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As delícias do ócio criativo

As delícias do ócio criativo

03.05.25

"Opiniães"...

Foureaux

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Não sabia quem é Marcelo Duarte Lins. Procurei na internete e encontrei (entre outros) o seguinte parágrafo: “Caso Varig – A história da maior tragédia da aviação brasileira (Editora Jaguatirica, 408 páginas), do comandante Marcelo Duarte Lins, 59 anos, carioca, bacharel em Ciências Aeronáuticas pela Academia da Força Aérea Brasileira no curso de Oficiais Aviadores em 1979, retrata o Caso Varig, processo judicial que se arrasta nos corredores do Judiciário e, ao mesmo tempo, segue arrastando as vidas de ex-funcionários, demitidos e aposentados que tiveram seus ideais aprisionados, seu futuro sem um voo certo e cujas vozes ainda ecoam em um vazio de respostas.” O texto completo de onde separei o parágrafo acima encontra-se no seguinte endereço: Caso VARIG - A maior tragédia da aviação brasileira - DefesaNet. O livro dele não me interessa aqui. De fato, o que me fez partilhar esta postagem foi o texto que ele escreveu e que recebi de um amigo do Sul, o Celso Celidonio. Concordo, em gênero, número e grau com o que O Marcelo diz em seu texto. Assino embaixo. Leia o texto e tire suas conclusões. Antes que me xinguem, execrem e/ou mesmo cancelem, gostaria de dizer que eu sei que o “espírito” que move a ABL é o de acolher “notáveis”. Mas isso fica para uma outra hora. Segue o texto que me interessa partilhar.

“TROCARAM UM MACHADO POR UMA MARRETA

Marcelo Duarte Lins

A Academia Brasileira de Letras — aquela casa centenária que, em tese, celebra a língua e cultiva a literatura — acaba de confirmar: virou puxadinho do PROJAC. Miriam Leitão, a jornalista sempre pronta a indignar-se em horário nobre, agora é “imortal”. Sim, a mesma honraria que um dia pertenceu a Machado de Assis, Rui Barbosa, Olavo Bilac e Graça Aranha foi concedida a uma senhora cujo maior feito literário talvez tenha sido transformar editoriais em sermões.

Nada contra dona Miriam — ou melhor, tudo contra o que ela simboliza nesta fase terminal do teatrinho literário nacional. A ABL, que em outros tempos discutia gramática com vinho, hoje debate narrativas com militância. Não qualquer militância, mas aquela de esquerda vintage, que sonha com um socialismo gourmet à base de prosecco e hashtags.

E com todo o respeito que o sarcasmo permite: qual é mesmo a grande obra literária de Miriam Leitão? Qual romance memorável? Que coletânea de contos inovou? Qual revolução estética ela trouxe à língua portuguesa? Não vale boletim partidário disfarçado de editorial de jornal ou crônica. Estamos falando de literatura — lembram?

Os imortais do passado, esses sim, devem estar se revirando em suas tumbas. Uns em latim, outros em francês. Olavo Bilac, provavelmente, à procura de uma rima para “vergonha”. Rui Barbosa, redigindo um habeas corpus contra o que chamaria de atentado semântico. E Machado? Talvez apenas soltasse um suspiro irônico e escrevesse uma crônica melhor que esta.

E pensar que a Academia foi fundada com tanto zelo, por gente do calibre de Lúcio de Mendonça, Joaquim Nabuco, Artur Azevedo… Hoje, basta ser comentarista da hora certa e do governo certo. Daqui a pouco, teremos influencer literário ocupando cadeira. A vaga no TikTok Acadêmico já está sendo providenciada.

A coisa desandou faz tempo. Quando Sarney recebeu seu fardão, já ficou claro que a cadeira — antes trono da língua — viraria poltrona para veteranos da política. Com Miriam, virou assento fixo de redação, com vista privilegiada para Brasília.

