Desabafo
A postagem de hoje é um trecho de diário. Tento manter certa regularidade nele, mas a minha preguiça não deixa. Vou levando aos trancos e barrancos. Não sou melhor que ninguém, nem pior. Sou apenas mais um que tenta demarcar um campo impossível de ser delimitado, por isso mesmo, tão atraente e sedutor. Estudei para ser professor depois de tentar umas tantas outras atividades profissionais. Bati cabeça, como dissera minha mãe certa feita. Pensei que, como professor de universidade – sim era pretensioso e, parece, continuo sendo! – ficaria famoso, publicaria livros, seria convidado para conferências e seminários mundo afora. Acorda, Alice! Um pezinho dentro da academia e... voilá... nada disso aconteceu. Por que não “acontece”. O buraco é bem mais embaixo e não vou desfiar lamentos lamúrias. Vou apenas dizer que o glamour não existe. definitivamente, não! Voltando à vaca fria. Sou um sujeito comum e, de uns anos pra cá, tenho sido objeto de instigante reação alheia: a tristeza. Vira e mexe alguém me diz que fica triste aoler ou escutar coisas que eu digo, sobretudo se o tema é a atualidade, mais precisamente, atualidade brasileira, ainda mais precisamente, a atualidade brasileira no que diz respeito ao que vem acontecendo com a nossa “justiça” e à atividade parlamentar (ainda pode existir?). Pois bem. Começou com um rapaz do Paraná, de Londrina, se não me engano. Conheci-o através de terceiros que indicaram meu nome para revisar sua dissertação de mestrado sobre Caio Fernando Abreu, oque fiz prazerosamente. Tempos idos... Ficamos “amigos”, virtualmente, até que o convidei para receber o título de membro correspondente da ALACIB – explicação sobre a sigla fica para outra ocasião –, uma academia da qual faço parte. Tempo vai, tempo vem, no primeiro governo da “anta” que celebrou a mandioca, ele pediu-me para não mais enviar as ironias que eu enviava sobre a dita cuja para não ter que cortar relações comigo. Ele disso que isso o deixaria muito triste. Depois veio a Ana Maria, que conheci através de um amigo muito querido, o José Carlos Barcellos. Foi em antes do rapaz de Londrina, mas, na mesma medida, pediu-me para não mais fazer as postagens que fazia sob pena de merecer a sua tristeza. Daí veio uma ex-aluna que julgava amiga. Convidara-me duas vezes para ir a Pau dos ferros, uma cidadezinha no meio do sertão potiguar. Fui membro de sua banca de doutoramento. Mereci dois jantares em sua casa. Depois disso tudo, veio “com dois quentes e um fervendo” por conta de uma piada que repliquei no “feicibuc” acerca do desempenho do Moro, em priscas eras de investigação séria sobre a famigerada “Lavajato”. Chamou-me de estúpido e ignorante, por tabela, além de uma série de impropérios “típicos”... Fiquei numa tristeza e dar dó. Como se não bastasse, mais ou menos na mesma altura, um amigo de mais de trinta anos chamou-0me de “o Clodovil da academia: feio, burro e mal-informado”. Decepção foi pouco. Ele não disse isso para mim, escreveu na sua página do mesmo “feicibuc”, sem me avisar. Fiquei sabendo por força do alerta de uma amiga comum que me perguntou o que eu faria. Eu disse: nada. Ele não se dirigiu a mim, escreveu em sua própria página e nem sequer pediu minha manifestação. Decepção foi pouco, muito pouco. Em seguida, no comecinho do frenesi de outra “famigeração”: a covid, estava eu em Porto Alegre, quando recebi mensagem esculachando a minha pessoa em tom dorido, sentido,... triste... Era outra ex-aluna. desta feita, dizendo que eu não tinha compaixão, que eu era privilegiado e que ela estava...triste com minha reação. Custei a entender o que havia acontecido. Resumo da ópera: ela mandou-me um áudio dizendo que, a meu pedido, ainda que ela estivesse... triste, estava me cancelando. Mais uma decepção. Por último, mas não menos importante, uma prima que me acusou de negacionista por não levar a sério as patacoadas do “pessoal do poder” no que aconteceu no igualmente famigerado 8 de janeiro... El também se disse triste com meu posicionamento a respeito. Bom. O que pensar disso? Só posso concluir que “ficar triste”, num sentido um tanto “torto” do adjetivo – e troto porque tendenciosamente oblíquo e ideologizado em seu uso – é uma forma de condenar alguém ao esquecimento. Por outro lado, pode também ser uma forma de eximir-se da utilização de “argumentos” concretos e consistentes para não ficar à beira do abismo, para usar linguagem figurada (Ainda acredito na plausibilidade deste registro e em sua compreensão como forma discursiva). É isso. Um desabafo. Não teve outra intenção estas mal traçadas linhas. Punto i basta!