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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

10.10.23

Conselho

Foureaux


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Para os sócios do clube 6.0! É útil, é divertido, é sério. Na absoluta falta de imaginação e ânimo para “inventar” alguma coisa e colocar aqui, faço, ainda uma vez, divulgação de coisas úteis recebidas alhures! Por força do hábito, o texto vai aqui transcrito como recebido, obviamente, entre aspas!

“O CÉREBRO DOS APOSENTADOS

O diretor da Escola de Medicina da Universidade George Washington diz que o cérebro de uma pessoa idosa é muito mais prático do que vulgarmente se acredita. Nessa idade, a interação dos hemisférios esquerdo e direito do cérebro torna-se harmoniosa, o que amplia nossas possibilidades criativas. É por isso que, entre as pessoas com mais de 60 anos, existem muitas personalidades que acabaram de iniciar suas atividades criativas. Claro, o cérebro não é tão rápido como na juventude. Por outro lado, ganha em flexibilidade. Portanto, à medida que envelhecemos, ficamos mais propensos a tomar boas decisões e menos expostos a emoções negativas. O pico da atividade intelectual humana ocorre por volta dos 70 anos, quando o cérebro começa a funcionar a toda velocidade. Com o tempo, aumenta a quantidade de mielina no cérebro, substância que facilita a passagem rápida de sinais entre os neurônios. Graças a isso, as habilidades intelectuais aumentam em relação à média. É importante notar também que depois dos 60 anos uma pessoa pode usar dois hemisférios ao mesmo tempo. Isso permite resolver problemas complexos. O professor Monchi Uri, da Universidade de Montreal, acredita que o cérebro envelhecido escolhe o caminho que consome menos energia, elimina o supérfluo e deixa apenas as boas opções para resolver o problema. Foi realizado um estudo no qual participaram diferentes faixas etárias. Os jovens ficaram muito confusos durante os testes, enquanto as pessoas com mais de 60 anos tomaram as decisões certas. Agora, vamos ver as características do cérebro entre 60 e 80 anos. 

CARACTERÍSTICAS DO CÉREBRO DE UMA PESSOA IDOSA.

  1. Os neurônios do cérebro não morrem, como muitos dizem. As conexões entre eles desaparecem se a pessoa não se aplicar no trabalho mental.  (Nota: a não ser em doenças mentais tipo Alzheimer)
  2. Distração e perda de memória são causadas por muita informação. Portanto, não há necessidade de dedicar toda a vida a banalidades inúteis.
  3. A partir dos 60 anos, uma pessoa que toma decisões não usa apenas um hemisfério do cérebro, como os jovens, mas os dois.
  4. Conclusão: se tem um estilo de vida saudável com atividade física viável e é ativa mentalmente, as suas habilidades intelectuais NÃO diminuem com a idade, elas aumentam, atingindo o pico na idade de 80-90 anos!!

DICAS DE SAÚDE:

  1. Não tenha medo da velhice.
  2. Esforce-se por se desenvolver intelectualmente.
  3. Aprenda e leia; aprenda a tocar um instrumento musical, a pintar quadros, a dançar!
  4. Interesse-se pela vida, encontre amigos e comunique com eles, fazendo planos para o futuro. Viaje!
  5. Não se esqueça de ir a lojas, cafés, cinemas.
  6. Não se feche em casa!
  7. Seja positivo e viva com o seguinte pensamento: todas as coisas boas ainda estão por vir!

FONTE: New England Journal of Medicine.

06.09.23

Conselho

Foureaux


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“Ouça um bom conselho / que lhe dou de graça...” (Chico Buarque)

