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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

Maio 27, 2022

Foureaux

Uma amiga muito querida, irmã de outra amiga tão querida quanto, vive nos Estados Unidos e, de quando em vez, manda umas mensagens mais que interessantes e hilárias. Desta feita, mandou-me uma série de conselhos. ambos estamos no clube dos “enta”. Fiz uma tradução livre dos “conselhos” (bem livre, em alguns casos!) e, em seguida, deixo original, para quem quiser criticar minhas habilidades tradutórias. De um jeito ou de outro, o intuito é a diversão, as risadas.

 

Doze conselhos para idosos

Fale consigo mesmo. Há momentos em que você precisa de conselhos de especialistas.

“Na moda”, são as roupas que ainda servem.

Você não precisa de gerenciamento de raiva. Você precisa que as pessoas parem de te irritar.

Suas habilidades pessoais estão muito bem. É a sua tolerância para idiotas que precisa ser trabalhada.

A maior mentira que você diz para si mesmo é: “Não preciso escrever isso. Eu vou me lembrar disso.”

“Na hora” é quando você chega lá.

Mesmo fita adesiva não pode calar um estúpido, mas com certeza abafa o som.

Seria maravilhoso se pudéssemos nos colocar na secadora por dez minutos, depois sairmos sem rugas e três tamanhos menores!

Ultimamente, você tem percebido que as pessoas da sua idade são muito mais velhas do que você.

Envelhecer deveria ter demorado mais.

O envelhecimento acalmou você, mas não o calou.

Você ainda não aprendeu a agir na sua idade e espero que nunca o faça.

... e de quebra:

“Pronto para a caminhada” significa fazer xixi antes de sair de casa.

 

TWELVE COMMANDMENTS FOR SENIORS

#1 - Talk to yourself. There are times you need expert advice.

#2 - “In Style” are the clothes that still fit.

#3 - You don't need anger management. You need people to stop pissing you off.

#4 - Your people skills are just fine. It's your tolerance for idiots that needs work.

#5 - The biggest lie you tell yourself is, “I don't need to write that down. I'll remember it.”

#6 - “On time” is when you get there.

#7 - Even duct tape can't fix stupid, but it sure does muffle the sound.

#8 - It would be wonderful if we could put ourselves in the dryer for ten minutes, then come out wrinkle-free and three sizes smaller?

#9 - Lately, you've noticed people your age are so much older than you.

#10 - Growing old should have taken longer.

#11 - Aging has slowed you down, but it hasn't shut you up.

#12 - You still haven't learned to act your age and hope you never will.

        . . . And one more:

        “One for the road” means peeing before you leave the house.

Maio 24, 2022

Foureaux

Otacílio Piffio é o nome do livro que tenho tentado escrever. Já tenho dois capítulos que considero “armados”, um outro que há de se colocar em algum do livro “a ser”. Tentei experimentar, com este livro, uma brincadeira que, parece, não deu certo. Publiquei os dois capítulos, um de cada vez. Propus a quem os lesse que tentassem escrever alguma coisa como uma espécie de interferência na história que os ditos capítulos suscitassem na imaginação de quem os lia. Apenas duas pessoas responderam ativamente à proposta. Disso poderia concluir que tenho apenas dois leitores. O que não corresponde à verdade. Sei disso, por conta de alguns comentários e das “sinalizações” que o “sistema” me envia quando alguém “arte” o que escrevi e publiquei no blogue. Sim, com “e” no final. Escrevo em Língua Portuguesa e me dou o direito de aportuguesar o termo originário da língua do tipo Sam de que gosto muito pouco. É isso. Ainda sem saber para que e por que escrevo - mesmo que especulações, inclusive minhas, mão faltem - escrevi mais esse projeto de capítulo, como acima mencionado. A ver onde é que isso vai dar...