O fardão? Virou fantasia de festa temática: “Vá de imortal, sem precisar escrever nada.” O critério? Visibilidade midiática, afinidade com o grupo dominante e o dom de comentar tudo — exceto literatura. Isso, hoje, é quase um impeditivo.

A defesa de sua escolha vem em tom emocionado: “Mas ela tem livros infantis, memórias, economia…” Sim, livros. Mas estamos falando de literatura. Aquela arte que exige alma, linguagem e invenção. Sejamos justos: há mais lirismo em uma lista de compras de Drummond do que em três coletâneas da nova imortal.

O Brasil, mestre das reinvenções tortas, conseguiu transformar a Academia em órgão homologador de relevância político-midiática. Se amanhã convocarem Zé de Abreu ou Felipe Neto para a próxima cadeira, ninguém se espante. A fila anda. E a gramática corre.

Machado de Assis, esse sim imortal, talvez dissesse apenas: “Aos vencedores, as batatas.” No caso, batatas empanadas — servidas no coquetel da próxima posse.

A ABL não morreu. Apenas se adaptou ao seu tempo. Trocaram o Machado por uma marreta — e com ela, demoliram o que restava de seriedade.

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23.04.25

Coincidências (?)

Foureaux

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Dizem por aí que, numa alcateia, os primeiros dois ou três lobos, são os mais velhos. Vão À frente pela sabedoria e “conhecimento” acumulado com os anos. São Guias certos, seguros e equilibrados. Em seguida, uns cinco lobos mais novos e fortes. Seguem, aqueles mais novos que vêm acompanhados por cinco outros, do grupo dos mais fortes. Por fim, vem o que se logrou denominar o “machio alfa”, o líder. Sim, ele vem no fim, para não deixar nenhum dos lobos para três e saber que todos seguem, seguros e determinados, à sua frente. Esta é a lógica da alcateia e parece ser a mesma lógica que domina o desempenho do camarlengo no filme Conclave, um filme britânico-estadounidense de suspense e mistério de 2024, dirigido por Edward Berger e escrito por Peter Straughan, baseado no romance de 2016, de Robert Harris. O filme é estrelado por Ralph Fiennes, Stanley Tucci, John Lithgow, Sergio Castellitto e Isabella Rossellini. Bem, “suspense e mistério” é por conta de quem escreveu as últimas linhas (copiei da “rede”). No entanto, é preciso que se diga, que, em certa medida a lógica da alcateia, no que diz respeito ao papel do líder, pode ser percebida no desempenho do camerlengo, como já disse. Porém, o desenvolvimento da narrativa fílmica acaba por abandonar a abordagem nesta perspectiva para anunciar uma outra que vai culminar numa revelação estupefaciente. Tive a mesma reação que no filme de Almodóvar, A pele que habito. Neste caso, a certa altura, uma pequena e rápida cena, constituída, se não me falha a memória, por um “sim”, faz perceber o que realmente se passa e que ficou encoberto por nuvens e nuances de pensamento que faziam perder o sentido do discurso imagético. No caso de Conclave, tive a mesma reação. Bem no finalzinho do filme. Quem viu, vai saber do que estou falando. Quam não viu, vai ter que ver para descobrir... De um ou de outro modo, resta a certeza da “oportunidade” do filme – quando vi, evidentemente, porque não posso super que o diretor tenha o dom da profecia... – ao vê-lo um dia depois do passamento de Francisco, papa polêmico, que dividiu opiniões e que não foi objeto de consenso, em nenhum momento de eu pontificado. Não sei, ao certo, que atitude tomar diante desta personalidade. Costumo dizer que, mesmo depois de sua morte, sinto-me dividido em relação a ela. Eu não me esqueço, jamais, de que minha opinião pouco importa, ou, como se diz no “popular”: quem sou eu na fila do pão... De tudo, fica a impressão, respaldada em dúvida abissal, de que o conclave, como processo, é mesmo uma guerra, como diz uma personagem do filme homônimo, impecavelmente vivida por Stanley Tucci. Eu ousaria dizer que uma guerra de egos, fogueira das vaidades, para blaguear título de livro e filme de outros tempos. Fica, então, a dica: vejam o filme. Está no Amazon Prime Vídeo. Ad sumus...