Você tem que fazer cara de desdém, quase nojo. Bem blasé! Olha assim como quem não quer nada ou como quem que está se lixando pro mundo. melhor ainda se der uma pitada de empáfia, arrogância, mas só uma pitada. Fica demais, um luxo. Na hora das fotos você tem algumas opções. Uma é fazer biquinho e olhar de sedução. Outra, abrir uma gargalhada bem sonora, pra mostrar o recente implante de resina branca – aquela que transformou sua dentadura num teclado de piano de quinta categoria. Ou então, mais, fácil, bote a língua de fora, isso dá um ar erótico, quase pornográfico. isso rende. Muita gente vai te seguir. Muita “gente” mesmo. Quanto à roupa, bem, aí complica um pouco. São muitos teóricos da moda, muitos “especialistas” em “estética da vestimenta”. Para além disso, você tem que um consultor, para poder dizer em que dia da semana você pode usar tal marca, a que horas, para que tipo de situação e como deve falar, agir, pensar e reagir. É muito complicado. essa parte eu deixo para os “doutores”  em moda, essa “ciência” tão necessária, indispensável mesmo, para quem ser feliz. Não há dúvida. Isso vale para sapatos e acessórios. sempre se lembrando de que marca é tudo. Não interessa quão esquisito – pra não dizer ridículo, senão patético – você fique depois de “montado”. isso é detalhe. Vale o que “as pessoas”  vão pensar, a inveja que você instigar (você acredita mesmo nisso???). ainda assim, arrisco um palpite: leve sempre consigo um livro que seja badalado, publicado pelas Cia. das Letras, lógico, de autoria de alguém absoluta e irrecorrivelmente desconhecido, mas que está “na mídia” e vai ser convidado para aquela “festa”, aquele naquele balneário colonial metido chique, isso, Paraty. O convite para essa “festa” (quem participa acredita que ler é uma festa, coitados...). Esse livro, independente de qualquer coisa e de tudo o mais é um item indispensável para a composição de sua persona descolada, chique, elegante intelectualizada e “antenada”. Todos os particípios de que você não deve esquecer. Ah... você não sabe o que é particípio. Isso eu explico depois. Vamos em frente. Bom isso quanto à aparência – fundamental e determinante. Quanto ao comportamento, é só se lembrar das dicas sobre as fotos. Qualquer coisa, seu assessor de pose pode ajudar. Isso, você tem que ter mesmo um assessor de pose. Quanto ao que dizer, não deixe de usar bem o “aí” fora do lugar 0- faz um sucesso danado na mídia; as gírias dos descolados da pauliceia (leia-se “Faria Lima” ou “Jardins”): faz “paRRRte”. Outra opção é imitar o povo do Leblon, melhor ainda da Barra. No verão é um must. No resto do ano, tem seu charme. Cuidado para não exagerar na neutralidade pronominal, substantiva e adjetiva do jargão progressista. Sim, você vai ter que se cuidar. use com moderação. Cite sempre os mesmos bordões, defenda sempre as mesmas pautas e elogie sempre os artistas perseguidos pelo fascismo do governo anterior. Você vai ser indicado ao oscar da popularidade com uma atitude dessa. Elogie a universidade “pública, gratuita e de qualidade” e meta o pau em gente intolerante, transfóbica, homofóbica, egofóbica, etcfóbica também. Penso que é isso. Se tiver alguma coisa: consulte aquela modista com nome italiano ou então a que é conhecida pelo diminutivo. Pode ser que ajude. Boa sorte!

15.08.23

Dúvida

Foureaux

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Alguém poderia me dizer, procurando ser o mais equilibrado possível, a que data se refere este trecho de chamada de artigos? Estou na dúvida. Com o axioma da relatividade da História, não sei dizer se se trata do passado ou do presente. Tirei o nome da revista para não incorrer em crime de questão. andam inventando tantos crimes que daqui a pouco serei condenado por estar respirando fora do rimo “adequado”. Segue o trecho da chamada: “a publicação de um dossiê temático dedicado aos debates sobre a produção poética brasileira, com ênfase nos vínculos que ela estabeleceu e estabelece com os chamados anos de chumbo. Nesse sentido, convidamos a comunidade acadêmica para a submissão de trabalhos que realizem uma (re)leitura de crítica de poetas, poéticas, poemas e movimentos (...), nos quais se observam, em diferentes níveis e de inúmeras formas, o impacto da vida no país sob um regime autoritário que censurou, perseguiu, torturou e assassinou vozes dissidentes. Estes olhares podem voltar-se para as vozes consagradas do período, expandido a fortuna crítica de autores e autoras mais conhecidos, com ênfase em suas articulações com o contexto histórico-político e as estratégias de posicionamento crítico numa sociedade marcada pelo medo e a violência. Igualmente são esperados resultados de pesquisas que visam recuperar vozes poéticas ignoradas nos círculos críticos hegemônicos após o processo de redemocratização, especialmente vozes mais identificadas com a militância contra o regime ou pertencentes a grupos sociais marginalizados.”

05.08.23

Manipulação

Foureaux

Unknown.jpegA postagem de hoje é mero resultado do famigerado seleciona-copia-cola. Tão prático, tão falacioso. Tão útil para a minha preguiça. Tirei de uma postagem do Twitter, da página de um médico cujas publicações sempre me interessam por inteligentes, sagazes, sarcásticas (às vezes), sempre acertadas. Fica, portanto, assentado que é apenas isso. Não custa insistir no fato de que o simples compartilhamento não significa a absoluta e irrecorrível concordância com o conteúdo do que é partilhado. Claro está que entre o branco e o preto há muitos tons de cinza – para além das outras cores. Punto i basta!

“Manipulam a narrativa de privilégios e chamam de direitos.

Manipulam a narrativa de trabalhos forçados e chamam de contribuições & impostos.

Manipulam a narrativa de propriedade privada e chamam de função social.