Assim, simples. Não seria uma história. Não de fato. Poderia ser, mas não sei. Não estou seguro se faria sentido se fosse mesmo uma história. O homem andaria muito, observando o sol, o vento, o céu. Sentiria o vento e a textura da terra em que pisa. Tudo com muita calma e prazer. Sim, prazer. Não seria possível imaginar esse homem sem prazer. Em todos os sentidos. Espero que isso venha a ficar claro. Pois então. O homem anda, por dias a fio, encontra lugares de que gosta. O ângulo da luminosidade. Os acidentes geográficos que pode identificar dali. Se for do alto de uma falésia, o mar seria outro ponto de interesse. Não importa. O que vale mesmo é saber que, inicialmente, ele anda, muto. E para sem cálculo, sem previsão. Para quando sente que deve parar e quando sente que o lugar em que está é suficiente para fazer o que ele tem que fazer. Sim. Ele faz porque tem que fazer. Claro que ele gosta, mas tem que fazer. O senso de obrigação é atávico e ele não sabe explicar por quê. As pessoas perguntam coisas a respeito. Perguntas soltas, às vezes desarticuladas. Ele sabe que todos querem saber o que ele também quer, e não sabe. Ainda. Acredita que com o resultado do que faz seja possível encontrar uma resposta. Ou não. Será que importa mesmo encontrar a resposta? Ele se pergunta, sempre, mas continua. Então... ele caminha. Senta-se e começa os eu trabalho. Aproveita as tonalidades que a luz do sol ou sua ausência oferece, à sua vista, à sua sensibilidade. Se alguém perguntar como é que sabe que está na hora e fazer o que gosta de fazer, ele, sem dúvida, responderá que é incapaz de dizer. Só sabe que percebe que a hora é aquela. Pronto. Ele começa a fazer. Na escrita que desenvolver, se lembra de muita coisa que aconteceu ali, onde morou e onde, por força das circunstâncias, veio a estabelecer o que costumam chamar por aí de império. Ele não acreditava nisso. Seu amigo mais chegado, Otacílio, costumava dizer que um império não é mais que um monte de papéis que vão envelhecendo e que, como acúmulo de pó, acabam por se transformar em castelos. Ruínas, na verdade, seria mais preciso., mas o homem não acreditava em seu amigo. O homem apenas sabia que houve um tempo em que se prendia em escolas destinadas ao ensino da Filosofia. Todos que não eram como ele, os tais “aristocratas” discutiam e aprendiam com seus mestres. Era engraçado pensar na existência de uma Academia, como a de Platão; ou o Liceu, como o de Aristóteles e os Jardins de Epicuro que podem ser consideradas antecipações históricas das futuras instituições de educação superior, as universidades. Isto era apenas História. Sim, História, com “h” maiúsculo... É que o homem era muito chato. Assim não fosse, não teria sobrevivido a tudo o que se passou. Até o momento em que o testamento foi descoberto, o tormento foi grande. Com a leitura do documento de Otacílio, ninguém mais teve coragem de duvidar do que quer que seja. Tudo estava muito claro. Isso era o mais importante para o homem. Em suas andanças pela Praça 13 de maio, sempre se lembrava dos dias ensolarados em Itaara, a beira do lago Sangu. Nome estranho. Como caeté. Mata frondosa. Para além de identificar uma tribo indígena em território brasileiro, mais precisamente entre a ilha de Itamaracá, em Pernambuco até as margens do rio São Francisco, caeté também identifica. uma das duas seções da mata amazônica, a mata verdadeira das planícies, só inundada nas grandes enchentes. Dizem que pode se escrever/falar caaetê – que, até prova em contrário, é a forma “original” da palavra. Otacílio acreditava que a origem está no tupi kaá eté. O homem não sabia o significado disso na língua indígena. Um fato notório é que foi essa tribo, a dos caetés, que devorou o famoso bispo Sardinha. No século XVI, Mem de Sá determinou que fossem todos escravizados. Triste fim... E o nome dele não era Policarpo. Mata densa, mata virgem. Tudo no mesmo nome. E o homem se deliciava com essas curiosidades de sua própria língua. Gostava de conversar sobre isso com Otacílio. Os outros não se importavam. Agora, sozinho, mais que sozinho, falava consigo mesmo. Para não enlouquecer, escrevia. Dialogava com seus escritos, como se Otacílio estivesse ali. O homem era velho. Inteligente e velho, o homem. Continuava acreditando em tudo que viu e ouviu.

Maio 11, 2022

Foureaux

A maré de preguiça e falta de graça, somada à de vontade, tem feito buracos enormes em minhas publicações. Não me importo. Leio tanta bobagem. Escuto tanta asneira. Vejo tanta coisa horrorosa e sem graça que nem sei. Agorinha, repassando algumas coisas no facebook – coisa de ente à toa – deparei-me com uma publicação de um amigo querido, o Joel, lá do Pará (ainda volto a Belém!). Há uma imagem na postagem dele que não vai aqui reproduzida. O inusitado da informação despertou um lampejo de ânimo para fazer esta publicação...