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03.04.25

Dualidades

Foureaux

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Acabo de ler, numa postagem de um blogue português em que estou inscrito, a seguinte “chamada”: Como começar a ler Murakami. Por alguns segundos fiquei na dúvida: caio na gargalhada ou irrito-me. Escolha nada difícil... Por um lado, pode parecer petulância, por outro, estupidez. Entre os dois, meu coração balança. Como é que se chegou a pensar na possibilidade (esdrúxula) de se arvorar na empáfia de saber como iniciar a leitura de um livro. Pra fim de conversa (que mal começou!) eu mesmo respondo: abrindo o livro e lendo! Punto i basta. Esse desvio de rota me traz a dois poemas que aí seguem:

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte

************************************************************************************

Se eu conversasse com Deus
Iria lhe perguntar:
Por que é que sofremos tanto
Quando viemos pra cá?
Que dívida é essa
Que a gente tem que morrer pra pagar?
Perguntaria também
Como é que ele é feito
Que não dorme, que não come
E assim vive satisfeito.
Por que foi que ele não fez
A gente do mesmo jeito?
Por que existem uns felizes
E outros que sofrem tanto?
Nascemos do mesmo jeito,
Moramos no mesmo canto.
Quem foi temperar o choro
E acabou salgando o pranto?

O primeiro é do Ferreira Gullar, o segundo, de Leandro Gomes de Barros. Ambos, a meu ver tocam num mesmo ponto: a existência, o saber-se “ser”: questionamento sobre a própria humanidade, ainda que em diapasões harmonicamente diferenciados. Dá o que pensar e, de certa forma, os dois poemas ilustram a “chamada” anunciada no início desta minha postagem. Ambos são lindos. Agora é ler e se deleitar... O poeta maranhense comentou, em entrevista dada, que num dia qualquer, caminhando pela rua, foi parado por algumas pessoas que perguntaram se ele era quem ele era. Na entrevista, o poeta se disse perplexo a se questionar sobre quem ele era exatamente. Disse que atravessava um momento difícil, complicado e estressante, no dia em que foi abordado. Isso o fez pensar se ele era o poeta desejado por quem o abordou ou se ele era ele mesmo, um indivíduo cartorial como outro qualquer... Na dualidade da existência de um só sujeito, a voz poética conclama o leitor para a mesma reflexão. Ou estarei enganado? Já no caso do paraibano, também numa entrevista, ele é perguntado sobre se acredita em Deus. Respondendo afirmativamente que sim, cita o poema que aqui trago. Bela maneira de professar a fé e de apresentar uma questão profunda, abissal, cuja resposta leva toda uma vida para ser elaborada e não é encontrada. Espero que quem chegar a ler esta postagem chegue também a gostar dela.

Suassuna.jfif

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01.04.25

Comparações...

Foureaux

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No quarto e último capítulo do conto “Civilização”, o narrador criado por Eça de Queiroz diz o seguinte:

“O pobre Jacinto, esbarrondado pelo desastre, sem resistência contra aquele brusco desaparecimento de toda a civilização, caíra pesadamente sobre o poial de uma janela, e dali olhava os montes. E eu, a quem aqueles ares serranos e o cantar da pegureira sabiam bem, terminei por descer à cozinha, conduzido pelo cocheiro, através de escadas e becos, onde a escuridão vinha menos do crepúsculo do que de densas teias de aranha. (...)