Manipulam a narrativa de pensamento independente e chamam de subversão.

Manipulam a narrativa de centralização da censura e chamam de democracia.

Manipulam a narrativa de tratamento precoce e chamam de negacionismo.

Manipulam a narrativa de risco imunológico e chamam de vacina.

Manipulam a narrativa de transtornos psiquiátricos e chamam de mais políticas inclusivas.

Manipulam a narrativa de p3dofilia e chamam de preferência.

Manipulam a narrativa de assassinato de crianças e chamam de controle de natalidade.

Manipulam a narrativa de masculinidade e chamam de machismo.

Manipulam a narrativa de conhecimento e chamam de arrogância.

Manipulam a narrativa de burrice e chamam de humildade.

Manipulam a narrativa de força e chamam de risco.

Manipulam a narrativa de preguiça e chamam de felicidade.

Manipulam a narrativa de sucesso e chamam de opressão.

Manipulam a narrativa de barbárie e chamam de tolerância.

Pare de ser manipulado.

10:53 AM – 4 de ago de 2023.”

06.06.23

Parábola

Foureaux

Uma parábola mais que instigante. A sutileza e refinada mordacidade do autor dispensam qualquer comentário!

(Fonte: https://revistaoeste.com/revista/edicao-167/o-tucano-e-o-escorpiao/)

O tucano e o escorpião 

Era uma vez um tucano, com seu enorme e colorido bico, que ostentava com muito orgulho e vaidade. Ah, se tinha uma característica que definia esse tucano era a sua vaidade! Todos os dias ele olhava seu reflexo no lago antes de sair para suas atividades e pensava: “Não existe bicho mais belo do que eu nesta floresta inteira”. Mas nosso tucano era também excêntrico, e cismou que queria ter um escorpião de estimação. Seus colegas alertaram para o perigo: não é prudente ter um animal desses dentro de casa, pois tais aracnídeos são venenosos e é impossível confiar neles. Podem até parecer tranquilos e quietos durante o dia, mas na calada da noite costumam partir para o ataque. 

Uma sábia coruja ainda tentou persuadir o tucano: esses lacraus vivem há milhões de anos, são seres muito adaptáveis, resistem a quase qualquer clima, e nada disso é por acaso. Eles se adaptam, enfrentam as adversidades, e soltam seu veneno em suas vítimas quando interessa. Até canibalismo praticam, pois quando é questão de vida ou morte um escorpião não se importa de comer outro escorpião. 

Os escorpiões conseguem comer quantidades imensas de alimento, mas conseguem sobreviver com 10% da comida de que necessitam, podendo passar até um ano sem comer e consumindo pouquíssima água, quase nada durante sua vida inteira. São, enfim, sobreviventes, e isso configura uma ameaça a todas as presas em potencial. Por que o tucano estava tão seguro de que seria poupado? 

O tucano, muito gentil e educado, agradeceu pelos conselhos da velha coruja, mas nada o fazia tirar essa ideia maluca da cabeça: ele teria um escorpião em casa, pois achava o bicho encantador. Saiu em busca de um bem ameaçador, com aquele ferrão erguido no final da cauda pronto para abater a vítima. Ao encontrar um, pegou-o com o bico com carinho e o levou para sua casa na árvore. 

O escorpião, para a surpresa dos colegas do tucano, comportou-se como um animal civilizado, sem nenhuma tentativa de aplicar seu veneno à ave que o adotara. Um ano se passou, e ambos — tucano e escorpião — conviviam de forma amigável. Mas o escorpião começou a ferrar colegas do tucano, o que incomodou a ave bicuda, mas não a ponto de abandonar seu bichinho de estimação. 

Com o passar dos anos, contudo, o escorpião já tinha destruído todo o entorno do tucano, espalhando seu veneno, paralisando outros bichos da floresta, comendo sua carne. O grau da destruição causada pelo escorpião foi tanto que o tucano optou por expulsar o aracnídeo do local. Ele estava convencido, finalmente, do perigo do bicho, e se deu conta de que, se nada fosse feito, seria sua próxima vítima. Agiu com certa tristeza, é verdade, mas se livrou do escorpião. 

Como novo bicho de estimação, acabou arrumando um cavalo arredio. Ele dava coices para o ar, era um tanto bronco, mas não oferecia ameaça real ao tucano ou seus colegas. Ao contrário: o cavalo passou a trabalhar pesado, servia para levar cargas, como força motora para proteger o tucano de inimigos. Mas o cavalo não tinha nenhum refinamento, e como isso incomodava o nobre tucano! Era insuportável para a ave vaidosa ver todos os dias aquele cavalo sem nenhuma compostura, dando coices no ar. Aquele cavalo era selvagem demais, não dava para domesticá-lo como o tucano pretendia. 

