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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

Janeiro 31, 2023

Foureaux

Acabei de reler pela terceira ou quarta vez, já perdi a conta, um romance monumental: Os Maias, do Eça de Queiroz. Ou será Queirós? Queiróz? Talvez Queirós? Vai saber. Já estou definitivamente afastado dessas firulas ditas acadêmicas. Isso não tem a menor importância aqui. O que vale mesmo é o “peso” do livro, inclusive, em sentido literal. Longe de mim dizer que o tal “peso” denota desarranjo, dissabor, desprazer ou dificuldade. Longe mesmo! O romance é mesmo monumental e seu peso é de glória, de realização, de importância. É o que vale. Eça, neste romance, dá uma lição de ritmo narrativo. Ouso dizer que mais prazer me causou o tal ritmo em Raquel de Queiroz e em José Lins do Rego. Mas vá lá, no Eça, tem-se outro exemplo cabal de maestria no domínio desta peculiaridade narrativa. O primeiro capítulo (se não me engano um dos mais curtos do romance, se não o mais curto), corre ligeiro e coloca, de imediato, em cena, a estrela principal: Carlos da Maia. A seu lado, um pouco mais adiante, aparece aquela que, para mim é a outra personagem central, literalmente central, do romance: João da Ega. O dramatis personae composto pelas demais figuras narrativas que aparecem é apenas complementar, fundamental, mas complementa a centralidade acachapante de Carlos e João. Que dupla! Numa pincelada ágil, volátil, certeira, a vida de Pedro da Maia, a história de Pedro e o aparecimento de Carlos da Maia no cenário da Lisboa de sempre – sob a pena do escritor português – se dá, aparentemente, num estalo se comparada ao restante dos episódios que vão sendo cirurgicamente costurados pela voz narrativa que tudo sabe, tudo vê, tudo explica. A ironia do autor, obviamente, dá o ar de sua graça. Nessa releitura, não fiz como na imediatamente anterior. Nesta, procurava reencontrar uma cena em particular: Carlos da Maia vai à casa de João da Ega e o encontra a sair do quarto onde está outro rapaz. A cena, se a minha memória não me trai, é rapidíssima e não apresenta – ainda uma vez, aparentemente – nenhum desdobramento inescapável para a economia do romance. Eu digo isso sob a égide de uma perspectiva particular de leitura, o que não invalida as outras, por um lado. Por outro, esta mesma perspectiva intenta descortinar novos horizontes de expectativas para a mesma fortuna crítica do romance. Ocorre que chegou aos meus ouvidos um alerta sobre alguém que se sentiu “curioso” com a referida cena. Devo confessar que quando da penúltima leitura, não consegui localizar a dita cuja. Nesta última, a partir da qual escrevo hoje, isso não estava nas minas intenções subliminares, mas, confesso, foi superado por uma surpresa ainda maior. Mais tarde volto a isto. Pois então, o tal alerta apontava para a cena a que me referi no sentido de estranhar que um autor como Eça pudesse deixar entrever um resquício que fosse de algo fora dos padrões morais e socioculturais de sua época. Esta é a segunda parte do que vou tratar daqui a pouco. Voltando à leitura atual, há de ratificar a extrema acuidade com que Eça monta seu quebra-cabeça ficcional. O enredo fala de um casamento fortuito e circunstancial (Pedro e Maria Monforte, a negreira), sob o olhar embevecido de seu pai (Afonso da Maia). O universo masculino preponderante, apresenta, então, nesta altura da narrativa, um