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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

Março 30, 2023

Foureaux

No penúltimo dia de março, bem longe de ser como “as águas de março, fechando o verão”, faço mais uma postagem. Depois de outro dos muitos “intervalos” na minha sequência de postagens. Elas já estão mais que devidamente justificadas, ainda que disso não precisem. Para nada! Então... Li o texto que segue na página de Facebook de uma amiga, ex-aluna, do Rio Grande do Sul, a Rosa Lilia Torres Delabary. Reproduzo ipsis litteris o dito cujo. Sem tirar nem por. E sem comentários, pois contundente é sua mensagem e irrecorrível, o meu acordo, apesar de não ser pai e, para além disso, ser muito grato por não sê-lo! Ah... is me esquecendo, o texto é irônico, viu! (É sempre bom esclarecer...!)

“Como criar um filho(a) inútil

Mário Corso (mariofcorso@gmail.com)

Para criar um filho inútil, você terá que ser muito útil. É preciso seguir corretamente alguns passos. Parece fácil, mas requer dedicação, ninguém nasce inútil, torna-se inútil.

Começaremos com o espírito que perpassa a empreitada. Existe uma tendência natural de os filhos acreditarem que seríamos mais ricos e poderosos do que somos. Se você conseguir manter essa ilusão, é meio caminho andado. Ele vai sentir-se como um futuro herdeiro.

Mantenha-o livre de tarefas dentro de casa. Ele não deve fazer nada. A magia das roupas faz parte do treino. Quando esparramadas pelo chão, devem aparecer limpas e arrumadas no armário. Tudo na casa é assunto dos pais ou dos empregados. A etiqueta à mesa está ultrapassada, ele pode sair da mesa para voltar ao videogame, ou ainda comer sozinho no quarto. Isso instala a magia da louça: agora suja sobre a mesa, aparecerá limpa e no mesmo lugar na refeição seguinte. Só devem ser familiares a ele a geladeira e a despensa de alimentos prontos. Vai que ele tente uma receita, pode descobrir que nada é fácil. Na escola, caso a direção o chame, fique ao lado dele. Se conseguir boas notas, não elogie o esforço, chame o de gênio. Instale uma visão pragmática, estudar só para a prova e o vestibular: isso garante que ele não se apaixonará pelo saber. Igual, o dinheiro pode lhe dar um diploma. Cuidado com os esportes. Se ele se apegar a uma prática e perseguir melhores performances, pode desenvolver a perseverança e a tolerância à frustração. A qualquer mínima queixa, troque de esporte. Isso vale para música. Eles seguem o exemplo, se você não ler nada, ele vai achar desnecessário. Se você só tiver olhos para o celular, ele fará o mesmo. Fique de olho na sociabilidade, ele pode descobrir que nem todo mundo é seu fã.

Dê tudo para seu filho, atenda a seus caprichos. Você finge ser rico, esteja à altura. É provável que seu filho atraia uma pessoa tão inútil como ele e a traga para morar em casa. Possivelmente, farão um filho sem pensar e você terá a alegria de um neto, ou mais, em casa. Sustentar todo este povo é um incentivo para seguir trabalhando. Adeus à vagabundagem da aposentadoria. Você se sentirá útil e produtivo até o fim dos seus dias. Você deve estar pensando: mas e depois que eu partir? Sossegue, você não estará aqui para ver. E, com todos esses gastos, conseguirá tornar seu filho um herdeiro, de dívidas.”

GZH

Leia outras colunas em gzh.com.br/mariocorso

 