O tucano, então, tomou sua decisão: o cavalo seria eliminado e ele traria o escorpião de volta. Como o cavalo já havia tido cria, era preciso prender tanto ele como os potros, para que ficassem longe da vista do tucano. A ave bicuda convocou um pit bull para fazer o trabalho sujo. O cão correu atrás do cavalo e seus filhos com enorme satisfação, com baba escorrendo pela boca, até que todos estivessem devidamente trancafiados e bem longe do tucano. Ele chegou a redigir uma carta alegando que era preciso ter o escorpião de volta em sua vida para salvar sua alegria. Mas a alegria durou pouco. Livre do incômodo equino, o tucano partiu em busca do escorpião e o trouxe de volta para casa, para desespero da coruja. Espantada, ela perguntou se a ave nada tinha aprendido com a experiência recente. Mas o tucano era insistente, tinha além do bico a cabeça bem dura, e estava convencido de que dessa vez daria certo, de que o escorpião tinha aprendido sua lição e voltaria dócil, manso e amigável. “O amor venceu”, disse o tucano a uma incrédula coruja. Porém, isso não passava de uma ilusão do tucano. Ele chegou a redigir uma carta alegando que era preciso ter o escorpião de volta em sua vida para salvar sua alegria. Mas a alegria durou pouco. Em alguns meses, o escorpião já tinha ferrado vários amigos do tucano, que se mostrava assustado com aquele ferrão poderoso. “Estou com medo”, revelou o tucano a um companheiro. Mas era tarde demais. 

Em determinada noite, o escorpião saiu de seu esconderijo numa casca de árvore e meteu seu ferrão no próprio tucano. Agonizando de dor, enquanto o veneno corroía seus órgãos, o tucano ainda balbuciou: “Se ao menos eu tivesse sido mais simpático com o escorpião, tudo poderia ter sido diferente…”

01.06.23

Idiossincrasia

Foureaux

Definitivamente, não gosto de domingo. É o dia mais bobo da semana. Sempre. Quando trabalhava, o domingo era a certeza de que no dia seguinte tudo ia se repetir, do mesmo jeito, no mesmo ritmo. as mesmas chatices e manhas. Os mesmos dissabores e arrependimentos. A mesma canseira. Tudo igual. Pior era quando as aulas começavam às sete e meia da manhã. Teoricamente apenas. apenas nos primeiros anos, na segunda universidade em que trabalhei, os alunos chegavam no horário. Talvez por conta da “novidade”: professor novo “na casa”. Ai como essa expressão me incomodava! Lá no Sul era diferente. As aulas eram “corridas”. Todas no mesmo dia. Não tinha esse negócio de duas aulinhas hoje e duas na depois de amanhã. Horário corrido: mais inteligente, mas eficaz, mais rentável. Hoje isso não “cola”. A geração floco de neve não aguenta. O professorado, infelizmente, em boa parte dele, não tem condições de manter o ritmo necessário. Outros tempos. Isso se deve, por evidente, à minha chatice. A ela também s deve a observação de coisas corriqueiras às quais quase não se dá atenção. Por exemplo: por que a maioria das pessoas que anda pelas ruas não caminha no meio fio, mas na pista de rolamento do tráfego? Ou por outras: por que as pessoas preferem atravessar uma rua ou avenida pela pista, sem sinalização para tanto, bem embaixo de uma passarela para pedestres? Outra coisa que observei mais recentemente tem a ver com velórios. Assunto desagradável, triste, pesado, mas vá lá... É “moda” agora velório curto. Dependendo a empresa que administra o “campo”, há sempre um violinista tocando no jardim que entra para as salas de velório na hora de sair o féretro (popularmente conhecida como a hora de fechar o caixão). No entanto, o mais esdrúxulo é a quantidade de comida e bebida que fica disponível na “sala de descanso” da mesma sala de velório. Se o velório é curto, para quê a quantidade enorme de comida? E outra: as pessoas vão a velório pra comer e tomar café? Penso que não se trata de um ambiente para socialização, no sentido mais estrito do termo e da prática. Mas... De novo, a minha chatice. E há otras cositas. Gente que ocupa duas vagas de estacionamento no meio fio, quando poderia, muito bem, com pouco esforço, mas alguma inteligência, ocupar apenas uma. Gente que entra no supermercado pela passagem dos caixas de pagamento: será que elas não sabem que existe uma “entrada” propriamente dita? Por falar em supermercado, por que há tantos caixas se apenas dois ou três funcionam, mesmo nos horários de grande movimento. Há sempre uma quantidade considerável de “funcionários” – em seus mais variados estatutos na empresa – conversando, andando de lá para cá, fazendo nada... Pois é... faço jus ao epíteto que eu mesmo me dei: chato.

