Triste cotidiano
A mulher tenta fazer crescer sua renda dando aulas de reforço em sua própria residência. Ela já trabalha em duas escolas e faz isso por conta da condição salarial que dispensa comentários... Acabou de receber mais um estudante. No correr da semana, o garoto não fez a lição proposta pela professora na escola em que estuda. A professora de reforço diz que ele tem que fazer a lição. O menino se nega. Ela insiste. O menino dá um tapa na cara da professora. Ela o coloca de castigo e telefona para os pais do garoto. A mãe vai à casa da professora e tira de lá seu filho, sem conversar com a professora. Na semana seguinte, o menino volta para o reforço. A professora pergunta o que a mãe disse a ele sobre o que acontecera. Ele disse que a mãe não disse nada. A professora liga de novo para os pais e recebe a visita deles acompanhados por uma tia do guri. A professora é agredida e o menino, segundo sua mãe, “resgatado”. Com alguma possível discrepância (estou reproduzindo a história sem consulta a fontes, nem rascunho, apenas de memória) foi isso o que aconteceu. E eu me pergunto: o que dizer disso? Partilhei no facebook um vídeo com essa notícia (tentei encontrá-lo para colocar aqui, mas já não existe... vai-se saber o porquê). Desafiei as pessoas da lista na qual partilhei o vídeo com a seguinte provocação: “quero ver quem vai dar razão aos pais”. Nenhuma, absolutamente nenhuma reação ou resposta. Isso me fez pensar que alguma coisa está errada. Não vou levar esta discussão adiante aqui. No entanto, isso também me fez pensar no fato de que estou ficando velho e menos permeável a certas idiossincrasias (para ser elegante e educado). Estou ficando velho e mais chato. Coincidência (elas existem mesmo?) ou não, deparei-me com um texto atribuído à atriz norte-americana Meryl Streep (também não fui atrás das famigeradas fontes. Pode ser que não haja possibilidade de aproximação entre os dois relatos que fiz. Pode ser. Tudo pode ser. Foro íntimo, penso que estão, de alguma maneira, em alguma medida, intrinsecamente relacionados. O livre arbítrio ainda existe e, ao que parece, não está taxado nem pode ser usado como peça de incriminação... Reproduzo o dito cujo e fico por aqui:
“Envelhecer não é para os fracos. Um dia você acorda e percebe que a juventude ficou para trás, mas com ela também se vão as inseguranças, a pressa, a necessidade de agradar. Você aprende a andar mais devagar, mas com mais certeza. Despedir-te sem medo, dar valor a quem fica. Envelhecer é soltar, é aceitar, é descobrir que a beleza nunca esteve na pele, mas na história que carregamos dentro de nós.”