quadro ínfimo de personagens femininas, todas elas acessórias, decorativas. No segundo passo do romance, quando Carlos se forma, e retorna de uma viagem longa para complementar sua “formação, o quadro feminino é acrescido de outras figuras femininas, eu diria, igualmente decorativas, com exceção da Gouvarinho – que colabora para a exposição de tese interessante sobre o comportamento masculino e feminino numa Lisboa em fase de transição sociocultural. Nesta altura, a atenção do leitor se volta para a evolução moral de sua estrela principal, Carlos da Maia, até o momento em que conhece Maria Eduarda. Já estamos no terceiro passo do romance. Nesta fase, a “maturidade” afetiva de Carlos parece estar consolidada. É quando se percebe, subliminarmente, que Carlos não trabalha, mas vive das rendas da família, numa abundância digna dos detalhes concebidos e outorgados pelo autor. Ao chegarmos ao passo final, o desenlace se dá de maneira trágica: a descoberta do incesto, por conta de uma “peripécia” do passado dos Maias, segredo guardado a sete chaves pelo avô, patriarca. Maria Monforte junta-se com um nobre italiano e abandona Pedro, que se mata. Do casamento com o português, nascem dois filhos: Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Na fuga, a adúltera vai para Paris levando a filha. Anos depois, tem outra filha, em Londres, que morre. Deixa chegar aos portugueses a notícia de sua morte, mas sem esclarecer que se trata da segunda filha. Está armado o circo – será que ela fez de propósito? – para os que ficaram em Lisboa. Com o passar do tempo, o fatídico acontece propiciando o encontro e o envolvimento amoroso – sério, profundo – entre Carlos Eduardo e Maria Eduarda, irmãos, mas ignorantes do fato. O final não poderia ter sido outro. O patriarca morre de desgosto – ainda que o Vilaça assevere que foi consequência de patologia cardíaca – Carlos Eduardo desfaz o compromisso com Maria Eduarda que vai para Paris e... aí é que mora o busílis. A minha surpresa nesta releitura. Se a cena em que João da Ega sai de seu quarto deixando lá um rapaz sob o olhar desconfiado de Carlos é um tanto instigante, o final do romance, ousaria concluir, é definitivo. Como disse antes, as mulheres, neste romance, desempenham papel decorativo. O mundo masculino é o cenário ideal pintado pela pena do escritor português que, através dele, esmiúça as entranhas da sociedade portuguesa, mais uma vez, com finalidade não explícita. Por isso, eu disse, o peso do romance. Ele deixa a cargo do leitor- mas nem tanto – a função de terminar o real sentido de suas insinuações. É nesta perspectiva que me admiro, positivamente com o final do romance. De certa forma, ele comtempla e confirma dúvida que paira quando da cena do quatro do João da Ega. No final do romance, depois de superadas as perdas e resolvidas as questões, digamos, práticas do imbróglio em que se meteu Carlos da Maia, ele e seu “fiel” amigo fazem uma longa viagem juntos. E não há referência à presença fundamental de mulheres, ainda que se possa, com toda tranquilidade, intuir que elas estarão presentes no périplo dos dois amigos. Na volta, quando de uma visita ao ramalhete, lá estão os dois, de novo, sós, um e outro, a combinar pândegas. E o romance acaba com uma corrida para pegar o comboio que os vai levar a mais uma de suas “farras” com os “rapazes” finos da então nobre sociedade portuguesa. Mais não digo...

