um tipo de direita é homossexual, vive tranquilamente a sua vida; quando um tipo de esquerda é homossexual, faz um auê e inventa que está sofrendo de homofobia.
Quando um tipo de direita é ateu, não vai à igreja, nem à sinagoga, nem à mesquita; quando um tipo de esquerda é ateu, quer que nenhuma alusão a Deus ou a uma religião seja feita na esfera pública.
Quando a economia vai mal, o tipo de direita diz que é necessário arregaçar as mangas e trabalhar mais; quando a economia vai mal, o tipo de esquerda diz que os ‘malvadões’ dos patrões são os responsáveis e param o país.
E a tese final: quando um tipo de direita lê este texto, ele ri, concorda que infelizmente é uma realidade e até compartilha, quando um tipo de esquerda lê este texto, te insulta e te rótula de fascista, nazista, genocida, etc.”