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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

Junho 15, 2022

Foureaux

Ando pensando em coisas que, aparentemente já não têm importância. Coisas que aprendi. Coisas que me mostraram. Coisas que faziam parte da vida de qualquer menino ou menina (Sim, só esses dois, menino e menina! O resto é invenção de gente descerebrada que não tem o que fazer a não ser encher o saco dos outros com suas boçalidades!). Pois é... Coisas. Nessa onda de memórias afetivas e afinidades eletivas, recebi por e-mail o texto que segue. Desconheço a autoria, como também disse o emissor da mensagem que recebi. Compartilho por causa das... coisas!
“Naquela época, tirava notas azuis e morria de medo de notas vermelhas no meu boletim: tinha que ser acima de 7. Naquela época, não tínhamos bolsa família, tínhamos uniformes. O material escolar era comprado pelos nossos pais, com muito suor! Calçado era Vulcabrás, Conga, Ki Chute, Bamba... alpargatas. Não tínhamos celular... As pesquisas de escola eram feitas em bibliotecas públicas e nas enciclopédias… O trabalho era escrito à mão e em folha de papel almaço. A capa era feita com papel sulfite. Tinha dever de casa pra fazer. A Educação Física era de verdade… Tínhamos carteirinha pra dizer presente, ausente e atrasado. Ainda cantávamos o Hino Nacional no pátio, antes de ir para a sala de aula. Teve uma época em que tínhamos aulas de Religião, Educação para o lar, Educação Moral e Cívica! Os dentistas iam à escola para aplicar flúor e ensinar os cuidados com a higiene bucal. As professoras olhavam nossas cabeças e mandavam recados para as mães de quem tinha piolhos. Na escola tinha o Gordo, a Magrela, a Branca Azeda, o Quatro Olhos, a Baixinha, a Olívia Palito, o Palitão, o Cabelo Bombril, o Negão, o Periquito, o Narigudo, a Girafa e por aí vai... Todo mundo era zoado; às vezes, até brigávamos, mas logo estava tudo resolvido e seguia a amizade... Era brincadeira e ninguém se queixava de bullying. Existia o valentão, mas também existia quem nos defendesse. Trauma? Nunca ouvimos essa palavra. O lanche era levado na lancheira ou dentro de um saco de pão. Época em que ser gordinho(a) era sinal de saúde e, se fôssemos magros, tínhamos que tomar o Biotônico Fontoura. A frase “peraí mãe” era para ficar mais tempo na rua e não no computador ou no celular... Colecionávamos figurinhas, bolinha de gude, papéis de carta, selos! As brincadeiras eram saudáveis. Brincávamos de bater em figurinhas, e não nos colegas e professores. Adorava quando a professora usava mimeógrafo e aquele cheiro do álcool tomava conta da sala. Na rua era jogar bola, queimada, pular corda, subir em árvores, pular elástico, pique-esconde, polícia e ladrão, andar de bicicleta ou carrinho de rolimã; soltar “papagaio” (ou arraia ou pipa) e ficar na rua até tarde. Muitas vezes, com a mãe tomando conta, sentada no portão, ou com as vizinhas (grandes amigas), conversando alegres… Comia na casa dos colegas e ao chegar em casa, tomava bronca por isso (“Não tem comida em casa?”). Não importava se meu amigo era negro, branco, pardo, rico, pobre, menino, menina: todo mundo brincava junto. E como era bom! Bom não... era maravilhoso! Assistia ao Pica-Pau, Tom e Jerry, Pantera Cor de Rosa, Papa Léguas, Sítio do Pica-Pau Amarelo, Corrida Maluca, He-man, o Gordo e o Magro e vários outros... Que saudades desse tempo em que a chuva tinha cheiro de terra molhada! Época em que nossa única dor era quando passava Merthiolate nos machucados… Felizes, em comparação com esse mundo de hoje, onde tudo se torna bullying. Nossos pais eram presentes, mesmo trabalhando fora o dia todo. Educação era em casa, até porque, ai da gente se a mãe tivesse que ir à escola por aprontarmos. 
Nada de chegar em casa com algo que não era nosso, desrespeitar alguém mais velho ou se meter em alguma conversa. Xiiii... Era um tapa logo, ou só aquele olhar de “quando chegar em casa conversamos”… Tínhamos que levantar para os mais velhos sentarem, pedíamos a benção. Fico me perguntando: quando foi que tudo mudou e os valores se perderam e se inverteram dessa forma? Se você também é dessa época, copie e cole no seu mural, mude o que for necessário. Copiei e colei, não tive muito o que mudar pois foi exatamente assim que vivi minha infância. Claro que tive um sorriso no rosto, enquanto lia esse texto e relembrei de vários bons momentos... Quanta saudade, quantos valores, que para esta geração não valem nada! Grato por tudo que vivi e aprendi. Fui muito FELIZ e sobrevivi!!! Um tributo a todos que vivenciaram tudo isso nos anos 40/50/60/70/80 do século passado!