26.04.23

Palavras

Foureaux

Desde que me entendo por gente sei que a Língua Portuguesa é uma língua viva. Logo, por via de consequência, tudo o que nela se cria é passível de explicação, de esclarecimento. Um dos instrumentos para isso é o estudo da composição das palavras. Nem todas as palavras da Língua Portuguesa são simples. Ou seja, algumas são formadas pela junção de dois (ou mais) elementos. Por exemplo: Filosofia é o nome de uma disciplina (ou ciência, a escolha ainda é livre!) que em sua formação junta dois elementos philo e sophia. Ambos são originários do Grego. Philo quer dizer “amizade, amor fraterno”, sophia quer dizer “sabedoria”. Filosofia, portanto, significa “amizade pela sabedoria”. Claro está que este é o sentido etimológico do termo, o que não impede que outras maneiras de identificar o significado dele sejam possíveis. Falo disso por penso em quatro palavrinhas esquisitas: Escopofobia (medo de ser olhado ou encarado por outras pessoas), Agorafobia (medo e/ou ansiedade de ficar em situações ou locais sem uma maneira de escapar facilmente; medo de grandes áreas abertas); Fagofobia (condição psiquiátrica caracterizada pelo medo de sufocar ou engasgar ao engolir alimentos ou comprimidos). É necessário notar que as três palavrinhas esquisitas têm seu sentido resultante da sua composição com dois elementos, a saber, pela ordem: escopo+fobia, agora+fobia, fagos+fobia. Não estou dando aula de Morfologia, em seu capítulo dedicado à formação de palavras. Por conta disso, dirijo o foco de minhas elucubrações sobre o segundo elemento composicional – fobia. Esta palavra é originária do termo grego phóbos que significa ação de horrorizar, amedrontar, dar medo + -ia, partícula que remete à ideia de organização, sistematização, ordenamento. Em outras palavras, fobia é o termo que indica medo exagerado de algo ou de alguma situação. Gera no indivíduo uma sensação de terror, pânico, ansiedade e perturbação. Ora, ora, ora... Fica mais que cristalinamente claro que todas as palavras que carregam em sua forma o elemento composicional “fobos”, como nos exemplos apresentador, vai ter em seu sentido a ideia de medo. Isso é mito importante para o que desejo, de fato, comentar. Dadas estas diretrizes de raciocínio, vamos considerar três palavrinhas, igualmente esquisitas (ainda que não pela mesma razão). Elas andam circulando serelepes e fagueiras nas “bocas de matildes” que pululam pela face do rincão nacional, para não dizer do planeta. São elas: gordofobia, homofobia e transfobia. Seguindo o raciocínio anterior (sempre lembrando que posso estar redondamente enganado e tendo a certeza de que vou desagradar a muita gente, mas isso não me importa... mesmo!), creio não estar equivocado ao afirmar que gordofobia é medo de gordos/as ou de gordura; homofobia é medo de homossexuais e transfobia é medo de pessoas trans (alguém em sã consciência e de posse de todas as faculdades mentais equilibradamente em funcionamento pode explicar o que é, de fato, isso?). Estou certo? Estou errado? Se é assim, uma pessoa não pode ser presa, criminalizada, escorraçada, isolada, punida por “ser” gordofóbico, homofóbico ou transfóbico. Por uma questão de etimologia, de processos de formação de palavras e de morfologia, essas pessoas identificam pessoas ou situações que têm medo. Não são pessoas que cometem crimes ou ofendem a quem quer que seja. Elas têm medo. Pode ser que os doutos conhecedores de tudo, sempre de plantão para suplantar elucubrações como as minhas, venham a desferir um golpe mortal sobre a minha pretensão obtusa (para eles!). Ou seja, Pessoas que têm medo de fordos/as ou de gordura, de homossexuais e de pessoas trans, podem, em função deste medo, cometer crimes de sectarismo, de ofensa à pessoa humana, ou crimes de outra natureza que o judiciário venha a determinar como tal (é assim que as coisas andam acontecendo aqui nos estados unidos de bruzundanga). Com raiva ou medo (para esses “doutos” dá no mesmo) o resto da humanidade tem que se calar sobre um fato linguístico, ainda que passível de diversa interpretação discursiva. Creio que é possível comparar esta situação com a incrível abstração de acreditar (e querer impor esta crença) na existência de mais de dois sexos, BIOLOGICAMENTE determinados: o masculino (XY) e o feminino (XX). Talvez eu devesse inverter a ordem destes dois nomes, para não ser acusado de misoginia. Mas vou deixar assim como está. Pressinto que as pedras vão começar a cair assim que a postagem “for ao ar”. mais não digo!