Janeiro 27, 2023

Foureaux

O Brasil é um país interessantíssimo. Sua História política é algo que se repete a cada quatro anos – tempo de mandato da presidência da república. Com alguma sorte, depois do famigerado FHC, a reeleição pode manter na cadeira, o mesmo presidente. Teoricamente isso dar-lhe-ia a oportunidade “glorioso” de fazer cumprir o seu “plano de governo”, quando, é óbvio, há um! No andar tradicional da procissão, a mesma ladainha se repete a cada quatro anos. Tudo o que o governo que é substituído fez não presta. Todos os defeitos e problemas nacionais assumidos pelo novo eleito é pura e absolutamente responsabilidade do governo anterior. Com raríssimas e honrosíssimas exceções, cada quatro anos faz-se tabula rasa de tido. É como se o país, a nação, o Estado, fosse ter um início original, um novo “gênesis”... Este ano mão foi diferente. Há, porém, uma particularidade. O que assumiu volta depois de seis anos de espera, de matutagem, de enredo, de “preparação. No meio do caminho, houve um ensaio, patético e canastrão, de aprisionamento. Preso, numa dependência que não era do sistema carcerário, com múltiplas regalias, com direito a entrevista e manifestação oral, visitas a tempo e a hora. Mais de um ano. Agora, o condenado preside o país. Sob os aplausos de boa parte da famigerada “mídia”, das miríades e miríades de fanáticos que, com voracidade, já retomam pontos estratégicos da administração, com o beneplácito do simbolismo de um homem corrompido e corruptor, que se faz de vítima e de pai dos pobres, simultaneamente. Um homem em quem não se pode confiar, pois mente e confessa que mente. Inexplicavelmente, este homem está, de novo, sentado, na cadeira mais importante do país. Há que se fazer uma ressalva quanto a este último detalhe. Pode ser que a importância não seja assim definitivamente do assento presidencial. Há outro, togado – de preto e vermelho – que ocupa o esdrúxulo cargo de presidente de um supremo tribunal eleitoral. Esse aborto da administração pública só existe aqui, nos estados unidos de bruzundanga, até prova em contrário. Não vou “checar as fontes”, como é costume cobrar de mim. Preguiça, muita preguiça. O que me incomoda é que, repito, inexplicavelmente, há uma população numerosa que não consegue deixar de incensar este homem, vendo nele a encarnação da alegria, da felicidade, do amor. Ele não pode andar pelas ruas das grandes cidades sem correr o risco de receber interpelações, digamos, pouco lisonjeiras. Nega-se a ocupar a residência oficial da presidência da república, sob o pretexto de que ela foi deixada em frangalhos pelo “genocida” que a ocupou com sua família nos quatro anos anteriores ao retorno – sim, é assim mesmo que o presidente anterior é tratado, e foi tratado durante os quatro anos que ocupou o mesmo cargo de quem agora o ocupa. Um descalabro. Outra coisa que me espanta é que, em que pese a pessoa do antecessor, sua história, suas credenciais, seu comportamento, etc., o que espanta é que mesmo debaixo de saraivadas e saraivadas de chumbo grosso, vinte e quatro horas por dia, durante quatro anos, a equipe montada pelo antecessor, conseguiu, a duras penas, fazer com que certa estabilidade econômica fosse alcançada. E foi preciso que a imprensa internacional dissesse isso, pois a doméstica só continuava sua saga de destruição, negação e condenação de tudo e mais alguma coisa que a equipe fazia. Todo o seu trabalho sempre foi taxado de ruim, atrasado, nefasto e errado. Uma coisa! Nos dias que correm, há duas novidades que se anunciam e se sustentam na “voz do povo”. A primeira delas diz respeito ao antecessor que está sendo massacrado por fatos que ocorreram após sua saída de cena (um tanto covarde, convenhamos) por conta de atos de vandalismo – que a imprensa e seus asseclas insistem em denominar de terrorismo, no cometimento de um equívoco monumental – ocorridos logo na primeira semana do novo mandato. Há que se registrar o fato de que, a cada dia, aparecem (dizem...!) evidências de que os que entraram e tinham responsabilidade de evitar (porque foram devidamente alertados do que estava para acontecer) o ocorrido, não o fizeram. Sabe Deus por quê! A outra novidade é que os índios no norte do país estão doentes, malnutridos e morrendo por conta dos efeitos da má gestão do que se chama “política de reservas de territórios indígenas”. Digo novidade, com ironia, claro, por conta de que, desde que me entendo por gente (e já há um tempinho que isso se deu!) escuto notícias e detrações e lamentos e detrações sobre esta situação. Isso não é coisa de ontem, nem de anteontem, nem de reflexo de erros cometidos nos quatro anos que antecederam a (re)posse. Vem de longe. Por isso mesmo é que comecei dizendo que, ao que parece, a História política brasileira se repete a cada quatro anos, lamentavelmente. Há um mecanismo automático que acomete a todos os que ascendem ao “poder”, como se isso, de fato, existe, ontologicamente falando. Sei que muita gente, se pusesse os olhos em cima disso que acabei de escrever, ia jogar pedras em mim, me xingar, me ofender, me cancelar... etc., etc., etc. Se ao menos eu tivesse certeza de que leram mesmo até o fim. E leram com olhos de ler e não com olhos de enxergar apenas o que interessa do jeito que interessa. O que não se coadunar com essas premissas não presta, está errado, é crime, é negacionismo... etc., etc., etc. E la nave va!

Janeiro 23, 2023

Foureaux

Li o texto que segue depois de receber a ligação para chegar em: https://www.brasilnamidia.com.br/2023/01/indigenas-em-estado-de-desnutricao-em.html.

Um amigo querido enviou-me a ligação. Sinceramente, não sei o que pensar. Dá a impressão de que, de fato, aquilo que se conhecia como credibilidade, associado à honestidade é coisa que não existe mais. desde o dia 8 próximo passado, não consigo acreditar em quase mais nada. Mesmo “vendo”...

