Coincidências (?)

Dizem por aí que, numa alcateia, os primeiros dois ou três lobos, são os mais velhos. Vão À frente pela sabedoria e “conhecimento” acumulado com os anos. São Guias certos, seguros e equilibrados. Em seguida, uns cinco lobos mais novos e fortes. Seguem, aqueles mais novos que vêm acompanhados por cinco outros, do grupo dos mais fortes. Por fim, vem o que se logrou denominar o “machio alfa”, o líder. Sim, ele vem no fim, para não deixar nenhum dos lobos para três e saber que todos seguem, seguros e determinados, à sua frente. Esta é a lógica da alcateia e parece ser a mesma lógica que domina o desempenho do camarlengo no filme Conclave, um filme britânico-estadounidense de suspense e mistério de 2024, dirigido por Edward Berger e escrito por Peter Straughan, baseado no romance de 2016, de Robert Harris. O filme é estrelado por Ralph Fiennes, Stanley Tucci, John Lithgow, Sergio Castellitto e Isabella Rossellini. Bem, “suspense e mistério” é por conta de quem escreveu as últimas linhas (copiei da “rede”). No entanto, é preciso que se diga, que, em certa medida a lógica da alcateia, no que diz respeito ao papel do líder, pode ser percebida no desempenho do camerlengo, como já disse. Porém, o desenvolvimento da narrativa fílmica acaba por abandonar a abordagem nesta perspectiva para anunciar uma outra que vai culminar numa revelação estupefaciente. Tive a mesma reação que no filme de Almodóvar, A pele que habito. Neste caso, a certa altura, uma pequena e rápida cena, constituída, se não me falha a memória, por um “sim”, faz perceber o que realmente se passa e que ficou encoberto por nuvens e nuances de pensamento que faziam perder o sentido do discurso imagético. No caso de Conclave, tive a mesma reação. Bem no finalzinho do filme. Quem viu, vai saber do que estou falando. Quam não viu, vai ter que ver para descobrir... De um ou de outro modo, resta a certeza da “oportunidade” do filme – quando vi, evidentemente, porque não posso super que o diretor tenha o dom da profecia... – ao vê-lo um dia depois do passamento de Francisco, papa polêmico, que dividiu opiniões e que não foi objeto de consenso, em nenhum momento de eu pontificado. Não sei, ao certo, que atitude tomar diante desta personalidade. Costumo dizer que, mesmo depois de sua morte, sinto-me dividido em relação a ela. Eu não me esqueço, jamais, de que minha opinião pouco importa, ou, como se diz no “popular”: quem sou eu na fila do pão... De tudo, fica a impressão, respaldada em dúvida abissal, de que o conclave, como processo, é mesmo uma guerra, como diz uma personagem do filme homônimo, impecavelmente vivida por Stanley Tucci. Eu ousaria dizer que uma guerra de egos, fogueira das vaidades, para blaguear título de livro e filme de outros tempos. Fica, então, a dica: vejam o filme. Está no Amazon Prime Vídeo. Ad sumus...