30.03.23

Filhos

Foureaux

No penúltimo dia de março, bem longe de ser como “as águas de março, fechando o verão”, faço mais uma postagem. Depois de outro dos muitos “intervalos” na minha sequência de postagens. Elas já estão mais que devidamente justificadas, ainda que disso não precisem. Para nada! Então... Li o texto que segue na página de Facebook de uma amiga, ex-aluna, do Rio Grande do Sul, a Rosa Lilia Torres Delabary. Reproduzo ipsis litteris o dito cujo. Sem tirar nem por. E sem comentários, pois contundente é sua mensagem e irrecorrível, o meu acordo, apesar de não ser pai e, para além disso, ser muito grato por não sê-lo! Ah... is me esquecendo, o texto é irônico, viu! (É sempre bom esclarecer...!)

“Como criar um filho(a) inútil

Mário Corso (mariofcorso@gmail.com)

Para criar um filho inútil, você terá que ser muito útil. É preciso seguir corretamente alguns passos. Parece fácil, mas requer dedicação, ninguém nasce inútil, torna-se inútil.

Começaremos com o espírito que perpassa a empreitada. Existe uma tendência natural de os filhos acreditarem que seríamos mais ricos e poderosos do que somos. Se você conseguir manter essa ilusão, é meio caminho andado. Ele vai sentir-se como um futuro herdeiro.

Mantenha-o livre de tarefas dentro de casa. Ele não deve fazer nada. A magia das roupas faz parte do treino. Quando esparramadas pelo chão, devem aparecer limpas e arrumadas no armário. Tudo na casa é assunto dos pais ou dos empregados. A etiqueta à mesa está ultrapassada, ele pode sair da mesa para voltar ao videogame, ou ainda comer sozinho no quarto. Isso instala a magia da louça: agora suja sobre a mesa, aparecerá limpa e no mesmo lugar na refeição seguinte. Só devem ser familiares a ele a geladeira e a despensa de alimentos prontos. Vai que ele tente uma receita, pode descobrir que nada é fácil. Na escola, caso a direção o chame, fique ao lado dele. Se conseguir boas notas, não elogie o esforço, chame o de gênio. Instale uma visão pragmática, estudar só para a prova e o vestibular: isso garante que ele não se apaixonará pelo saber. Igual, o dinheiro pode lhe dar um diploma. Cuidado com os esportes. Se ele se apegar a uma prática e perseguir melhores performances, pode desenvolver a perseverança e a tolerância à frustração. A qualquer mínima queixa, troque de esporte. Isso vale para música. Eles seguem o exemplo, se você não ler nada, ele vai achar desnecessário. Se você só tiver olhos para o celular, ele fará o mesmo. Fique de olho na sociabilidade, ele pode descobrir que nem todo mundo é seu fã.

Dê tudo para seu filho, atenda a seus caprichos. Você finge ser rico, esteja à altura. É provável que seu filho atraia uma pessoa tão inútil como ele e a traga para morar em casa. Possivelmente, farão um filho sem pensar e você terá a alegria de um neto, ou mais, em casa. Sustentar todo este povo é um incentivo para seguir trabalhando. Adeus à vagabundagem da aposentadoria. Você se sentirá útil e produtivo até o fim dos seus dias. Você deve estar pensando: mas e depois que eu partir? Sossegue, você não estará aqui para ver. E, com todos esses gastos, conseguirá tornar seu filho um herdeiro, de dívidas.”

GZH

Leia outras colunas em gzh.com.br/mariocorso

 

15.02.23

Repetição

Foureaux

Minha postagem de hoje, apesar da canícula indecorosa da tarde e início da noite, faz uso de um famigerado princípio ativo na composição das igualmente famigeradas “narrativas”: o princípio da repetição. O texto não é meu (como vai registrado no fim dele). Gostei e repito, pois tenho a impressão de que já escrevi sobre o assunto umas duas vezes por aqui. Não importa. Como o princípio da repetição é que me move hoje, lá vai...

“Professora de Português dando aula. E que aula!!!*

‘Vamos conversar.

Não sou homofóbica, transfóbica, gordofóbica.

Eu sou professora de português.

Eu estava explicando um conceito de português e fui chamada de desrespeitosa por isso.

Eu estava explicando por que não faz diferença nenhuma mudar a vogal temática de substantivos e adjetivos pra ser ‘neutre’.

Em português, a vogal temática na maioria das vezes não define gênero. Gênero é definido pelo artigo que acompanha a palavra.

Vou mostrar para vocês:

O motorista. Termina em A e não é feminino.

O poeta. Termina em A e não é feminino.

A ação, depressão, impressão, ficção. Todas as palavras que terminam em ação são femininas, embora terminem com O.

Boa parte dos adjetivos da língua portuguesa podem ser tanto masculinos quanto femininos, independentemente da letra final: feliz, triste, alerta, inteligente, emocionante, livre, doente, especial, agradável etc.