Voltando acima, com estas consolantes notícias de ceia e cama, encontrei ainda o meu Jacinto no poial da janela, embebendo-se todo da doce paz crepuscular, que lenta e caladamente se estabelecia sobre vale e monte. No alto já tremeluzia uma estrela, a Vésper diamantina, que é tudo o que neste céu cristão resta do esplendor corporal de Vénus! Jacinto nunca considerara bem aquela estrela — nem assistira a este majestoso e doce adormecer das coisas. Esse enegrecimento de montes e arvoredos, casais claros fundindo-se na sombra, um toque dormente de sino que vinha pelas quebradas, o cochichar das águas entre as relvas baixas — eram para ele como iniciações. Eu estava em frente, no outro poial. E senti-o suspirar como um homem que enfim descansa. Assim nos encontrou nesta contemplação o Zé Brás com o doce aviso de que estava na mesa a ceiazinha. (...).”

Trata-se do início do processo de “mudança” pelo qual vai passar a personagem Jacinto. Fato é que em livro posterior, A cidade e as serras, o mesmo Eça vai retomar esta história sem conseguir findá-la. O que me interessa aqui, entretanto, é a “mudança” que se anuncia no trecho destacado. Lembrei-me dela ao ler outro texto escrito pela juíza substituta da 6ª Vara Criminal de Londrina-PR, Isabele Papafanurakis Ferreira Noronha (Até onde eu sei, ela não defendeu tese de doutoramento, logo, não é “Dra.”!), escreveu um texto que merece ser compartilhado:

“Que sua rejeição por ele não seja maior que sua rejeição pela corrupção. Que sua rejeição por ele não seja maior que sua rejeição de ver o país governado de dentro da prisão pelos comandos de um candidato condenado em duplo grau de jurisdição, assim como ocorre com os líderes das facções criminosas já tão conhecidas. Que a sua rejeição por ele não seja maior que os ensinamentos que você recebeu de seus pais sobre não subtrair aquilo que é dos outros. Que sua rejeição por ele não seja maior que os princípios de educação, moral e cívica que você aprendeu quando criança nos bancos das escolas, na época em que escola ensinava o que, realmente, era papel da escola. Que sua rejeição por ele não seja maior do que sua indignação com a inversão de valores existentes em nossa sociedade atual. Que sua rejeição por ele não seja maior do que seu medo de viver o que já está vivendo a população dos países “amigos deles”, tais como, Venezuela, Bolívia e Cuba. Que sua rejeição por ele não seja maior que sua indignação com cada escândalo de corrupção e desonestidade revelados na lava a jato. Que sua rejeição por ele não seja maior do que seu pânico de viver numa sociedade tão insegura, onde pais de família são mortos diariamente e audiências de custódias são criadas para soltar aqueles que deveriam pagar por seus crimes. Que sua rejeição por ele não o leve ao grave erro de demonizar a polícia e santificar bandido. Que sua rejeição por ele não seja maior que sua defesa pelo fortalecimento da família, como estrutura básica da sociedade. Que sua rejeição por ele não seja maior do que sua repulsa pelo mal que as drogas têm causado em nossas famílias. Que sua rejeição por ele não seja maior que sua esperança de ter um país melhor para viver. Que sua rejeição por ele não tire sua capacidade crítica de apurar tudo que é tendencioso na mídia. Enfim, que sua rejeição por ele não o deixe cego a ponto de não enxergar que, neste momento, o Brasil está numa UTI e seu voto deve ser ÚTIL para salvá-lo. Não brinque com isso, não se iluda com a maquiagem dos discursos bonitos.”

Alguma sinapse provocou meu desejo de partilhar estes dois textos. Outra consequência, talvez, da mesma sinapse foi a vontade de deixar, para quem quer que leia estes textos, o espaço livro para as próprias associações. Opto tibi bonam lectionem!