“Indígenas em estado de desnutrição em Roraima são venezuelanos e fruto do comunismo de Maduro

PorBRASIL NA MÍDIA-janeiro 22, 2023

Por Oswaldo Eustaquio 

Imagens de indígenas do povo Yanomami em território brasileiro, análogas ao holodomor ucraniano- maior crise humanitária de fome da história- chocaram o mundo nesta semana. A vergonha de apresentar aborígenes em situação periclitante foi ignorado pelo governo do PT comandado por lula e revelado como um troféu para acusar o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro de genocídio.

O núcleo de jornalismo investigativo do Portal Poder DF, comandado pelo jornalista Oswaldo Eustáquio, que assina este artigo, no entanto, descobriu, que diferente da narrativa contada pela esquerda, tal crise humanitária, nada tem haver com a gestão Bolsonaro, mas trata-se de mais um ciclo de terror promovido pelo comunismo, de aliados dos mesmos que acusam Jair Bolsonaro. Na verdade, essa crise famélica injustificável foi promovida pela ditadura bolivariana de Nicolás Maduro, um dos principais aliados do atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

Os indígenas apresentados pelo governo de esquerda como são na verdade, vítimas do seu próprio sistema e sequer são brasileiros, são indígenas venezuelanos que pediram socorro aos parentes do lado próspero do continente, o Brasil. Ou, seja, é falsa a narrativa de que indígenas brasileiros sofreram um genocídio famélico. É correto afirmar, que assim como a maior parte do povo venezuelano, após a ditadura chavista, hoje comandada por Maduro, a maior parte da população passa fome e tem até 25% do seu peso reduzido devido a este grave fato, que se acentua quando se trata dos povos indígenas daquele país. Ao todo, hoje o Brasil tem 305 povos indígenas, vivendo em milhares de aldeias no Brasil, com costumes e línguas distintas. E algumas dessas tribos, principalmente na região amazônica e fronteiriça contam com indígenas da mesma etnia em países diferentes. Este é apenas um dos exemplos, de indígenas que sofrem nos países bolivarianos e são atendidos pela saúde pública brasileira. Sonia Guajajara, ministra dos povos Indígenas do governo Lula, era diretora da APIB, organização que recebe milhões de dólares de países como a Noruega, em nome de indígenas no Brasil, sem repassar o recurso para as bases.

A velha máxima marxista-leninista, de acusar daquilo que eles mesmos fazem, mais uma vez se torna uma ferramenta potencializada por uma imprensa preguiçosa e corrompida que cada vez mais distancia-se da verdade, que será restabelecida neste artigo.

A fronteira entre Brasil e Roraima tem sido um campo de guerra, em que a Operação Acolhida, programa de governo de Jair Bolsonaro, sem dúvida se tornou a maior ação de Direitos Humanos da história recente. Em que uma força-tarefa do Estado brasileiro recebe diariamente pessoas em condições subumanas, que são encaminhadas para projetos como o Brasil do Bem, comandado pelo empresário Carlos Wizard Martins, um dos mais bem sucedidos do mundo, que deixou suas empresas por quase dois anos para dedicar-se a questão humanitária e transformar a história dessas pessoas.

Entre os milhares de venezuelanos que fogem da ditadura bolivariana estão estes indígenas yanomamis, que necessitam de todo acolhimento e cuidado, mas que na verdade, fazem parte de mais um genocídio promovido pelos governos comunistas que apostam todas as suas fichas na América Latina.

Prova refutável, de que o governo Jair Bolsonaro tratou com respeito a questão dos povos indígenas no Brasil é o sucesso na lavoura do Povo Pareci, do Mato Grosso, que hoje conta com milhares de alqueires de terra com plantio de soja, milho e pipoca, onde saíram de uma vida de miserabilidade para de riqueza. Outro exemplo é o povo Suruí, da região norte do Brasil que chegaram a ganhar prêmio internacional pelo plantio e exportação de um dos melhores cafés do mundo.

Outro fato, que chamou a atenção da Reportagem foi a ausência do olhar das mais de 300 mil ongs estrangeiras, que atuam na Amazônia como verdadeiras milícias, blindando os indígenas do próprio Estado com o objetivo de manter suas terras intactas para serem exploradas por seus parceiros ocultos que vem lesando a nossa nação há anos.