Terminar uma palavra com E não faz com que ela seja neutra.

A alface. Termina em E e é feminino.

O elefante. Termina em E e é masculino.

Como o gênero em português é determinado muito mais pelos artigos do que pelas vogais temáticas, se vocês querem uma língua neutra, precisam criar um artigo neutro, não encher um texto de X, @ e E.

E mesmo que fosse o caso, o português não aceita gênero neutro. Vocês teriam que mudar um idioma inteiro para combater o ‘preconceito’.

Meu conselho é: em vez de insistir tanto na questão do gênero, entendam de uma vez por todas que gênero não existe, é uma coisa socialmente construída.

O que existe é sexo.

Entendam, em segundo lugar, que gênero linguístico, gênero literário, gênero musical, são coisas totalmente diferentes de ‘gênero’.

Não faz absolutamente diferença nenhuma mudar gêneros de palavras.

Isso não torna o mundo mais acolhedor.

E entendam em terceiro lugar, que vocês podiam tirar o dedo da tela e pararem de falar bobagem e se engajarem em algo que realmente fizesse a diferença para melhorar o mundo, ao invés de ficarem arrumando discussões sem sentido.

Tenham atitude! (Palavra que termina em E e é feminina).

E parem de ficar militando no sofá! (palavra que termina em A e é masculina).

Quando me questionam por que sou de direita, esta é a explicação:

Quando um tipo de direita não gosta de armas, não as compra.

Quando um tipo de esquerda não gosta de armas, quer proibi-las.

Quando um tipo de direita é vegetariano, não come carne.

Quando um tipo de esquerda é vegetariano, quer fazer campanha contra os produtos à base de proteínas animais.

Quando um tipo de direita é homossexual, vive tranquilamente a sua vida.

Quando um tipo de esquerda é homossexual, faz um auê e inventa que está sofrendo de homofobia.

Quando um tipo de direita é ateu, não vai à igreja, nem à sinagoga, nem à mesquita.

Quando um tipo de esquerda é ateu, quer que nenhuma alusão a Deus ou a uma religião seja feita na esfera pública.

Quando a economia vai mal, o tipo de direita diz que é necessário arregaçar as mangas e trabalhar mais.

Quando a economia vai mal, o tipo de esquerda diz que os ‘malvadões’ dos patrões são os responsáveis e param o país.

Tese final:

Quando um tipo de direita lê este texto, ele ri, concorda que infelizmente é uma realidade e até compartilha.

Quando um tipo de esquerda lê este texto, te insulta e te rotula de fascista, nazista, genocida, etc. .’

Aula encerrada.

________

*domínio público”

 

 