27.03.25

Triste cotidiano

Foureaux

A mulher tenta fazer crescer sua renda dando aulas de reforço em sua própria residência. Ela já trabalha em duas escolas e faz isso por conta da condição salarial que dispensa comentários... Acabou de receber mais um estudante. No correr da semana, o garoto não fez a lição proposta pela professora na escola em que estuda. A professora de reforço diz que ele tem que fazer a lição. O menino se nega. Ela insiste. O menino dá um tapa na cara da professora. Ela o coloca de castigo e telefona para os pais do garoto. A mãe vai à casa da professora e tira de lá seu filho, sem conversar com a professora. Na semana seguinte, o menino volta para o reforço. A professora pergunta o que a mãe disse a ele sobre o que acontecera. Ele disse que a mãe não disse nada. A professora liga de novo para os pais e recebe a visita deles acompanhados por uma tia do guri. A professora é agredida e o menino, segundo sua mãe, “resgatado”. Com alguma possível discrepância (estou reproduzindo a história sem consulta a fontes, nem rascunho, apenas de memória) foi isso o que aconteceu. E eu me pergunto: o que dizer disso? Partilhei no facebook um vídeo com essa notícia (tentei encontrá-lo para colocar aqui, mas já não existe... vai-se saber o porquê). Desafiei as pessoas da lista na qual partilhei o vídeo com a seguinte provocação: “quero ver quem vai dar razão aos pais”. Nenhuma, absolutamente nenhuma reação ou resposta. Isso me fez pensar que alguma coisa está errada. Não vou levar esta discussão adiante aqui. No entanto, isso também me fez pensar no fato de que estou ficando velho e menos permeável a certas idiossincrasias (para ser elegante e educado). Estou ficando velho e mais chato. Coincidência (elas existem mesmo?) ou não, deparei-me com um texto atribuído à atriz norte-americana Meryl Streep (também não fui atrás das famigeradas fontes. Pode ser que não haja possibilidade de aproximação entre os dois relatos que fiz. Pode ser. Tudo pode ser. Foro íntimo, penso que estão, de alguma maneira, em alguma medida, intrinsecamente relacionados. O livre arbítrio ainda existe e, ao que parece, não está taxado nem pode ser usado como peça de incriminação... Reproduzo o dito cujo e fico por aqui:

“Envelhecer não é para os fracos. Um dia você acorda e percebe que a juventude ficou para trás, mas com ela também se vão as inseguranças, a pressa, a necessidade de agradar. Você aprende a andar mais devagar, mas com mais certeza. Despedir-te sem medo, dar valor a quem fica. Envelhecer é soltar, é aceitar, é descobrir que a beleza nunca esteve na pele, mas na história que carregamos dentro de nós.”

23.03.25

Domingo

Foureaux

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Em tempos sisudos como 0s de agora, aqui no “bananil”, infelizmente, há de se cultivar o bom humor; pelo menos, tentar cultivá-lo é mais que necessário, é urgente. As pessoas, em geral, estão muito chatas. Querem tudo preto no branco (ops...). se não é assim, é assado. só se pode fazer isso ou aquilo. Apenas duas opções. Que chatice! Meu irmão segue o pastor Cláudio Duarte. Repassou-me um vídeo em que ele recita um “poema” de cor, s em titubear, sem gaguejar, de memória (que inveja!). É mais que interessante e resolvi, neste domingo de preguiça (mais?!), dia mais bobo da semana, resolvi compartilhar... Não s ou crente, mas creio. Punto i basta!

“O Homem, a Mulher e o casamento (em prosa.)