Março 20, 2023

Foureaux

Como descrever o que há por detrás das palavras e suas entonações durante um diálogo? Há que notar que neste caso particular, o diálogo se trava entre um príncipe e um primeiro-ministro, do mesmo país. Há uma dúvida no ar. O príncipe quer saber do primeiro-ministro o que ele pensa sobre o resultado da recente pesquisa sobre a monarquia. O primeiro-ministro diz que se trata de uma mera pesquisa, apenas. O príncipe rebate, argumentando que é perigoso não levar a pesquisa a sério. O primeiro-ministro encerra a discussão dizendo que igualmente perigoso é deixar-se guiar pela mesma pesquisa. A situação está, aqui, resumida, para efeito de análise e comentário. Na aparente simples troca de palavras que, por sua vez, dá expressão a uma aparente simples troca de impressões acerca de um evento banal, a pesquisa de opinião, existe um universo inusitado, imensurável e abissalmente complexo de possibilidades. Os movimentos labiais, as movimentações de sobrancelhas e os gestos manuais são contributos mais que decorativos na cena. Muito mais. Não se trata apenas de dramatizar uma situação concreta. No fundo, o que acontece é a transposição para a realidade de algo que a percepção humana não dá conta num primeiro momento. basta ver, a título de comparação, o que acontece quando, no início do filme, Gloria Swanson se dirige a William Holden, na sequência de abertura de Sunset Boulevard. Ela observa o rapaz distraído e pergunta quem é ele. Se identificam e se apresentam. Ele comenta que ela parecia ser “maior”, em tom irônico, pois ele reconhece a grande estrela do cinema mudo. Ela replica dizendo que ela é grande, as fotografias é que ficaram menores. O chiste, muito sutil e sofisticado, exala toda a malícia da observação, o que toca o nervo central da figura da atriz, por que não, decadente. Esta sequência, ainda no início do filme, dá o tom de todo o relato imagético. Com esses dois exemplos, o que está no fundo de minhas elucubrações aqui é o fato de que algo muito importante tem sido desperdiçado se já não está totalmente perdido, na sociedade “progressista” da/na atualidade: o valor da palavra. E ambos os exemplos, o senso comum depauperado dos dias que correm evidencia a sequência de imagens e se esquece de prestar atenção nas palavras. Houve um tempo em que o que era dito por alguém tinha um valor quase material, concreto, ontológico mesmo. Não era necessário comprovar nada com documentos, assinaturas, sinetes em lacrem, coisas do tipo... A palavra bastava. A opinião de alguém servia de guia para o que quer que fosse. Como acontece em Sociedade dos poetas mortos e o método utilizados pelo novo professor de Literatura que provoca revolução profunda na didática do ensino da escola “careta” em que passa a lecionar. Tanto é assim que ele transforma a vida de três ou quatro estudantes no filme. As palavras do professor foram suficientes para orientar os estudantes nos caminhos e descaminhos de suas descobertas adolescentes, confrontando-os com uma realidade avessa a este mesmo caminhar. Nos três exemplos aqui elencados, a palavra é soberana, sobrepõe-se à sequência imagética e define um campo subliminar de atenção/ percepção que, hoje em dia, costuma ser desprezado. Numa sociedade que endeusa a imagem e a aparência com o intuito de criar uma ilusão fantasiosa e invejável, a palavra tem sido subjugada e relegada a um plano inferior, aquele das injúrias, dos lugares comuns, do analfabetismo funcional que assola o mundo. Basta acompanhar por pouquíssimos minutos uma série de postagens, nas famigeradas redes sociais, para constatar este fato. Sobretudo nas postagens que se dizem oriundas de “influenciadores”. Nestes casos, é corriqueiro o uso de consoantes coladas, sem vogais para substituir as palavras; o uso de verbos no infinitivo, sem o erre que caracteriza este caso; a quase absoluta inexistência de concordância nominal, em nome de uma outra “linguagem” tida e havida como mais “inclusiva”. Ledo engano. O desprezo pela palavra está matando valores mais que basilares por inanição sufocante. Uma lástima. Não sei se me fiz entender, mas sei que disse o que me deu vontade. Punto i basta!

 

Março 14, 2023

Foureaux

Na semana passada fiz uma enquete no meu blogue. Apenas três pessoas responderam. Coloquei dois poemas, sem identificação de autoria e perguntei qual dos dois agradava mais a quem lesse e por quê. As justificativas, por óbvio, vou manter em sigilo. as identidades de quem comentou também, mas a resposta dos três, como foi unânime, não escondo: o segundo poema, chamado “B” na postagem, foi o que agradou mais. Era um poema da Bruna Lombardi. O outro, “A” na postagem, era de minha autoria. Depois de ler e reler os comentários e de trocar ideias com, pelo menos, dois dos que leram e responderam, fiquei pensando num monte de coisas. Entre estas coisas, ocorreu-me pensar que minha poesia não agrada. Deixei este pensamento de lado depressinha. Não se pode deduzir tal coisa com apenas três opiniões, ainda que unânimes, num universo de três informantes. Para quem é escravo de estatística, isso quer dizer alguma coisa. Para mim, diz que a opinião alheia é subjetiva, como a minha, e não pode ser tomada como “valor absoluto” de nada, em relação a nada. Isso não é desrespeito à opinião alheia, pelo contrário. É mesmo um respeito enorme pois cada um sabe de si, cada tem um conjunto de informações/experiências/exemplos/práticas/ideias que ajudam a amoldar o back ground a partir do qual emitem sua opinião. Por isso mesmo o respeito. Esta ideia também deixei de lado. Fiquei com a suposição de que, em primeiro lugar, a poesia que escrevo tem que agradar a mim. Se agrada a outras pessoas, no frigir dos ovos, vai fazer pouca diferença, na concretude da situação. Poderei continuar gostando do poema que escrevi em que pese a desaprovação alheia, quando e se for o caso. O que não ocorreu na enquete. Pena foi que apenas três pessoas responderam. A ideia de que minha poesia não vale muito voltou a me rodear o pensamento. Dou tratos à bola e sigo escrevendo. Quem sabe um dia...