31.01.23

Releitura

Foureaux

Acabei de reler pela terceira ou quarta vez, já perdi a conta, um romance monumental: Os Maias, do Eça de Queiroz. Ou será Queirós? Queiróz? Talvez Queirós? Vai saber. Já estou definitivamente afastado dessas firulas ditas acadêmicas. Isso não tem a menor importância aqui. O que vale mesmo é o “peso” do livro, inclusive, em sentido literal. Longe de mim dizer que o tal “peso” denota desarranjo, dissabor, desprazer ou dificuldade. Longe mesmo! O romance é mesmo monumental e seu peso é de glória, de realização, de importância. É o que vale. Eça, neste romance, dá uma lição de ritmo narrativo. Ouso dizer que mais prazer me causou o tal ritmo em Raquel de Queiroz e em José Lins do Rego. Mas vá lá, no Eça, tem-se outro exemplo cabal de maestria no domínio desta peculiaridade narrativa. O primeiro capítulo (se não me engano um dos mais curtos do romance, se não o mais curto), corre ligeiro e coloca, de imediato, em cena, a estrela principal: Carlos da Maia. A seu lado, um pouco mais adiante, aparece aquela que, para mim é a outra personagem central, literalmente central, do romance: João da Ega. O dramatis personae composto pelas demais figuras narrativas que aparecem é apenas complementar, fundamental, mas complementa a centralidade acachapante de Carlos e João. Que dupla! Numa pincelada ágil, volátil, certeira, a vida de Pedro da Maia, a história de Pedro e o aparecimento de Carlos da Maia no cenário da Lisboa de sempre – sob a pena do escritor português – se dá, aparentemente, num estalo se comparada ao restante dos episódios que vão sendo cirurgicamente costurados pela voz narrativa que tudo sabe, tudo vê, tudo explica. A ironia do autor, obviamente, dá o ar de sua graça. Nessa releitura, não fiz como na imediatamente anterior. Nesta, procurava reencontrar uma cena em particular: Carlos da Maia vai à casa de João da Ega e o encontra a sair do quarto onde está outro rapaz. A cena, se a minha memória não me trai, é rapidíssima e não apresenta – ainda uma vez, aparentemente – nenhum desdobramento inescapável para a economia do romance. Eu digo isso sob a égide de uma perspectiva particular de leitura, o que não invalida as outras, por um lado. Por outro, esta mesma perspectiva intenta descortinar novos horizontes de expectativas para a mesma fortuna crítica do romance. Ocorre que chegou aos meus ouvidos um alerta sobre alguém que se sentiu “curioso” com a referida cena. Devo confessar que quando da penúltima leitura, não consegui localizar a dita cuja. Nesta última, a partir da qual escrevo hoje, isso não estava nas minas intenções subliminares, mas, confesso, foi superado por uma surpresa ainda maior. Mais tarde volto a isto. Pois então, o tal alerta apontava para a cena a que me referi no sentido de estranhar que um autor como Eça pudesse deixar entrever um resquício que fosse de algo fora dos padrões morais e socioculturais de sua época. Esta é a segunda parte do que vou tratar daqui a pouco. Voltando à leitura atual, há de ratificar a extrema acuidade com que Eça monta seu quebra-cabeça ficcional. O enredo fala de um casamento fortuito e circunstancial (Pedro e Maria Monforte, a negreira), sob o olhar embevecido de seu pai (Afonso da Maia). O universo masculino preponderante, apresenta, então, nesta altura da narrativa, um quadro ínfimo de personagens femininas, todas elas acessórias, decorativas. No segundo passo do romance, quando Carlos se forma, e retorna de uma viagem longa para complementar sua “formação, o quadro feminino é acrescido de outras figuras femininas, eu diria, igualmente decorativas, com exceção da Gouvarinho – que colabora para a exposição de tese interessante sobre o comportamento masculino e feminino numa Lisboa em fase de transição sociocultural. Nesta altura, a atenção do leitor se volta para a evolução moral de sua estrela principal, Carlos da Maia, até o momento em que conhece Maria Eduarda. Já estamos no terceiro passo do romance. Nesta fase, a “maturidade” afetiva de Carlos parece estar consolidada. É quando se percebe, subliminarmente, que Carlos não trabalha, mas vive das rendas da família, numa abundância digna dos detalhes concebidos e outorgados pelo autor. Ao chegarmos ao passo final, o desenlace se dá de maneira trágica: a descoberta do incesto, por conta de uma “peripécia” do passado dos Maias, segredo guardado a sete chaves pelo avô, patriarca. Maria Monforte junta-se com um nobre italiano e abandona Pedro, que se mata. Do casamento com o português, nascem dois filhos: Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Na fuga, a adúltera vai para Paris levando a filha. Anos depois, tem outra filha, em Londres, que morre. Deixa chegar aos portugueses a notícia de sua morte, mas sem esclarecer que se trata da segunda filha. Está armado o circo – será que ela fez de propósito? – para os que ficaram em Lisboa. Com o passar do tempo, o fatídico acontece propiciando o encontro e o envolvimento amoroso – sério, profundo – entre Carlos Eduardo e Maria Eduarda, irmãos, mas ignorantes do fato. O final não poderia ter sido outro. O patriarca morre de desgosto – ainda que o Vilaça assevere que foi consequência de patologia cardíaca – Carlos Eduardo desfaz o compromisso com Maria Eduarda que vai para Paris e... aí é que mora o busílis. A minha surpresa nesta releitura. Se a cena em que João da Ega sai de seu quarto deixando lá um rapaz sob o olhar desconfiado de Carlos é um tanto instigante, o final do romance, ousaria concluir, é definitivo. Como disse antes, as mulheres, neste romance, desempenham papel decorativo. O mundo masculino é o cenário ideal pintado pela pena do escritor português que, através dele, esmiúça as entranhas da sociedade portuguesa, mais uma vez, com finalidade não explícita. Por isso, eu disse, o peso do romance. Ele deixa a cargo do leitor- mas nem tanto – a função de terminar o real sentido de suas insinuações. É nesta perspectiva que me admiro, positivamente com o final do romance. De certa forma, ele comtempla e confirma dúvida que paira quando da cena do quatro do João da Ega. No final do romance, depois de superadas as perdas e resolvidas as questões, digamos, práticas do imbróglio em que se meteu Carlos da Maia, ele e seu “fiel” amigo fazem uma longa viagem juntos. E não há referência à presença fundamental de mulheres, ainda que se possa, com toda tranquilidade, intuir que elas estarão presentes no périplo dos dois amigos. Na volta, quando de uma visita ao ramalhete, lá estão os dois, de novo, sós, um e outro, a combinar pândegas. E o romance acaba com uma corrida para pegar o comboio que os vai levar a mais uma de suas “farras” com os “rapazes” finos da então nobre sociedade portuguesa. Mais não digo...

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