Existem certas pessoas, carentes de entendimento. Que acham que não foi Deus, que criou o casamento.
A princípio lhes parece, não ser bem conveniente. Unir dois seres avessos
de fato, bem diferentes.
Mas nós que somos cristãos, e temos boa memória, sabemos muito bem, como surgiu essa história.
ADÃO andava ocupado, trabalhando com capricho. Se esforçando o dia inteiro, pensando nome de bicho.
Era Tigre, Porco, Tatu, Macaco, Alce, Leão.
ADÃO estava inspirado, e foi mesmo abençoado com tanta imaginação.
Também tinha reparado que todo animal macho, tinha uma fêmea do lado.
E DEUS por demais atento, sondando-lhe o coração, decidiu que era preciso dar um fim na solidão.
E disse:
- ADÃO ... filho querido, não quero te ver tão só. Far-lhe-ei por companheira, uma joia de primeira, da costela e não do pó.
E pondo DEUS em ação, aquilo que pretendia. Nocauteou nosso ADÃO, dando início a cirurgia.
E DEUS cortou-lhe o osso, pondo carne no lugar, e assim  fez a princesa e esperou ele acordar.
Quando o varão despertou, daquele sono pesado, o corte da cirurgia, já tinha cicatrizado.
E DEUS trouxe a varoa, e entregou a ADÃO, e ouviu um brado de glória, e a seguinte exclamação:
- Ela é a carne da minha carne, ela é osso do meu osso, e ADÃO foi pra “Galera”, e fez aquele alvoroço .
E a partir daquele dia, o homem bem mais ocupado, deixou pra traz muito bicho, sem nome catalogado.
E até hoje rola um papo, machista e bem corriqueiro:
- Que o homem é mais importante, porque foi feito primeiro.
Algumas mulheres se irritam e afirmam de arma em punho:
 - Que a vinda da Obra-Prima vem sempre após o Rascunho.
Mas há homens que falam e mesmo quem acredite.
Que DEUS fez ADÃO primeiro, pra EVA não dar palpite.
Mas isso é irrelevante, pro sucesso da vida à dois...
Pra ser feliz não importa...quem veio antes ou depois.
Porque Deus fez tudo perfeito e discorde quem quiser, mas o melhor da Mulher é o Homem... E o melhor do Homem é a Mulher !
AMÉM!”

Davi Moraes (?)

PS: A interrogação é por conta da dúvida acerca da autoria...

22.03.25

Cinema

Foureaux
 
Um homem importante é assassinado. Cinco rapazes são o repontáveis. Com firmeza, três deles são capturados e presos. Junto deles, uma senhora, a dona da pensão onde o grupo se encontrava a convite de seu próprio filho, que desaparece, até ser encontrado pelo advogado de defesa da mãe. Aos poucos vai-se tomando ciência de que se trata de um plano pensado e organizado e executado sem a inteira consciência da dona da pensão e de sua filha. Ela sabia do que se tratava, mas não participa do plot. Tempo passa e um inquérito militar e instaurado com a finalidade precípua de incriminar os quatro presos, inclusive a dona pensão, que não participou efetivamente de nada. Advogados tentam um júri, mas os militares negam. O “julgamento” transcorre como soe acontecer nesse caso: tendenciosamente. Não vou dizer como termina essa “historinha”, só digo que fiquei horrorizado, enojado, envergonhado, triste e mais descrente, sobretudo com a “natureza humana”. À veze, penso que não somos dignos de ser o que/como somos... Estou a falar de um filme, quase obviamente: The conpirator, 2010, sob a direção de Robert Redford. Em Português, encontrei duas versões: Conspiração americana e Os conspiradores. A escolha é livre...Um filme forte, impactante e sério. Faz pensar obre caráter, intenção, ideologia e interesse. O assassinato de Abraham Lincoln é o núcleo do plot da película. Vale muito a pena. Intensificou o que venho pensando sobre a atualidade em que “vivemos”. A personagem, a trama, o interesse e, sobretudo, a falta de qualquer senso de realidade, de vergonha e de moral, em boa parte dos casos. Uma tristeza profunda se junta à já famigerada síndrome de Macunaíma que me assola. Já, a esta altura, que me constitui. Que o fim de semana de quem me lê seja tranquilo, divertido e... o que mais for de interesse de cada um. Evoé!
21.03.25