 

Na interrupção de minhas anotações, deixei de comentar o bizarro, por óbvio, que foi a audiência de conciliação com o banco do Brasil. Na véspera, estava eu apreensivo, com medo de me exaltar e botar tudo a perder. Em vão. Quando consultei a advogada sobre isso ela riu e disse exatamente o que aconteceria. E aconteceu. Abriu-se a sessão, a mediadora (uma menina) leu o caput da ação. Perguntou à representante do banco se havia proposta de acordo. Negativo. Perguntou à advogada que me representa se tinha algo a dizer. Negativo. Leu então o parágrafo protocolar sobre o tópico. Foi interrompida pela representante do banco que pediu o acréscimo de solicitação de meu testemunho oral. Tudo acertado. Assinamos o papel e saímos. Tudo isso não durou quinze minutos. A representante do banco, se minha memória não me trai, é a mulher que. me ajudou a encerrar a conta de papai, mesmo antes de abrir o inventário. Em dois dias estava tudo resolvido. Entrou com pose de importante, com arrogância. Falou baixíssimo, o que me deixou intrigado pois não consegui escutar mais que o cicio de sua vez. Na saída pedi à advogada a confirmação da necessidade de meu testemunho oral diante do juiz. Ela disse que depende do meritíssimo pois o teor desse testemunho já está escrito no corpo do processo, acompanhado das “provas”. No fundo, no fundo, não tenho muita esperança. Penso que o banco vai protelar, protelar e protelar até eu desistir. Só desisto quando não houver mais saída, mas penso que jamais verei o dinheiro roubado de volta.

 

Faz dias e dias que não escrevo nada. Nem prosa, nem verso. Tenho lido bastante. Li dois livros que foram motivo de curiosidade no passado: Viagem ao redor de meu quarto (Xavier de Maistre) e No coração das trevas (Joseph Conrad). Que decepção! Creio que o passar do tempo fez arrefecer a curiosidade ou então ela ficou insatisfeita com a leitura, devido às fantasias inconscientes que minha psique elaborou e não me revelou. Não vi graça nenhuma em nenhum dos dois livros. Li tanto sobre eles. Escutei tantos elogios. Até vi um filme baseado num deles (Apocalipse Now – Francis Ford Coppola). Estou pra dizer, que, mesmo não fazendo meu “gênero” predileto de filme, este me agradou muito mais que o livro. Que coisa sem graça. O mesmo eu digo do texto do escritor francês. Pensei que se tratava de algo criativo, instigante e curioso. Nada. Um amontoado de anotações inusitadas e, porá ser sincero, com muito pouco sentido. Não gostei. Pronto. Isso não determina o destino das duas obras, Também não define sua posição num ranking de agrado ou sucesso. Quem sou eu para tanto... Só não vou ficar papagueando salamaleques pra ser politicamente correto. Não gostei. Punto i basta!

Março 06, 2023

Foureaux

Resolvi fazer uma provocação. Uma espécie de pulo no escuro para os que me leem. Abaixo seguem dois poemas “A” e “B”. Não vou dizer quem são os autores. São apenas três perguntinhas:

Qual dos dois mais agrada você?

O que, num, é mais bonito que noutro?

Qual dos dois é o “melhor”?

Adoraria ver as respostas chegando, mas...

***********************************************************

“A”

Já não verei a parede manchada

pelas contínuas investidas da chuva

(torrencial ou não),

e o cartaz vermelho com os preços

do combustível que alimenta os carros

a soltar fumaça

espalhar fulgem

ajudar a manchar as paredes

acompanhando a chuva

(torrencial ou não).

 

Já não verei a velhinha atravessa a rua

devagar

sobraçando sacola de mercado, 

com o necessário para o dia 

(que a carestia é muita!).

Nem verei o menino que vende balas para levar comida pra casa

(o atraso da revolução é grande).

 

Já não verei a menina que cora com o olhar desejoso do frentista,

nem a careta da beata depois da missa das seis.

 

Já não verei quase nada.

 

Tudo vai ser apenas memória.

Será?

E esse dia está para chegar.

 

***********************************************************

“B”

eu gosto dos venenos mais lentos
dos cafés mais amargos
das bebidas mais fortes
e tenho
apetites vorazes
uns rapazes
que vejo passar
eu sonho
os delírios mais soltos
e os gestos mais loucos
que há
e sinto
uns desejos vulgares
navegar por uns mares
de lá
você pode me empurrar pro precipício
não me importo com isso
eu adoro voar.