Por que na Ásia o nome de vários países termina em “-istão”? Porque nas línguas mais faladas nessa região do mundo, como o hindi, o persa e o quirguiz, “-istão” quer dizer “lugar de morada” de um determinado povo ou etnia. De acordo com esse princípio, Cazaquistão, por exemplo, significa “território dos cazaques”; Quirguistão, “território dos quirguizes”; Afeganistão, “território dos afegãos” e assim por diante. É algo equivalente a adicionar os sufixos “-lândia” (que vem de land, “terra”, nas línguas germânicas) ou “-polis” (“cidade”, em grego) ao final de nomes. Petrópolis é a cidade de Pedro, Teresópolis, a de Teresa. Suazilândia é a terra dos suázis – mas, recentemente, o país mudou de nome para Essuatíni que significa justamente “terra dos suázis” na língua local. “A forma “-stão” deriva de uma antiga raiz linguística indo-europeia. Esse sufixo carregava a ideia de ‘parar’ ou ‘permanecer’ e deu origem, por exemplo, aos verbos stare, em latim, e stand, em inglês”, diz o linguista Mário Ferreira, da Universidade de São Paulo (USP). Do stare latino, inclusive, vem o verbo “estar” em português. Ou seja: pensando na raiz etimológica da coisa, você pode traduzir os nomes desses países, ao pé da letra, como “onde estão os afegãos”, “onde estão os cazaques” e assim por diante. A única exceção a essa regra é o caso do Paquistão batizado cerca de 20 anos antes de o território do país ser constituído, em 1947. “Rahmat Ali, o idealizador da independência paquistanesa, juntou ao termo “-istão” o vocábulo “paki”, surgido a partir de uma combinação das iniciais das áreas reivindicadas pela futura nação. O “p” representava a província do Punjab, enquanto o “k” equivalia à região da Caxemira, no noroeste da Índia, afirma Mário.

Note que os nomes de países islâmicos localizados no Oriente Médio e no norte da África não carregam o sufixo “istão”. Ali, a língua predominante é o árabe, que não possui raízes indo-europeias – ele pertence a outro tronco, o semítico, compartilhado com o hebraico e o aramaico.

Fonte: @revistasuper

Quer uma dica de livro? Entra aqui ó:

https://youtu.be/cAYg-sFTFU0

 

Maio 05, 2022

Foureaux

Cheguei ao fim da terceira leitura de Guerra e paz, de Tolstói. Que livro chato. E quem me lê não vai sequer vislumbrar a mais pálida ideia do prazer que sinto quando digo isso: que livro chato. Como não tenho que pedir benção a ninguém (aposentei-me como titular de Literatura Portuguesa e Comparada, portanto, no topo da carreira), não tenho nenhum pudor em dizer e repetir: que livro chato! O mesmo eu já tinha dito, alhures, sobre outro romance: À la recherche du temps perdu. Outra chatice. Imensa. Abissal, ainda assim, chatice. Com isso, não quero dizer que Tolstói e Proust sejam maus escritores ou que seus livros não prestam. Por óbvio que não! Aí sim, eu seria estúpido e desinformado. No entanto, reconhecer o lugar ocupado de um escritor numa série literária, não me obriga a gostar dele. Além disso, não me obriga também a subscrever o que dele se diz por aí, há anos... Longe disso. Quando dava aulas, sobretudo quando falei de Os lusíadas e Grande sertão: veredas, costumava dizer a mesma coisa. Costumava observar que o poema de Camões chegava a ser enfadonho por conta de sua constância. Tal sensação, no entanto, era dissipada pelo prazer de perceber a beleza das imagens, a elegância do desenrolar dos episódios e o maravilhamento da construção ficcional; desenvolvida pelo poeta. Obra de gênio. No entanto chata de ler, repito, por conta da estrutura. Há que ressaltar que variabilidade de estrutura nunca foi critério de valoração para obra de ficção – seja em prosa, seja em verso. Tolstói é um escritor mais que importante, mais que necessário. Gosto de Anna Karênina que li, também pela terceira vez. Termino a terceira leitura de Guerra e Paz para tentar, pela última vez – devo confessar – não me deixar vencer pela chatice do livro. Sucumbi à chorumela do francês. Mas o russo não. Em que pese a minha chatice de se ver na leitura do citado romance a acabar, devo reconhecer que certas passagens me fascinam: todos os embates entre Anna e o marido, a cena da corrida de cavalos, a cena inicial da morte na estação de trem – que, em certa medida, é revivida pela protagonista em seu suicídio. Os diálogos e a descrições são absolutamente impecáveis. Não há como negá-lo. No entanto, o resto, sobretudo as intermináveis, enfadonhas detalhadíssimas e, para mim, completamente insossas descrições de pormenores da guerra envolvendo Rússia e França chegam a perder completamente o sentido para mim, na leitura que faço do romance. No entanto, é admirável o conjunto dos ótimos capítulos do epílogo do romance. Para quem gosta se interessa pelas relações entre Literatura e História, para aqueles que se comprazem com os estudos acerca do romance histórico, estes capítulos finais são praticamente um tratado. Não sei dizer qual teria sido a intenção de Tolstói ao fazer o que fez. Penso, de qualquer maneira, que isso, de fato, não interessa! Basta reconhecer o que reconheci, ler o romance e pronto. Agora, não venham me obrigar a gostar dele. Não gosto!

 

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