Publicação

Foureaux
 
No dia 27 de março próximo passado (adoro essa expressão), defendi minha tese de doutoramento em Letras – Literatura Comparada, no Programa Pós-Graduação em Letras - Estudos Literários, da UFMG. Trinta anos se passaram. Três das professoras que compuseram o júri, que eu saiba, já faleceram: Eneida Maria de Souza, Vera Lúcia Andrade (des)orientadora e Maria Luíza Ramos. As três da mesma universidade que me outorgou o título. As duas outras arguidoras eram de outras universidades: Lúcia Helena Vilela (não tenho certeza de ser este mesmo seu nome), da UFF e Margarida de Aguiar Patriota, da UnB. Esta tinha sido minha orientadora de Mestrado, mas não pode presidir o júri da defesa, então (1988), por conta de um acidente doméstico que acometeu seu, então, marido. Fiz questão de sua presença no júri do doutoramento. Para minha alegria e gratificação, estas duas professoras fizeram uma arguição em regra, com debate primoroso, provocações e questionamento que tomaram duas das seis horas e meia de duração de todo o processo. Quanto às outras duas arguidoras, reservo-me o direito de não dizer nada. A história desse doutoramento é um tanto dolorosa, mas gratificante, na medida em que isso seja possível. Assim endo, hoje, coroa-se um ciclo que levou trinta ano: a publicação de um extenso ensaio escrito a partir do texto da tese. Não levei trinta ano para escrevê-lo, mas na conclusão destes mesmo trinta anos alegro-me com a publicação do livro. Parece que a editora (CRV) de Curitiba, disponibiliza o e-book para venda na Amazon. Não é mais o texto da tese, por óbvio. Trata-se de um extenso ensaio que se debruça sobre quatorze romances lidos para consolidação do corpus da tese: A menina mortaFronteira e Dois romances de Nico Horta, de Cornélio Penna; A crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardo; Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres A paixão segundo GH, de Clarice Lispector; As parceirasA asa esquerda do anjoReunião de famíliaO quarto fechado e Exílio, de Lya Luft. A ideia é estabelecer o parâmetro mínimo necessário para a consolidação de um conceito: o de romance intimista, no âmbito de um intervalo da série histórica da Literatura Brasileira, notadamente aquela produzida pelos quatro autores selecionados, que publicaram os respectivos romances entre a década de 30 e a década de 80 do século passado. Gosto muito deste trabalho. Gostei de revisitar a tese e transformá-la num ensaio. Este gênero de escrita, o ensaio, é fonte de prazeres que a escrita de uma tese impede e condena. No âmbito da síndrome de Macunaíma que não tem cura em mim, quis apenas destacar o fato que me dá uita alegria. Tomara que alguém se digne a ler o livro...
10.03.25

Impacto

Foureaux

Acabei de ler o poema que segue. Impactado. Resolvi compartilhar, sem mais palavras.

Quiéreme entera

[Poema - Texto completo.]

Dulce María Loynaz

Si me quieres, quiéreme entera,
no por zonas de luz o sombra…
Si me quieres, quiéreme negra
y blanca. Y gris, y verde, y rubia,
y morena…
Quiéreme día,
quiéreme noche…
¡Y madrugada en la ventana abierta!

Si me quieres, no me recortes:
¡Quiéreme toda… O no me quieras!