Março 05, 2023

Foureaux

Penso em escrever um livro de memórias de uma outra pessoa. Uma personagem, obviamente, inventada. Seu nome, até que eu mude de ideia é Temístocles Praggi. Tem uma história peculiar e deixou de herança, para um amigo muito próximo, a missão de publicar suas memórias com alguns cuidados. Não vou revelar-los aqui e agora, claro! Mas ando pensando muito nisso. vai ser um livrão. Vai aparecer, em algum momento do livro, uma mensagem que recebi de uma editora, dando explicações do porquê não aceitaram meu livro para publicar e acrescentando "dicas" do que fazer para queque livro seja aceito por qualquer editora e tenha sucesso. Na hora que li a mensagem, fiquei dividido entre a raiva mais incontrolável e o acesso de riso que acabou por vencer. Quase engasguei de rir com a capacidade de intromissão e a empáfia de determinar oq ue vai ser necessário para o sucesso do meu livro. Quanta pretensão. Se eu escrever mesmo o livro, quem o ler vai saber do que estou falando. O trecho que segue faz parte dele.

"Não escrevi nada desde o carnaval. Fico pensando nos “conselhos” que o povo de oficina de escrita criativa e os famigerados “editores” – principalmente das editoras pequenas, aquelas que trabalham em “colaboração” – quando dizem que o “bom escritor” tem que escrever todos os dias, que a rotina e o método são essenciais para o sucesso da obra, e coisas equivalentes. Mas o que é mesmo um “bom escritor”? Sempre que penso nisso, me vem à mente um artigo do Antonio Candido intitulado “No raiar de Clarice Lispector”. Se não me equivoco, foi o primeiro artigo escrito sobre a obra da então “nascente” escritora. Até então uma ilustre desconhecida no “mundo das letras”, apesar de trabalhar como jornalista que era. Logo no começo de seu ártico, Antonio Candido afirma: “Por isso tive verdadeiro choque ao ler o romance diferente que é Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector, escritora até aqui completamente desconhecida para mim. Com efeito este romance é uma tentativa impressionante para levar a nossa língua canhestra a domínios pouco explorados forçando-a adaptar-se a um pensamento cheio de mistério: para o qual sentimos que a ficção não é um exercício ou uma aventura afetiva, mas um instrumento real do espírito, capaz de nos fazer penetrar em alguns dos labirintos mais retorcidos da mente.” Como não estou escrevendo um trabalho acadêmico, mando às favas as famigeradas normas. Note-se que o autor afirma que a escritora é desconhecida “para ele”. Isso quer dizer que ele pode não ter sido o primeiro a ler a obra de Clarice Lispector em questão.  Outra coisa é ao fato de ele considerar “canhestra” a Língua Portuguesa. O que será que ele quis dizer com isso? O que ele afirma sobre ficção acaba por ser suplantado pela opinião de que a escrita de Clarice Lispector é, na leitura que dela faz Antonio Candido, caminho para penetrar ‘em alguns dos labirintos mais retorcidos da mente”. Essa é a opinião dele. Até prova em contrário, primeiro “julgamento” crítico da obra então nascente de Clarice Lispector. O que eu quero com isso? Nada mais que sublinhar o fato de que se, salvo engano, Antonio Candido foi mesmo o primeiro a explanar sua opinião sobre o romance de Clarice Lispector – no artigo ele faz comparações de cunhos analítico com outros escritores brasileiros, argumentando com ideias acerca de ficção, de série histórica e de “efeito de obra” – tudo o que ele disse pode ser tomado como expressão de uma verdade até então desconhecida. Ou não? Ora, se assim for, chega-se à conclusão de que é possível que seja outra a “verdade” expressa pela obra da escritora. Basta considerar que outras pessoas podem ter lido o mesmo livro que Antonio Candido e que, por conta disso, tiveram outra “impressão” do livro, formaram sobre ele outra opinião. Viu como é fácil desfazer o mito de que a crítica é infalível, ou por outra, como a posição de um crítico é apenas mais uma, sobretudo se outros leitores não tiveram a mesma opinião daquele que primeiro escreveu sobre determinada obra? O critério da “objetividade” se autodestrói e deixa aberta uma ferida que, até hoje, nenhum “teórico” foi capaz de deslindar. Tomara que não venha a existir tal “teórico”, dado que se vier a existir, toda a Literatura, como fenômeno cultural que é, deixará de ter sentido, poderá, mesmo, deixar de existir... Mas isso é apenas a minha opinião."

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