Para concluir este artigo e demonstrar as mentiras e contradições de um desgoverno corrupto comandado por Lula e que feriu de morte os povos indígenas brasileiros, apresento uma prova cabal do decreto de fome promovido pelo PT, que foi revertido na gestão Bolsonaro.

O decreto 7056/2010, assinado no apagar das luzes do governo Lula, no dia 26 de novembro de 2010, fechou a maioria das administrações regionais Funai no Brasil, deixando as aldeias sem praticamente nenhuma semente para plantio e sem uma porta para que os indígenas pudessem bater. Este decreto-bomba, aliado a corrupção de ongs comandadas pelo PT, para gerir o recurso da Sesai/Funasa na Saúde indígena, sem dúvida, foram os ingredientes para uma receita de corrupção com benefício para os apadrinhados da esquerda brasileira e a dificuldade dos povos indígenas do Brasil, que nesta gestão do presidente Bolsonaro, carregam o aprendizado de não quererem mais ser sustentados pelo Estado, mas produzir e gerar riquezas em suas próprias terras, sem serem tolhidos por um governo que usa as minorias e depois subjuga.”

Fonte: Poder DF

 

QI

Janeiro 20, 2023

Foureaux

Ontem ou anteontem,uma amiga enviou-me mensagem pelo Whatsapp com o texto que segue. Gostei tanto que resolvi partilhar. É bom quando a gente se depara com um texto inteligente, bem escrito e que leva a gente a pensar de maneira sensata e respaldada no bom senso. Espero que quem o ler goste.  Para não dizerem que sou plagiador, cito a fonte que busquei na “rede”: https://www.facebook.com/david.glat

“Via Carlos Ebert

O QI médio da população mundial, que sempre aumentou desde o pós-guerra até ao final dos anos 90, diminuiu nos últimos vinte anos. É a inversão do efeito Flynn.

Parece que o nível de inteligência, medido pelos testes, diminui nos países mais desenvolvidos. Pode haver muitas causas para este fenómeno. Um deles pode ser o empobrecimento da linguagem.

Na verdade, vários estudos mostram a diminuição do conhecimento lexical e o empobrecimento da linguagem: não é apenas a redução do vocabulário utilizado, mas também as subtilezas linguísticas que permitem elaborar e formular pensamentos complexos.

O desaparecimento gradual dos tempos (subjuntivo, imperfeito, formas compostas do futuro, particípio passado) dá origem a um pensamento quase sempre no presente, limitado ao momento: incapaz de projeções no tempo.

A simplificação dos tutoriais, o desaparecimento das letras maiúsculas e da pontuação são exemplos de ‘golpes mortais’ na precisão e variedade de expressão.

Apenas um exemplo: eliminar a palavra ‘signorina/senhorita/mademoiselle’ (agora obsoleta) não significa apenas abrir mão da estética de uma palavra, mas também promover involuntariamente a ideia de que entre uma menina e uma mulher não existem fases intermediárias.

Menos palavras e menos verbos conjugados significam menos capacidade de expressar emoções e menos capacidade de processar um pensamento. Estudos têm mostrado que parte da violência nas esferas pública e privada decorre diretamente da incapacidade de descrever as emoções em palavras.

Sem palavras para construir um argumento, o pensamento complexo torna-se impossível.

Quanto mais pobre a linguagem, mais o pensamento desaparece.

A história está cheia de exemplos e muitos livros (George Orwell - 1984; Ray Bradbury - Fahrenheit 451) contam como todos os regimes totalitários sempre atrapalharam o pensamento, reduzindo o número e o significado das palavras.

Se não houver pensamentos, não há pensamentos críticos. E não há pensamento sem palavras. Como construir um pensamento hipotético-dedutivo sem o condicional? Como pensar o futuro sem uma conjugação com o futuro? Como é possível captar uma temporalidade, uma sucessão de elementos no tempo, passado ou futuro, e a sua duração relativa, sem uma linguagem que distinga entre o que poderia ter sido, o que foi, o que é, o que poderia ser, e o que será depois do que pode ter acontecido, realmente aconteceu?

Caros pais e professores: Façamos com que os nossos filhos, os nossos alunos falem, leiam e escrevam. Ensinemos e pratiquemos o idioma nas suas mais diversas formas. Mesmo que pareça complicado. Principalmente se for complicado. Porque nesse esforço existe liberdade.