27.02.25

Desabafo

Foureaux


A postagem de hoje é um trecho de diário. Tento manter certa regularidade nele, mas a minha preguiça não deixa. Vou levando aos trancos e barrancos. Não sou melhor que ninguém, nem pior. Sou apenas mais um que tenta demarcar um campo impossível de ser delimitado, por isso mesmo, tão atraente e sedutor. Estudei para ser professor depois de tentar umas tantas outras atividades profissionais. Bati cabeça, como dissera minha mãe certa feita. Pensei que, como professor de universidade – sim era pretensioso e, parece, continuo sendo! – ficaria famoso, publicaria livros, seria convidado para conferências e seminários mundo afora. Acorda, Alice! Um pezinho dentro da academia e... voilá... nada disso aconteceu. Por que não “acontece”. O buraco é bem mais embaixo e não vou desfiar lamentos lamúrias. Vou apenas dizer que o glamour não existe. definitivamente, não! Voltando à vaca fria. Sou um sujeito comum e, de uns anos pra cá, tenho sido objeto de instigante reação alheia: a tristeza. Vira e mexe alguém me diz que fica triste aoler ou escutar coisas que eu digo, sobretudo se o tema é a atualidade, mais precisamente, atualidade brasileira, ainda mais precisamente, a atualidade brasileira no que diz respeito ao que vem acontecendo com a nossa “justiça” e à atividade parlamentar (ainda pode existir?). Pois bem. Começou com um rapaz do Paraná, de Londrina, se não me engano. Conheci-o através de terceiros que indicaram meu nome para revisar sua dissertação de mestrado sobre Caio Fernando Abreu, oque fiz prazerosamente. Tempos idos... Ficamos “amigos”, virtualmente, até que o convidei para receber o título de membro correspondente da ALACIB – explicação sobre a sigla fica para outra ocasião –, uma academia da qual faço parte. Tempo vai, tempo vem, no primeiro governo da “anta” que celebrou a mandioca, ele pediu-me para não mais enviar as ironias que eu enviava sobre a dita cuja para não ter que cortar relações comigo. Ele disso que isso o deixaria muito triste. Depois veio a Ana Maria, que conheci através de um amigo muito querido, o José Carlos Barcellos. Foi em antes do rapaz de Londrina, mas, na mesma medida, pediu-me para não mais fazer as postagens que fazia sob pena de merecer a sua tristeza. Daí veio uma ex-aluna que julgava amiga. Convidara-me duas vezes para ir a Pau dos ferros, uma cidadezinha no meio do sertão potiguar. Fui membro de sua banca de doutoramento. Mereci dois jantares em sua casa. Depois disso tudo, veio “com dois quentes e um fervendo” por conta de uma piada que repliquei no “feicibuc” acerca do desempenho do Moro, em priscas eras de investigação séria sobre a famigerada “Lavajato”. Chamou-me de estúpido e ignorante, por tabela, além de uma série de impropérios “típicos”... Fiquei numa tristeza e dar dó. Como se não bastasse, mais ou menos na mesma altura, um amigo de mais de trinta anos chamou-0me de “o Clodovil da academia: feio, burro e mal-informado”. Decepção foi pouco. Ele não disse isso para mim, escreveu na sua página do mesmo “feicibuc”, sem me avisar. Fiquei sabendo por força do alerta de uma amiga comum que me perguntou o que eu faria. Eu disse: nada. Ele não se dirigiu a mim, escreveu em sua própria página e nem sequer pediu minha manifestação. Decepção foi pouco, muito pouco. Em seguida, no comecinho do frenesi de outra “famigeração”: a covid, estava eu em Porto Alegre, quando recebi mensagem esculachando a minha pessoa em tom dorido, sentido,... triste... Era outra ex-aluna. desta feita, dizendo que eu não tinha compaixão, que eu era privilegiado e que ela estava...triste com minha reação. Custei a entender o que havia acontecido. Resumo da ópera: ela mandou-me um áudio dizendo que, a meu pedido, ainda que ela estivesse... triste, estava me cancelando. Mais uma decepção. Por último, mas não menos importante, uma prima que me acusou de negacionista por não levar a sério as patacoadas do “pessoal do poder” no que aconteceu no igualmente famigerado 8 de janeiro... El também se disse triste com meu posicionamento a respeito. Bom. O que pensar disso? Só posso concluir que “ficar triste”, num sentido um tanto “torto” do adjetivo – e troto porque tendenciosamente oblíquo e ideologizado em seu uso – é uma forma de condenar alguém ao esquecimento. Por outro lado, pode também ser uma forma de eximir-se da utilização de “argumentos”  concretos e consistentes para não ficar à beira do abismo, para usar linguagem figurada (Ainda acredito na plausibilidade deste registro e em sua compreensão como forma discursiva). É isso. Um desabafo. Não teve outra intenção estas mal traçadas linhas. Punto i basta!

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