Junho 07, 2022

Foureaux

O texto que segue não é de minha autoria, como se vê logo abaixo do título). Já o conhecia. Não me lembro se já o coloquei aqui. Pode ser que sim. Minha abissal preguiça me impediu de procurar nos alfarrábios deste blogue (creio que já há mais de dez anos o seu aparecimento). Deixa pra lá. O que importa é que o danado do texto é divertido, ainda que discutível. Vá lá. Minha chatice anda modorrenta. deve ser o frio...

 

Coisas do Português

(Francicarlos Diniz, jornalista e escritor, pós-graduado em Comunicação pela USP)

 

A palavra “coisa” é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma ideia.

Gramaticalmente, “coisa” pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma “coisificar”. E no Nordeste há “coisar”: Ô, seu “coisinha”, você já “coisou” aquela coisa que eu mandei você “coisar”? Em Olinda, o bloco carnavalesco “Segura a Coisa” tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: Segura a “coisa” com muito cuidado / Que eu chego já.”

Já em Minas Gerais , todas as coisas são chamadas de trem – menos o trem, que lá é chamado de “coisa”. A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: “Minha filha, pega os trens que lá vem a “coisa”!

E, no Rio de Janeiro? Olha que “coisa” mais linda, mais cheia de graça... A garota de Ipanema era coisa de fechar o trânsito! Mas se ela voltar, se ela voltar, que “coisa” linda, que “coisa” louca. Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas.

Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a cachaça. Nunca vi coisa assim! Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, “coisa nenhuma” vira um monte de coisas...

Mas a “coisa” tem história mesmo é na MPB. No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, a coisa estava na letra das duas vencedoras: “Disparada”, de Geraldo Vandré: Prepare seu coração pras “coisas” que eu vou contar...; e A Banda, de Chico Buarque: pra ver a banda passar, cantando “coisas” de amor... Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta. E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: “coisa” linda, “coisa” que eu adoro! Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade afinal, são tantas “coisinhas” miúdas. E esse papo já tá qualquer “coisa”. Já qualquer “coisa” doida dentro mexe... Essa coisa doida é um trecho da música “Qualquer Coisa”, de Caetano, que também canta: alguma “coisa” está fora da ordem! e o famoso hino a São Paulo: “alguma coisa acontece no meu coração”!

Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, afinal, uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal e coisa, e coisa e tal. Um cara cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. Já um cara cheio das coisas, vive dando risada. Gente fina é outra coisa! Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma. A coisa pública não funciona no Brasil. Político, quando está na oposição, é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando elege seu candidato de confiança, o eleitor pensa: Agora a “coisa” vai... Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

Se as pessoas foram feitas para serem amadas, e as coisas, para serem usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, felicidade e outras “cositas” mais.

Mas, deixemos de “coisa”, cuidemos da vida, senão chega a morte, ou “coisa” parecida... Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento:

“AMARÁS A DEUS SOBRE TODAS AS “COISAS”.

Entendeu o espírito da coisa?

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