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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

22.10.25

Ah... a França!

Foureaux

Uma canção francesa. Como todas as outras, diferentes de todas as outras. Charles Aznavour é seu autor e seu intérprete (Basta digitar este nome na caixa de pesquisa do youtube e várias opções para ouvi-lo vão aparecer. Cometi a desfaçatez de traduzir, para facilitar, no caso de quem não sabe francês, mas nem é preciso saber. A beleza da sonoridade das palavras e a melodia já criam a ambiência necessária e suficiente para se deliciar com o que é belo. Chame-se a isso deleite!

 

Comme ils dissent

 

J’habite seul avec maman
Dans un très vieil appartement
Rue Sarasate


J’ai pour me tenir compagnie
Une tortue, deux canaris
Et une chatte

 

Pour laisser maman reposer
Très souvent, je fais le marché
Et la cuisine


Je range, je lave, j’essuie
À l’occasion, je pique aussi
À la machine

 

Le travail ne me fait pas peur
Je suis un peu décorateur
Un peu styliste


Mais mon vrai métier
C’est la nuit
Que je l’exerce travesti


Je suis artiste

J’ai un numéro très spécial
Qui finit en nu integral


Après strip-tease
Et dans la salle je vois que
Les mâles n’en croient pas leurs yeux



Je suis un homme, oh
Comme ils disent

Vers les trois heures du matin


On va manger entre copains
De tous les sexes
Dans un quelconque bar-tabac

 

 


Et là, on s’en donne à cœur joie
Et sans complexes

On déballe des vérités


Sur des gens qu’on a dans le nez
On les lapide
Mais on le fait avec humour


Enrobé dans des calembours
Mouillés d’acide

On rencontre des attardés


Qui pour épater leur tablée
Marchent et ondulent
Singeant ce qu’ils croient être nous


Et se couvrent, les pauvres fous
De ridicule

Ça gesticule et parle fort


Ça joue les divas, les ténors
De la bêtise
Moi, les lazzis, les quolibets


Me laissent froid, puisque c’est vrai
Je suis un homme, oh
Comme ils dissent

 

À l’heure où naît un jour nouveau
Je rentre retrouver mon lot
De solitude


J’ôte mes cils et mes cheveux
Comme un pauvre clown malheureux
De lassitude

 

Je me couche mais ne dors pas
Je pense à mes amours sans joie
Si dérisoires


À ce garçon beau comme un dieu
Qui sans rien faire a mis le feu
À ma mémoire

 

Ma bouche n’osera jamais
Lui avouer mon doux secret
Mon tendre drame

 

Car l’objet de tous mes tourments
Passe le plus clair de son temps
Au lits des femmes

 

 

Nul n’a le droit en vérité
De me blâmer, de me juger
Et je precise


Que c’est bien la nature qui
Est seule responsable si
Je suis un homme, oh
Comme ils disent

*********************************************************************************

Como dizem

 

Moro sozinho com minha mãe

Em um apartamento muito antigo

Na Rua Sarasate

 

Para me fazer companhia

Uma tartaruga, dois canários

E um gato

 

Para deixar minha mãe descansar

Muitas vezes, vou às compras

E cozinho

 

Arrumo, lavo, seco

Às vezes, também costuro

Com a máquina de costura

 

O trabalho não me assusta

Sou meio decorador

Meio estilista

 

Mas meu trabalho de verdade

É à noite

Que pratico como travesti

 

Sou artista

Tenho um número muito especial

Que termina em nudez total

 

Depois de um striptease

E no quarto eu vejo que

Os homens não acreditam no que veem

 

Sou um homem, oh

Como dizem

Por volta das três da manhã

 

Vamos jantar com amigos

De todos os sexos

Em algum bar-tabaco

 

E lá, nos divertimos muito

E sem complexos

Desembalamos verdades

 

Sobre gente que temos em conta

Nós as apedrejamos

Mas fazemos isso com humor

 

Envoltos em trocadilhos

Encharcados em ácido

Encontramos os retardatários

 

Que, para impressionar a mesa,

Andam e ondulam

Imitando o que acreditam ser nós

 

E se cobrindo, os pobres tolos

De ridículo

Eles gesticulam e falam alto

 

Eles interpretam as divas, os tenores

da estupidez

Eu, as vaias, as zombarias

 

Deixe-me frio, pois é verdade

Eu sou um homem, oh

Como dizem

 

Na hora em que um novo dia nasce

Eu volto para encontrar meu destino

De solidão

 

Eu tiro meus cílios e meu cabelo

Como um pobre palhaço infeliz

Com cansaço

 

Eu vou para a cama, mas não durmo

Penso em meus amores sem alegria

Tão insignificantes

 

Pelo garoto tão bonito como um deus

Que sem fazer nada ateou fogo

À minha memória

 

Minha boca nunca ousará

A Confesso meu doce segredo

Meu terno drama

 

Pois o objeto de meus tormentos

Passa a maior parte do tempo

Nas camas das mulheres

 

Ninguém tem o direito, na verdade

De me culpar, de me julgar

E eu especifico

 

Que é a natureza que

É a única responsável

Se sou um homem, oh

Como dizem

 

 

 

 

 

 

 

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