Aqueles que afirmam a necessidade de simplificar a grafia, descartar a linguagem dos seus ‘defeitos’, abolir géneros, tempos, nuances, tudo que cria complexidade, são os verdadeiros arquitetos do empobrecimento da mente humana. 

Não há liberdade sem necessidade. Não há beleza sem o pensamento da beleza.

(Christophe Clavé)”. 

Janeiro 06, 2023

Foureaux

Esta é a primeira postagem de 2023. Como faço todos os anos, troco a aparência do blogue. Penso que já fiz isso no meio do ano, uma ou duas vezes. Não me lembro. Este ano vou tentar fazê-lo. De qualquer maneira, continuo, entre trancos e barrancos, escrevendo aqui desde 6 de outubro de 2009, quando fiz, oficialmente, minha primeira postagem. Este ano, completo 14 anos de postagens, não ininterruptas, mas persistentes. Hoje, então, a primeira do (novo) ano. É uma parábola. Recebi-a do querido Luiz Fernando, amigo-irmão que a vida fez com tivéssemos os caminhos cruzados num feriado de 12 de outubro de 1987. Muito tempo. Mandou-me hoje e abro as atividades “bloguísticas” com a parábola que ele enviou. É ler, gostar (ou não) e pensar (quem sabe?). Desconheço a autoria.

 

O 4º REI MAGO

Há uma lenda de que nos ensina o que Deus espera de nós. Dizem que houve um quarto Rei Mago, que também viu a estrela brilhar em Belém e decidiu segui-la. Como presente, pensou em oferecer ao Menino um baú cheio de pérolas preciosas. No entanto, em seu caminho, ele encontrou várias pessoas que estavam pedindo sua ajuda. Este Rei Mago os assistiu com alegria e diligência, e ele deixou a cada um deles uma pérola. Mas isso estava atrasando sua chegada e esvaziando seu baú. Ele encontrou muitos pobres, doentes, aprisionados e miseráveis, e não podia deixá-los sem supervisão. Ele ficou com eles pelo tempo necessário para aliviar a dor e depois partiu, o que foi novamente interrompido por outro desamparado. Aconteceu que quando finalmente chegou a Belém, os outros reis magos não estavam mais lá e o Menino Jesus fugira com seus pais para o Egito, porque o rei Herodes queria matá-lo. O Rei Mago continuou procurando-o sem a estrela que o guiara antes. Ele procurou, procurou e procurou... e dizem que ele passou mais de trinta anos viajando pela Terra, procurando a criança e ajudando os necessitados. Até que um dia chegou a Jerusalém justamente no momento em que a multidão enfurecida exigia a morte de um pobre homem. Olhando-o, ele reconheceu algo familiar em seus olhos. Entre dor, sangue e sofrimento, pode ver em seus olhos o brilho daquela estrela. Aquele que estava sendo executado era a criança que ele havia procurado por tanto tempo. A tristeza encheu seu coração, já velho e cansado pelo tempo. Embora ainda guardasse uma pérola na bolsa, era tarde demais para oferecê-la à criança que agora, transformada em homem, pendia de uma cruz. Ele havia falhado em sua missão. E sem mais para onde ir, ficou em Jerusalém para esperar a morte chegar. Apenas três dias se passaram quando uma luz ainda mais brilhante do que mil estrelas encheram seu quarto. Foi o Ressuscitado que veio ao seu encontro! O Rei Mago, caindo de joelhos diante Dele, pegou a pérola que ficou e estendeu-a a Jesus, que a segurou e carinhosamente e disse:

 

“Você não falhou. Pelo contrário, você me encontrou por toda a sua vida. Eu estava nu e você me vestiu. Eu estava com fome e você me deu comida. Eu estava com sede e você me deu uma bebida. Eu fui preso e você me visitou. Eu estava em todas as pessoas necessitadas que você assistiu no seu caminho. Muito obrigado por tantos presentes de Amor! Agora você estará comigo para sempre, porque o céu é a sua recompensa.”

 

A história não requer explicação ... somos o quarto Mago e damos continuidade ao seu trabalho todas as vezes que ajudamos alguém ao longo dessa caminhada chamada vida. Hoje termina o tempo litúrgico do Natal e desejo que as bênçãos e os ensinamentos do Mestre Jesus acompanhem você todos os dias deste ano. Muita Paz e Amor na sua vida.

 

 

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