Novembro 06, 2024
Foureaux
Na postagem de ontem, esqueci-me, de acrescentar comentário sobre o que afirmei acerca dos dois primeiros versos do poema do Antônio Cícero: “No dia em que fui mais feliz / eu vi um avião cruzar o seu olhar até sumir”. Estou assumindo a ideia de que se trata de dois versos apenas. Como letra de música, na gravação de Adriana Calcanhoto (aliás, vou perguntar ao professor google se mais alguém gravou a mesma canção que faz jus ao poema), dependendo do site em que aparece podem ser mais versos, como por exemplo “No dia em que fui mais feliz / eu vi um avião / cruzar o seu olhar até sumir”, ou ainda “No dia em que fui mais feliz / eu vi um avião cruzar o seu olhar / até sumir”. Ao fim e ao cabo, a posição dos versos, aqui, não importa. A forma definitiva está no livro do poeta, já publicado. Quem quiser que o consulte. O que desejo expressar é a confirmação de minha assertiva. Trata-se, a meu ver, da mais acachapante declaração de amor de que tenho notícia. Vejam, que disse “acachapante”, não disse “única” ou “definitiva”. Porque as opiniões são diversas... e mudam. As interpretações não se prendem a grilhões ideológicos e cada um lê como quer, porque o poeta não pode, isso, controlar. Então... A imagem criada por Antônio Cícero fala de um fenômeno ao qual pouco se presta atenção. O avião que cruza o céu é percebido pelo eu lírico nos olhos de quem está à sua frente ou ao seu lado, não importa. Na leitura que faço, os olhos são do ser amado que olha para o céu e vê o avião. O eu lírico olha para o olho de seu/sua amado/a e vê neles o reflexo do avião que cruza o céu. se isto não é lindo, não sei o que é. Se isso não expressa amor infinito, inclusive pela ilação possível com “céu”, também, não sei do que se trata. Lacan já dizia que o sujeito deseja ser o que ele vê refletido nos olhos de sua mãe, no momento da amamentação. Disse isso, em outras palavras, de outra forma, mas, salvo equívoco meu, foi isso que ele disse. Logo, no poema, Antônio Cícero, tendo ou não procurado saber do que disse Lacan antes de escrever o poema, diz, em outras palavras, a mesma coisa. A analogia procede, tanto que é possível pensar que, inconscientemente, o poeta já percebe o que explicou o psicanalista – mesmo que, cronologicamente, a ordem não seja esta. De qualquer maneira, resta afirmar, confirmar e asseverar a beleza dos versos e sua acachapante forma de declaração de amor. E tenho dito!
PS: falando em poesia, recebi de uma amiga virtual (Natalia Castelluccio) um acróstico para o mês de novembro, em três línguas (Adoro tradução e suas artimanhas, suas surpresas e suas epifanias!). Fiz algumas adaptações, que julguei necessárias, e compartilho:
ACROSTICO DI NOVEMBRE
Nuove
Occasioni
Vibrano
Eternamente
Mentre
Bramiamo
Regole
Eccezionali
NOVEMBER’s ACROSTIC
New
Occasions
Vibrate
Eternally
Meanwhile
Be craved
Exceptional
Rules
ACROSTICHE DE NOVEMBRE
Nouveau
Occasions
Vibrent
Éternellement
Momentanément
Bavardons
Règles
Exceptionnels